CPI das Bets prende depoente sob acusação de falso testemunho

Daniel Pardim, que prestava depoimento ao colegiado nesta terça, foi acusado de negar informações aos senadores

Fonte: Agência Senado/Foto: Saulo Cruz/Agência Senado - Publicada em 29 de abril de 2025 às 15:53

CPI das Bets prende depoente sob acusação de falso testemunho

A CPI das Bets prendeu o empresário Daniel Pardim Tavares Lima durante depoimento nesta terça-feira (29), sob acusação do crime de falso testemunho. Segundo os senadores, Pardim negou informações consideradas verdadeiras pelos parlamentares. O pedido de prisão em flagrante foi feito pela relatora da CPI, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e confirmado pelo presidente do colegiado, senador Dr. Hiran (PP-RR).

Segundo Soraya, Pardim mentiu ao dizer que não conhece a sócia de sua empresa, Adélia de Jesus Soares. A empresa de ambos, Peach Blossom River Technology, participa de outra companhia chamada Payflow, que atua no setor de pagamentos digitais e presta serviços às apostas on-line, segundo a relatora. A Payflow é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal por indícios de lavagem de dinheiro e transferências ilegais.

— Ele começou mentindo desde o começo, dizendo que não conhece o seu sócio. Ele mentiu mais de três ou quatro vezes, e nós demos a chance, repetimos perguntas. Ninguém constitui uma sociedade com quem você não conhece. Ele prestou o compromisso [como testemunha] de dizer a verdade naquilo que não o incriminasse. Mas ele também não pode omitir questões conhecidas... O que nós não podemos permitir é esse desrespeito dentro de uma CPI da maior casa Legislativa do país — disse a senadora, responsável pelo requerimento de convocação de Pardim.

O senador Dr. Hiran explicou que a polícia legislativa se encarregará do auto de prisão. Ele afirmou ainda que Adélia Soares deverá ser conduzida forçadamente à CPI para prestar depoimento. Segundo o senador, ela também foi convocada para comparecer presencialmente ao colegiado nesta terça, o que não ocorreu. Adélia é advogada da influencer Deolane Bezerra, que também não atendeu à convocação da CPI em 10 de abril.

Advogados

Soraya afirmou à TV Senado, após a reunião, que “os advogados se exaltaram” e que foi acusada de praticar abuso de autoridade. Ela disse que a prisão foi dentro da legalidade e garantiu que responderia a um suposto processo de abuso de autoridade “com a maior tranquilidade do mundo”.

Além de Soraya, o senador Marcos Rogério (PL-RO) criticou a atuação da equipe de defesa de Pardim. Sob condição de testemunha, ele tinha o direito de se calar diante de perguntas que o incriminassem. No entanto, para Marcos Rogério, os advogados "buzinavam na orelha" do depoente e se manifestaram indevidamente diretamente aos senadores.

A relatora ainda afirmou suspeitar que Pardim não tem condições de pagar os advogados, que seriam remunerados por outras pessoas. Em um primeiro momento, o depoente disse aos senadores que não responderia sobre quem pagou pela defesa. Em outra pergunta, afirmou que os serviços eram prestados “pro bono”, ou seja, sem retribuição.

— Por mais que o código de ética da OAB não obrigue a dizer quem está pagando, o que nós entendemos é que existe alguém pagando, e depois ele mentiu [dizendo] que era “pro bono” — disse a senadora.

À CPI, Pardim afirmou que trabalha no ramo gastronômico e que “estava com planos de abrir um delivery”, empreendimento de entrega de alimentos.

'Laranja'

Os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) afirmaram que Pardim poderia ser um “laranja” — termo usado para designar quem empresta o nome para a abertura de uma empresa, sem de fato administrá-la.

— O senhor tem uma chance única de colaborar com a CPI e de melhorar a sua imagem. O estrago ao seu nome já foi feito. Eu não sei até onde ficar em silêncio para se preservar vai lhe ajudar... — disse Damares.

Izalci afirmou que o depoente consta como sócio de outras empresas, inclusive fora do Brasil. Segundo o senador, empresas de apostas esportivas e apostas on-line costumam abrir instituições de pagamento para movimentar seus recursos.

— São empresas como [as que exploram o jogo] do Tigrinho que tiveram bilhões e bilhões de reais, movimentando e criando empresas de pagamento que são as principais responsáveis pelo envio de recursos para outros países — disse Izalci.

Motivação da CPI

O setor de apostas passa por uma abertura desde 2018, cuja regulamentação elaborada pelo Poder Executivo só foi efetivamente implementada em janeiro de 2025, após fase de transição em 2024. O período sem regras explícitas para atuação gera divergência entre especialistas quanto à legalidade de determinadas atividades do setor.

A CPI das Bets, iniciada em novembro de 2024, investiga a possível associação do setor de apostas com organizações criminosas e práticas ilícitas. Segundo Dr. Hiran, a CPI das Bets também apresentará, ao final de seus trabalhos, propostas legislativas para melhorar o setor e proteger a população brasileira de seus potenciais malefícios.

