CPI do MST é uma aberração, não tem objeto definido e serve apenas à criminalização do movimento

Parlamentares bolsonaristas e do agronegócio querem inviabilizar o movimento que combate a pior chaga do Brasil atualmente: a fome

Aquiles Lins
Publicada em 28 de abril de 2023 às 11:49
CPI do MST é uma aberração, não tem objeto definido e serve apenas à criminalização do movimento

MST (Foto: MST/Matheus Alves)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), leu na última quarta-feira (26) o requerimento que cria uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

A iniciativa da CPI foi do deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), com apoio de deputados da bancada ruralista. Com 27 integrantes, a maioria bolsonarista, a CPI não tem um fato determinado, se destina a investigar “invasões de terra pelo MST, bem como seus objetivos e fonte de financiamento”. Em outras palavras, será uma tenda montada para um espetáculo deprimente da extrema-direita, cujo único objetivo é tentar criminalizar o maior movimento popular do Brasil atualmente. 

Ao longo dos seus quase 40 anos de trajetória, o MST se consolidou como referência na luta por terra. O movimento engloba 450 mil famílias assentadas; 1,9 mil associações de produtores; 160 cooperativas; 120 agroindústrias. o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. 

Durante a pandemia, o MST doou mais de 8,5 mil toneladas de alimentos e 2,5 milhões de marmitas para pessoas e famílias em situação de fome e insegurança alimentar em todas as grandes regiões do país. No mesmo período, integrantes do agronegócio que hoje acusam o MST estavam ao lado da política negacionista e genocida de Jair Bolsonaro, que contribuiu para a morte de mais de 700 mil brasileiros. Durante os 580 dias em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou preso injustamente em Curitiba, o MST exerceu papel fundamental na organização do acampamento Lula Livre. 

As mobilizações do MST neste mês de abril, na Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, ocupações foram realizadas em latifúndios e alguns prédios, o que irritou integrantes do agronegócio. Membros do governo Lula também demonstraram incômodo. Nada disso, entretanto, não tem força para justificar a criação desta CPI, cujo relator pode vir a ser o deputado Ricardo Salles, ex-ministro e inimigo do Meio Ambiente.

Nas redes sociais, ontem (27) milhares de pessoas saíram em defesa do MST e a hashtag #TocomMST ficou entre os assuntos mais comentados do país. Mesmo com as atenções voltadas para a CPMI dos Atos Golpistas, o governo Lula precisa escalar seu time para defender o MST nesta CPI. O MST é um patrimônio do povo brasileiro e não será achincalhado ou vilipendiado por uma horda de políticos que lucram com a fome e a desigualdade. 

Aquiles Lins

Aquiles Lins é editor-executivo do Brasil 247 e apresentador do programa O Dia em 20 Minutos, da TV 247. É jornalista e mestre em Ciência Política.

Comentários

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    edgard alves feitosa 02/05/2023

    CPI, somente aquelas que nos interessa???? caso seja para investigar a quem apoiamos, é "tenda montada"??? CPI somente para investigar a quem somos contra???? tudo está bem, o MST é produtivo, suas fontes de renda são todas legitimas, o MST tem forte papel no combate à fome; então por que esbravejar......... após a CPI sairá mais FORTE DO QUE QUANDO ENTROU..........

  • 2
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    jorge 28/04/2023

    este movimento deixou de ser legítimo representante dos povos sofridos e pobres do Brasil apartir do momento que se tornou um braço político do PT, pois vem sendo usado como um exército civil pelo partido para ameaçar apoiadores do regime democratico no Brasil, os produtores rurais são ameaçados pelo movimento dos sem terras caso não aceitem ser extorquidos para bancar o movimento de avanço desta ditadura desenfreada que está tentando dominar o país.

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