Covid-19: médicos apontam as variantes em circulação no Brasil
Entenda quais são as variantes da Covid-19 em circulação no Brasil, quais os sintomas e como as vacinas respondem às infecções
Variante P1, variante Delta, cepa do Reino Unido… Os nomes técnicos de mutações do novo coronavírus são diariamente citados em meio à pandemia. Mas o que significam essas variantes? Quais são as variantes da Covid-19 que estão em circulação no Brasil? As vacinas contra a doença também protegem contra essas variantes?
Para responder aos questionamentos comuns à população, o portal Brasil61.com conversou com médicos especialistas. Antes de tudo, é preciso saber o que é uma nova cepa, ou uma variante.
“Variantes são vírus com mini-mutações. Essas mutações aumentam as chances de contaminação, a forma com que o vírus entra nesse organismo. Pode haver mudanças na estrutura, principalmente, da membrana desse vírus”, explica Luciano Lourenço, clínico geral e chefe da Emergência do Hospital Santa Lúcia.
O médico detalha que essas mutações ocorrem na proteína Spike do vírus SARS-CoV-2, da Covid-19, “que é onde ele se liga, onde tem o primeiro contato dessa cápsula do vírus com as células do corpo humano”. “Então, as variantes são pequenas variações que os vírus sofrem nessa partícula, nesse pedacinho da cápsula viral, que aumentam a chance de transmissão e aumentam a velocidade dela se implantar no nosso organismo”, conceitua.
Quais são as variantes que estão em circulação no Brasil?
Werciley Júnior, infectologista e chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Lúcia, enumera três variantes principais em circulação no país. “Hoje, no Brasil, a gente tem a predominante P1, que é a que veio de Manaus, temos a P2, uma variante que atingiu mais a região do Sudeste, e temos casos da variante Delta, que é a Indiana. Não temos repercussões da variante nem inglesa e nem da África do Sul”, diz.
- P1: variante que surgiu em Manaus
- P2: variante que atingiu mais a Região Sudeste
- Delta: variante Indiana
O infectologista lembra ainda que os sintomas da contaminação pela Covid-19 não se alteram a depender das variantes. “Os sintomas apenas são mais proeminentes, porque são vírus que têm uma maior suscetibilidade de contaminação, ou seja, têm uma maior facilidade de contaminar e, com isso, atingir uma carga viral até maior, podendo criar uma forma mais grave da doença. Não quer dizer que todo mundo que tiver variante vai ter forma grave, mas há uma maior chance de forma grave com as variantes”, alerta.
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As vacinas protegem contra as variantes?
Com o surgimento de novas cepas do coronavírus, quem já se imunizou ou está aguardando a vacina contra a Covid-19 pode questionar se a proteção é eficaz até mesmo contra essas mutações. Luciano Lourenço cita estudos recentes que mostram que sim, há imunização mesmo contra as cepas, embora essa proteção possa ser menor.
“Os estudos que a gente já tem mais recentes, como por exemplo da Pfizer, mostram eficácia contra variantes. A CoronaVac, a AstraZeneca e a Pfizer, essas três, já mostram uma eficácia. Porém, ela é menor do que a variante mais comum. Então, vamos dizer que, com a variante comum, essas vacinas conseguem proteger em torno de 70%, podendo chegar até 80%. Com relação às variantes, elas conseguem entre 50% e 60% de proteção”, afirma.
O médico ainda ressalta que, de modo geral, as vacinas não conseguem dar uma proteção de 100%. Mas, ainda que uma pessoa seja infectada pela doença, a tendência da vacina é que ela provoque sintomas mais leves e não permita que o contaminado tenha quadros mais perigosos da Covid-19.
Uma ou duas doses, entenda cada vacina da Covid-19
- Coronavac: Duas doses com intervalo entre as doses entre 14 a 28 dias após a aplicação da primeira.
- Astrazeneca: Duas doses, o prazo para aplicação da segunda dose é de até 90 dias.
- Pfizer: Duas doses com prazo de aplicação para a segunda dose de 21 dias.
- Janssen: Dose única.
- Sputnik V: Aplicada em duas doses com intervalo de 21 dias.
- Covaxin: Aplicada em duas doses, com intervalo de 28 dias entre cada uma delas.
Vacinas disponíveis no Brasil
Coronavac: Eficácia para casos sintomáticos é de 50,7%, sendo que pode chegar a 62,3% se houver um intervalo de mais de 21 dias entre as duas doses da vacina.
Astrazeneca: Eficácia de cerca de 70% nos estudos que levaram à aprovação, variando entre 62 e 90%. Dados de vida real recém-divulgados pelo governo britânico apontam para 90% de proteção após as duas doses.
Pfizer: Já demonstrou 95% de eficácia em prevenir casos confirmados de Covid-19. O laboratório já relatou, inclusive, que a vacina funciona contra a variante sul-africana.
Janssen: Estudos da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) apontam que a dose única do imunizante é 66% eficaz na prevenção de diversas variantes da covid-19.
Sputnik V: A vacina recebeu liberação parcial da Anvisa para ser distribuída sob condições específicas e em quantidade limitada para alguns estados. Eficácia de 91,7%, segundo estudo da Lancet, e 97,6%, segundo o Instituto Gamaleya.
Covaxin: A agência regulatória brasileira permitiu, por enquanto, o uso de 4 milhões de unidades do imunizante. A Anvisa ponderou o fato de não ter recebido relatórios da agência indiana, o curto prazo de acompanhamento dos participantes dos estudos e a inconclusão dos estudos da fase 3, etapa que atesta a eficácia da vacina. Eficácia de 78% e 100% em casos graves.
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