CPI das Bets prende depoente sob acusação de falso testemunho

Daniel Pardim, que prestava depoimento ao colegiado nesta terça, foi acusado de negar informações aos senadores

Agência Senado/Foto: Saulo Cruz/Agência Senado
Publicada em 29 de abril de 2025 às 15:53
CPI das Bets prende depoente sob acusação de falso testemunho

A CPI das Bets prendeu o empresário Daniel Pardim Tavares Lima durante depoimento nesta terça-feira (29), sob acusação do crime de falso testemunho. Segundo os senadores, Pardim negou informações consideradas verdadeiras pelos parlamentares. O pedido de prisão em flagrante foi feito pela relatora da CPI, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e confirmado pelo presidente do colegiado, senador Dr. Hiran (PP-RR).

Segundo Soraya, Pardim mentiu ao dizer que não conhece a sócia de sua empresa, Adélia de Jesus Soares. A empresa de ambos, Peach Blossom River Technology, participa de outra companhia chamada Payflow, que atua no setor de pagamentos digitais e presta serviços às apostas on-line, segundo a relatora. A Payflow é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal por indícios de lavagem de dinheiro e transferências ilegais.

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— Ele começou mentindo desde o começo, dizendo que não conhece o seu sócio. Ele mentiu mais de três ou quatro vezes, e nós demos a chance, repetimos perguntas. Ninguém constitui uma sociedade com quem você não conhece. Ele prestou o compromisso [como testemunha] de dizer a verdade naquilo que não o incriminasse. Mas ele também não pode omitir questões conhecidas... O que nós não podemos permitir é esse desrespeito dentro de uma CPI da maior casa Legislativa do país — disse a senadora, responsável pelo requerimento de convocação de Pardim.

O senador Dr. Hiran explicou que a polícia legislativa se encarregará do auto de prisão. Ele afirmou ainda que Adélia Soares deverá ser conduzida forçadamente à CPI para prestar depoimento. Segundo o senador, ela também foi convocada para comparecer presencialmente ao colegiado nesta terça, o que não ocorreu. Adélia é advogada da influencer Deolane Bezerra, que também não atendeu à convocação da CPI em 10 de abril.

Advogados

Soraya afirmou à TV Senado, após a reunião, que “os advogados se exaltaram” e que foi acusada de praticar abuso de autoridade. Ela disse que a prisão foi dentro da legalidade e garantiu que responderia a um suposto processo de abuso de autoridade “com a maior tranquilidade do mundo”.

Além de Soraya, o senador Marcos Rogério (PL-RO) criticou a atuação da equipe de defesa de Pardim. Sob condição de testemunha, ele tinha o direito de se calar diante de perguntas que o incriminassem. No entanto, para Marcos Rogério, os advogados "buzinavam na orelha" do depoente e se manifestaram indevidamente diretamente aos senadores.

A relatora ainda afirmou suspeitar que Pardim não tem condições de pagar os advogados, que seriam remunerados por outras pessoas. Em um primeiro momento, o depoente disse aos senadores que não responderia sobre quem pagou pela defesa. Em outra pergunta, afirmou que os serviços eram prestados “pro bono”, ou seja, sem retribuição.

— Por mais que o código de ética da OAB não obrigue a dizer quem está pagando, o que nós entendemos é que existe alguém pagando, e depois ele mentiu [dizendo] que era “pro bono” — disse a senadora.

À CPI, Pardim afirmou que trabalha no ramo gastronômico e que “estava com planos de abrir um delivery”, empreendimento de entrega de alimentos.

'Laranja'

Os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) afirmaram que Pardim poderia ser um “laranja” — termo usado para designar quem empresta o nome para a abertura de uma empresa, sem de fato administrá-la.

— O senhor tem uma chance única de colaborar com a CPI e de melhorar a sua imagem. O estrago ao seu nome já foi feito. Eu não sei até onde ficar em silêncio para se preservar vai lhe ajudar... — disse Damares.

Izalci afirmou que o depoente consta como sócio de outras empresas, inclusive fora do Brasil. Segundo o senador, empresas de apostas esportivas e apostas on-line costumam abrir instituições de pagamento para movimentar seus recursos.

— São empresas como [as que exploram o jogo] do Tigrinho que tiveram bilhões e bilhões de reais, movimentando e criando empresas de pagamento que são as principais responsáveis pelo envio de recursos para outros países — disse Izalci.

Motivação da CPI

O setor de apostas passa por uma abertura desde 2018, cuja regulamentação elaborada pelo Poder Executivo só foi efetivamente implementada em janeiro de 2025, após fase de transição em 2024. O período sem regras explícitas para atuação gera divergência entre especialistas quanto à legalidade de determinadas atividades do setor.

A CPI das Bets, iniciada em novembro de 2024, investiga a possível associação do setor de apostas com organizações criminosas e práticas ilícitas. Segundo Dr. Hiran, a CPI das Bets também apresentará, ao final de seus trabalhos, propostas legislativas para melhorar o setor e proteger a população brasileira de seus potenciais malefícios.

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