Campanha marca o Dia Mundial da Luta contra a Hanseníase
Possui como agente etiológico o Micobacterium leprae, bacilo que tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos
O diagnóstico feito no início da doença evita outras complicações, como amputação
Tendo ostentado uma posição nada confortável em 2018, quando foi classificado de área de risco hiperendêmico, com registro de 737 casos de hanseníase (lepra), o estado de Rondônia já baixou este índice em 2019 e faz neste domingo (26) ampla campanha, com os 52 municípios, para marcar o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, e avançar na prevenção e combate à doença.
De acordo com a enfermeira Albanete Mendonça, coordenadora de Hanseníase da Agência de Vigilância em Saúde de Rondônia (Agevisa), o esforço do governo do Estado tem foco na prevenção de incapacidades – limitações que podem chegar até a amputações -, geradas pelos efeitos dematoneurológicos provocados pela doença, e neste sentido quer o envolvimento de todos os municípios neste trabalho.
Ela explicou que as atividades da Agevisa para marcar o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase não prevê um grande evento, mas um reforço no trabalho contínuo de informação e orientação juntos aos 52 municípios, de modo a atingir toda a sociedade com a ampliação das atividades de “pit stop” nas áreas de maior concentração de pessoas, com palestras em todas as áreas do Sistema Penitenciário, nas unidades de saúde em todo Estado, assim como nas escolas, onde os municípios devem se encarregar e levar toda orientação aos estudantes, que por sua vez atuarão como multiplicadores junto às suas respectivas famílias.
De acordo com a Agevisa, os números da doença em Rondônia partem de 2107 com o registro de 517 casos, passando por um aumento deste número para 737 casos em 2018 – elevando a condição do Estado como área hiperendêmica da doença -, para chegar em 2019 com 464 casos, números ainda não fechados, mas que revelam uma queda considerável na incidência da hanseníase em Rondônia. “Queremos que os municípios e a sociedade rondoniense se envolvam na luta para prevenir e tratar a doença, que é responsabilidade de todos”, disse Albanete Mendonça.
QUE É HANSENÍASE
Historicamente conhecida como “lepra”, uma doença que também matava (ou mata) pela discriminação, principalmente gerada por sua condição de alta infectividade e mutilação, a hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. Possui como agente etiológico o Micobacterium leprae, bacilo que tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, e atinge principalmente a pele e os nervos periféricos com capacidade de ocasionar lesões neurais, conferindo à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.
De acordo com informações do Ministério da Saúde (MS), a infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população infectada pode efetivamente adoecer.
Considerada uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase elevou a Brasil a uma posição desconfortavelmente de destaque, eis que atualmente ocupa a 2ª posição no mundo, entre os países que registram casos novos, motivo pelo qual é considerada um importante problema de saúde pública no País.
SINTOMAS E SINAS DA HANSENÍASE
Segundo essas mesmas informações do MS e confirmadas pela Agevisa rondoniense, as pessoas devem ficar atentas a uma série de sinas e sintomas que podem caracterizar a hanseníase, e assim realizar o tratamento o mais rápido possível, segundo explicações da enfermeira Albanete Mendonça, visto que na fase inicial a doença pode ser tratada em seis meses, diferentemente da doença com duração maior (diagnosticada tardiamente), que exige um tratamento de 12 meses, em caráter ininterrupto.
Albanete Mendonça fala da doença e da necessidade de se realizar o tratamento completo
Os sinais e sintomas da hanseníase são os seguintes: manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
Também são sinais e sintomas importantes que confirmar um diagnóstico para a doença, o aparecimento de áreas com diminuição dos pelos e de suor, dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés, diminuição sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos, úlceras de pernas e pés, caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos, febre, edemas e dor nas articulações, entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz, e ressecamento nos olhos.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO
De acordo com a literatura especializada, o diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral e dermatoneurólogico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.
Assim, os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea (suspeita de hanseníase neural pura), e aqueles que apresentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem lesão cutânea evidente, devem ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica.
O Ministério da Saúde recomenda que nesses casos, os pacientes sejam levados à unidades de saúde mais preparadas para realização de exames eletrofisiológicos e/ou outros mais complexos, para identificar comprometimento cutâneo ou neural discreto e para diagnóstico diferencial com outras neuropatias periféricas, e por fim realizar o tratamento adequado.
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