Com menos chances, refugiados precisam vencer obstáculos no mercado de trabalho brasileiro

Desemprego é o principal entrave para estrangeiros que buscam refazer a vida no Brasil

Da redação/Foto: Freepik
Publicada em 24 de janeiro de 2023 às 16:09
Com menos chances, refugiados precisam vencer obstáculos no mercado de trabalho brasileiro

Muitos refugiados vêm para o Brasil em busca de oportunidades. Ao todo, são 65.811 pessoas que vivem nesta condição no país, segundo informações do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça e Segurança Pública. No entanto, estabelecer-se por aqui não tem sido tarefa fácil. A dificuldade para ingressar no mercado de trabalho é um dos principais entraves relatados pelos imigrantes.

Pesquisa realizada pela ONG Estou Refugiado em parceria com o Instituto QualiBest mostrou que o desemprego é o maior problema enfrentado por 66% das pessoas refugiadas no Brasil. Entre janeiro e setembro de 2021, o estudo contou com 503 participantes com 18 anos ou mais que estavam no país há pelo menos seis meses. Na ocasião, 35% dos entrevistados estavam desempregados.

Outra pesquisa, desta vez realizada pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e pelo Banco Mundial, identificou que a possibilidade de contratação de um trabalhador refugiado venezuelano é de apenas um terço em comparação com um brasileiro. O dado torna-se ainda mais preocupante quando observado que 70% dos refugiados que vivem no país são nativos da Venezuela.

De acordo com os dados do Conare, as 65.811 pessoas refugiadas são oriundas de 121 nações. Além dos venezuelanos, 5% vieram da Síria; 4,3% de Senegal; 2,9% da Angola; 2,2% do Congo; 1,8% do Haiti; e 1,7% de Cuba. Em menor quantidade, há também nativos da Guiné-Bissau, Líbano, Nigéria, Paquistão, Colômbia, Bangladesh, Iraque, Mali e Palestina.

Orientação

A dificuldade de compreensão e fala da língua portuguesa é um dos aspectos que dificultam a candidatura das pessoas em situação de refúgio às vagas de emprego. Realizar um curso de português para estrangeiros é uma alternativa para solucionar a questão.

Outro aspecto que merece atenção é o preenchimento do currículo. O documento deve ser claro, objetivo e de fácil entendimento. As informações de contato, como telefone e e-mail, precisam estar atualizadas. Na internet, é possível ter acesso a modelos gratuitos que podem auxiliar na elaboração.

Além disso, é necessário ter a documentação pessoal. De acordo com a Acnur, o solicitante de refúgio tem direito à carteira de identidade e carteira de trabalho provisória. Os direitos trabalhistas das pessoas refugiadas são os mesmos dos trabalhadores brasileiros, sendo respaldados pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).

Projetos de inclusão

Cientes das dificuldades enfrentadas pelos refugiados para conquistar uma oportunidade no mercado de trabalho, diferentes instituições oferecem suporte para preparar esses trabalhadores a uma oportunidade de emprego no Brasil.

Em parceria com o portal Vagas, no ano passado a Acnur realizou oficinas preparatórias nas cidades de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e Boa Vista (RR). Durante os eventos, a população refugiada recebeu orientações para a candidatura e a participação em seleções. A ideia era preparar os participantes para aumentar as possibilidades de contratação e, consequentemente, de autonomia financeira.

A Agência também mantém o projeto Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados (PARR), realizado em conjunto com o Programa Trabalho da Missão Paz e a Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP). Ao longo de 2021, o projeto possibilitou a contratação de 54 pessoas refugiadas por empresas de São Paulo.

A Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil) atua com o mesmo propósito. Ela desenvolveu o projeto Acolhidos por Meio do Trabalho, responsável por incluir 280 venezuelanos no mercado de trabalho nacional no período de 2019 a 2021.

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