CHÁ COM ELAS: Líder indígena rondoniense afirma que mulheres indígenas vivem em condição de invisibilidade na sociedade

Txai Suruí falou em evento do TRT-14 sobre as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres indígenas em busca da igualdade de direitos

Secom/TRT14
Publicada em 10 de março de 2022 às 09:45
CHÁ COM ELAS: Líder indígena rondoniense afirma que mulheres indígenas vivem em condição de invisibilidade na sociedade

O 3º dia do evento Chá com Elas, coordenado pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (Ejud-14) contou com a participação da ativista indígena Txai Suruí, que falou sobre as lutas das mulheres indígenas na sociedade atual. Txai foi a primeira indígena brasileira a discursar na abertura da Conferência da Cúpula do Clima (COP26) da Organização das Nações Unidas (ONU).

>> Assista a palestra na íntegra

Txai Suruí frisou que as mulheres indígenas vivem em uma condição de invisibilidade. “As mulheres querem ocupar diversos espaços na estrutura social, mas precisamos provar o dobro para termos espaço”, disse. Segundo ela, o que as mulheres indígenas desejam e buscam são melhores condições de vida para seu povo. “Queremos acesso à educação de qualidade, melhores condições de vida para nossos filhos, salários iguais, andar tranquilamente na rua”, pontuou.   

As mulheres indígenas, segundo Txai, querem ter direito de acesso a toda a estrutura social como universidade, política, quadro funcional público. “Ainda somos muito invisibilizadas. Na universidade, quando eu entrei, eu era a única aluna indígena cursando direito. Isso demonstra como estamos longe e precisamos alcançar muito mais. Muitas pessoas criticam as cotas. Com elas nós temos muita dificuldade de acesso, imagina sem elas”, explicou.

Sobre a data alusiva ao dia da Mulher, Txai enfatizou que o dia 8 de março não é de comemoração, mas de luta sobre os direitos das mulheres. Citou ainda a representatividade das mulheres em pautas emergentes como as manifestações contrárias à flexibilização do uso de agrotóxicos no país. “A maioria das pessoas envolvidas nos movimentos indígenas são mulheres. A participação na Conferência da Cúpula do Clima (COP) e Movimento da Juventude Indígena de Rondônia tem composição majoritariamente de mulheres”.

O ministro Lelio Bentes, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), prestigiou o evento e ressaltou que a população indígena luta diariamente pela efetivação de seus  direitos no país. “Lutam pelo direito à educação, à saúde, à terra, à vida. Esta luta não exclui uma outra dimensão que é a luta pela efetivação desses mesmos direitos que estão garantidos por leis e tratados internacionais”, registrou.   

A presidente do Tribunal Regional do Trabalho 14ª Região (RO/AC) e diretora da Ejud-14, desembargadora Maria Cesarineide de Souza Lima, agradeceu a participação de Txai Suruí no vento Chá com Elas e afirmou que “ poucas são as vozes que falam pela amazônia, mas a esperança é representada pela nossa convidada que traz no nome uma força. Essa sua luta vai além das nossas pernas”, afirmou.

Cesarineide ponderou ainda sobre a acessibilidade à Justiça do Trabalho. “Precisamos que o magistrado tenha um olhar diferenciado sobre a acessibilidade, principalmente quando envolve a questão trabalhista. O público que chega ao nosso tribunal é diverso e precisamos assegurar acesso igualitário a todos”, frisou. 

Programação

Nesta quinta-feira (10) a programação contará com a presença da doutora em Pesquisa e Clínica em Psicanálise, a psicóloga Ana Suy Sesarino, com a palestra: "Mulher, mãe e Identidade”. O evento será transmitido ao vivo no canal da Escola Judicial no YouTube (acesse aqui).

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