Cumplices da inoperância
Move-os, apenas, o desejo de abocanharem sinecuras na máquina burocrática para acomodarem apaniguados políticos, cuja maioria nada produz em proveito da população.
(*) Valdemir Caldas
Se uma pesquisa fosse feita hoje para aferir o grau de credibilidade da classe política junto à opinião pública, o resultado seria desastroso. Isso não quer dizer que todos os políticos são ruins. Não é correto generalizar. Há muita gente decente no meio, mas, há, também, uma enorme quantidade de joio em meio a uma porção cada vez mais reduzida de trigo.
Há um sentimento de desesperança, de abandono e de impotência no ar, motivado pelo jogo odiento do toma-lá-dá-cá, onde maus políticos infectam os parlamentos com suas execráveis presenças, enquanto os problemas se avolumam e não encontram soluções no curto, no longo e até no longuíssimo prazo.
Alguns - marinheiros de primeira viagem - nem sequer esquentaram direito as cadeiras das casas legislativas, e já foram contaminados pelo vírus do fisiologismo. São os mesmos que, durante a campanha eleitoral, prometeram colocar a monumental máquina oficial para funcionar em benefício da coletividade.
Em vez disso, passaram a defender privilégios pessoais ou de grupos. O povo que se exploda! A cidade, cantada em prosa e verso, simplesmente foi entregue à sua própria desdita. Mais decepcionados estão os que apostaram nessa pieguice. Isso prova que a doença que corrói as entranhas da politica está nos homens, nos maus políticos, e não nos partidos, como pensam alguns.
Infelizmente, quando temos a oportunidade de usar o bisturi da moralidade para sarjar a podridão moral e administrativa que tomou conta do Brasil, acabamos escolhendo os mesmo farsantes do passando. Deixamos de votar em homens de bem, pessoas integras, para apostar em meliantes travestidos de cidadãos decentes, mas que não passariam incólumes em frente a uma delegacia de policia. Mandamos os homens errados aos lugares certos enquanto os homens certos permanecem nos lugares errados.
No próximo ano haverá eleições. Vamos escolher prefeito e vereadores. Precisamos de mais gente sincera para cuidar da nossa cidade. Precisamos ergue um dique de decência para conter as águas caudalosas da falta de vergonha e de respeito ao povo. Chega de político vira-casaca, do tipo que não consegue viver se não estiver à sombra das benesses palacianas. Longe dos microfones e das câmaras de televisão deitam o relho nos costados do comandante-em-chefe, não porque intencionam arrumar o que está errado. Move-os, apenas, o desejo de abocanharem sinecuras na máquina burocrática para acomodarem apaniguados políticos, cuja maioria nada produz em proveito da população. São, verdadeiramente, cúmplices da inoperância.
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