Combater os fatores de risco pode reduzir em até 48% os casos de Alzheimer e demência no Brasil, afirma a Febraz

Baixa escolaridade, hipertensão, perda auditiva, obesidade e depressão são alguns deles

Assessoria/Foto: (Imagem: Naeblys/Shutterstock)
Publicada em 28 de setembro de 2023 às 16:23
Combater os fatores de risco pode reduzir em até 48% os casos de Alzheimer e demência no Brasil, afirma a Febraz

Estudos revelam que o desenvolvimento do Alzheimer e outras demências, em muitos casos, está relacionado aos fatores de risco, que estão diretamente ligados ao estilo de vida e aos cuidados com a saúde. Eles podem ser divididos em duas categorias: os modificáveis e os não modificáveis. O primeiro grupo é composto por aqueles que, se combatidos, podem retardar a progressão e até mesmo evitar o desenvolvimento das doenças. Já na segunda classificação estão, principalmente, o envelhecimento e fatores genéticos.

Segundo o relatório divulgado pela Alzheimer's Disease International (ADI), o combate aos fatores de risco modificáveis pode reduzir em 40% os casos de demência até 2050. A porcentagem equivale a 55,6 milhões de casos em todo o mundo. No Brasil, os fatores de risco modificáveis dão conta de 48% dos casos, sendo que nos estados do Norte e Nordeste esse índice sobre para 54%. Esses números indicam o potencial ainda maior das estratégias e políticas de prevenção no Brasil.

É possível listar os 12 principais fatores que devem ser combatidos: tabagismo, inatividade física, consumo excessivo de álcool, poluição do ar, traumatismo craniano, contato social infrequente, baixa escolaridade, obesidade, hipertensão, diabetes, depressão e perda auditiva.

De acordo com Elaine Mateus, presidente da Federação Brasileira de Associações de Alzheimer (Febraz), políticas públicas são fundamentais para dar às pessoas condições para mudança de hábitos. “A adoção de comportamentos benéficos à saúde é o primeiro passo para mudarmos o atual cenário. No entanto, em um país de tantas iniquidades, não se pode colocar a responsabilidade somente no campo das escolhas individuais. A redução do tabagismo, do consumo de álcool e o controle da hipertensão e diabetes são exemplos de algumas medidas nessa direção, disponíveis no Sistema Único de Saúde”, pontua.

Outros fatores envolvem providências mais complexas como a baixa escolaridade e o tratamento para depressão, por exemplo. “Ambos necessitam de uma mudança cultural para serem extinguidos. A baixa escolaridade está diretamente relacionada a políticas públicas voltadas para educação e promoção da igualdade social. É uma transformação mais profunda na sociedade. Já o tratamento para depressão é uma mudança do estigma da doença mental. O tabu e os mitos que existem sobre o assunto precisam ser revistos com urgência”, comenta a presidente.

Elaine também aponta que o isolamento social é um fator, que pode passar despercebido pelas pessoas à volta, mas que deve ser observado com atenção, principalmente depois da pandemia da Covid-19.“O processo de envelhecimento tem suas complexidades próprias e o estigma agrava os desafios. A falta de contato social e de interações regulares com outras pessoas têm efeitos sobre a saúde de nosso cérebro. A pandemia tornou isso mais evidente. Essa realidade, por períodos prolongados, pode aumentar os riscos de uma pessoa desenvolver demência. É necessário incluir estas pessoas em espaços sociais e alertá-las sobre os perigos e, caso seja necessário, procurar ajuda especializada”, complementa.

A perda auditiva e o traumatismo craniano são fatores que devem ser acompanhados por profissionais da área de saúde para que os danos sejam reduzidos. “Nestes casos, a orientação é que a pessoas que lidam com tais condições estejam sempre indo ao médico e realizando consultas regulares. O alerta é destinado também àqueles que notarem a diminuição da capacidade auditiva com o passar do tempo”, acrescenta.

“Embora a ciência tenha avançado muito nos últimos anos, não existe, até o momento, um tratamento modificador da doença de Alzheimer ou outras demência. A prevenção ainda é a melhor maneira para reduzir os riscos”, finaliza a presidente.

Setembro Lilás

A campanha Setembro Lilás é dedicada à conscientização sobre o Alzheimer e outras demências. No Brasil, ela é organizada pela Federação Brasileira de Associações de Alzheimer (Febraz), junto com a Alzheimer's Disease International (ADI), federação global com mais de 105 associações de Alzheimer e demência em todo o mundo. Para este ano, foi adotado o tema "Nunca é Cedo ou Tarde Demais". O foco da iniciativa está em alertar sobre os fatores de risco e na importância de reduzi-los para evitar, atrasar ou potencialmente até prevenir o Alzheimer e outras formas de demência

Sobre a Febraz

A Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz) foi fundada em 1996 e, desde então, é membro ativo da Alzheimer Disease International. Em 2018, a organização se constituiu formalmente como pessoa jurídica representativa da sociedade civil organizada. Quatro associações de Alzheimer brasileiras integram a Febraz. Nossa atuação mantém relações oficiais com a ADI, uma entidade com sede em Londres que congrega mais de 100 outras organizações ao redor do mundo, e com a Alzheimer Iberoamérica, que reúne outros 20 países da América Latina, além da Espanha.

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