Como evitar acidentes domésticos com idosos: especialista orienta famílias

Segundo Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, um em cada três idosos acima dos 65 anos sofre, ao menos, uma queda por ano

Brasil 61
Publicada em 10 de julho de 2022 às 12:21
Como evitar acidentes domésticos com idosos: especialista orienta famílias

Um em cada três idosos acima dos 65 anos sofre, ao menos, uma queda por ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). O risco é maior conforme os anos passam. A SBGG estima que metade das pessoas com mais de 75 anos caem uma vez por ano. 

Além da possibilidade de se machucar, o idoso fica com medo de cair novamente, o que pode levá-lo a sofrer outras quedas, aponta a SBGG. E como parte das quedas ocorrem no ambiente doméstico, as famílias podem contribuir para evitar esses acidentes ao adaptar a casa para essa população, explica Roberta França, geriatra do Grupo Said, empresa especializada no atendimento de idosos. 

“A gente precisa entender que quando chega a velhice é muito importante que essa casa seja adaptada para este idoso. Muitas vezes essa casa já não comporta mais tantos tapetes, tantos móveis de esquina, tantas mobílias e a gente precisa entender isso para que essa casa fique o mais segura possível”, alerta. 

Dicas 
As dicas para uma casa mais segura variam conforme o cômodo. Na sala, por exemplo, é importante: evitar tapetes; não alterar os móveis de seus lugares habituais; garantir espaço adequado entre os objetos; fixar bem os fios para que não fiquem espalhados; preferir cadeiras com apoio de braço. 

Já na cozinha, deve-se manter os alimentos e utensílios em lugares de fácil acesso, para evitar que os idosos subam em cadeiras para alcançá-los; limpar imediatamente líquidos que caiam no chão, de modo que ninguém escorregue; e conferir se as chamas do fogão estão apagadas ao deixar o local. 

No quarto, os itens que o idoso usa diariamente devem ficar em lugares acessíveis. É importante deixar um abajur ao lado da cama para facilitar a locomoção da pessoa durante a noite. Além disso, se possível, disponibilizar uma cama confortável, fácil de subir e descer, e um colchão adequado para o peso e altura do idoso. 

Os cuidados com a sala, a cozinha e o quarto são importantes, mas as famílias devem dobrar a prevenção com o banheiro, pontua Roberta. “O banheiro é, sem dúvida, o local onde a maioria dos acidentes acontece: ou diretamente no banheiro ou no trajeto quarto-banheiro, principalmente à noite”, explica. 

A geriatra diz que aqueles que têm idosos em casa devem manter todos os ambientes iluminados. À noite, ela diz, é bom ter luzes de emergência iluminando o trajeto do quarto até o banheiro. Além disso, é fundamental “emborrachar” todo o piso do banheiro para evitar as quedas. Barras de apoio do chuveiro e do sanitário e adaptadores também deixam o local mais seguro. 

“Em qualquer loja de produtos de construção, a gente encontra a tampa do vaso adaptada mais alta para que ele não precise se abaixar tanto para alcançar o vaso sanitário. Lembrar que, à noite, meia e chinelinho não combinam. O risco de queda é muito grande. É melhor ele andar descalço do que tentar colocar aqueles chinelinhos de pano que favorecem mais o escorregão”, aponta. 

Resistência
Roberta explica que o erro mais frequente cometido pelas famílias é não promover mudanças porque o idoso é apegado aos objetos e móveis da casa. Ela reforça que essa resistência pode causar acidentes. 

Tânia Regina mora em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, e trabalha há dez anos em uma empresa que cuida de idosos. Ela diz que a maior parte dos acidentes de que teve notícia ocorreram em casa e que sempre sugere às famílias mudanças, como diminuir a quantidade de móveis, deixando espaço para as pessoas de mais idade transitarem sem obstáculos. 

Ela recorda que a resistência das famílias em fazer alterações é perigosa. “Tinha uma senhora que andava com dificuldade. Ela levantou da cama – a cuidadora não estava muito atenta no momento –, tropeçou no tapetinho que ficava na beira da cama, que a gente pedia insistentemente para tirar, mas a família não queria, porque fazia parte da decoração do quarto, e teve uma fratura de fêmur. Ficou um tempo internada”, lembra. 

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