Cemetron reduz em 25% número de óbitos na UTI em um ano com visitas multidisciplinares
Segundo a médica Mariana Vasconcelos, após o início das visitas multidisciplinares, a UTI também registrou mais que o dobro de altas do que no ano anterior.
As visitas acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras
Com uma ideia mais humanizada e detalhista sobre o atendimento aos pacientes da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron), a equipe médica coordenada pela infectologista Mariana Vasconcelos, conseguiu diminuir 25% a mortalidade dentro da UTI em um ano.
A queda no número de óbitos é resultado de uma visita multidisciplinar criada em novembro de 2017, com grupo de profissionais composto por assistente social, fisioterapeuta, farmacêutico clínico, nutricionista, equipe de enfermagem e técnico de enfermagem, e equipe médica da UTI, que três vezes por semana avalia os pacientes seguindo um check-list detalhado sobre cada necessidade específica de cada um.
O índice é uma comparação entre o período de dezembro de 2016 a novembro de 2017 (quando não aconteciam as visitas) e dezembro de 2017 a dezembro de 2018 (quando a ideia foi aplicada). Segundo a médica Mariana Vasconcelos, após o início das visitas multidisciplinares, a UTI também registrou mais que o dobro de altas do que no ano anterior.
O gráfico mostra a diferença no índice de óbitos
“Para chegar a essa conclusão, avaliamos também os pacientes que estavam em intubação mecânica para ver se o perfil dos nossos pacientes havia mudado, ou estivéssemos recebendo pessoas em situações menos graves, mas não foi isso. O perfil dos pacientes é o mesmo, o que fez diferença foi mesmo o trabalho diferenciado”, explicou a infectologista.
De acordo com a médica, a visita multidisciplinar, além de melhoria no atendimento ao paciente, gera economia para o Estado no uso de dispositivos invasivos, como o cateter intravenoso central, que é um dispositivo caro e teve o uso reduzido em 30%. “Como a maior parte dos óbitos em UTI está associada a sepse, o que imaginamos é que o paciente sem dispositivos tem um menor risco de ter uma infecção hospitalar. Não temos uma série histórica que possamos avaliar se realmente diminuímos a quantidade de infecção hospitalar, até porque isso é uma questão de notificações registradas, mas o que temos de real é a taxa de mortalidade que caiu em 25%”, ponderou.
“O perfil dos pacientes é o mesmo, o que fez diferença foi mesmo o trabalho desenvolvido”, explicou a infectologista Mariana Vasconcelos.
A utilização de sonda vesical também diminuiu em quase 20%. “É uma economia tanto no uso dos dispositivos quanto no tratamento das infecções. No nosso levantamento verificamos que no ano anterior, sem as visitas, tivemos 49 altas na UTI, enquanto no ano de realização das visitas multidisciplinares tivemos 103 altas, mais de 50%. As visitas acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras. Passamos leito a leito, pontuando o check-list de acordo com a avaliação de cada profissional e a necessidade do paciente, desde cuidados paliativos que possamos discutir com familiares, ministração dos medicamentos, exames, enfim, envolvemos toda a equipe quanto ao tratamento e atendimento dos pacientes”, completou Mariana.
A diretora adjunta do Cemetron, Raquel Gil Costa, diz que “esse resultado é graças à dedicação de todos e a divulgação é uma forma de valorização dos servidores, mostrando o quanto é importante o trabalho de cada um dos profissionais”. O Cemetron conta com 7 leitos de UTI, 100 leitos em toda a unidade, com uma média de 85% ocupação.
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