Desejos carnais - Capítulo 2
Do outro lado da grande janela de vidro do escritório, algumas funcionárias bonitas, arrumadas, o olhavam com um interesse mais voltado ao flerte
— Sinceramente, eu não tô querendo papo com ninguém — confessou Vicente enquanto mexia sem muito interesse em um cubo mágico. Do outro lado da grande janela de vidro do escritório, algumas funcionárias bonitas, arrumadas, o olhavam com um interesse mais voltado ao flerte.
— Então por que veio até aqui? — questionou Jonatam, o gerente. Os olhos vívidos. O porte físico de modelo. Os lábios carnudos.
— Pra te ver — respondeu Vicente em um tom de voz mais aveludado. — Sabe? Eu dificilmente converso com pessoas que não frequentam a alta sociedade. Mas…
Sorriu com simpatia. Continuou:
— Com você é diferente.
— Agradeço pela consideração! Só que agora eu tô no meu horário de trabalho. Não pega bem eu ficar conversando com os clientes por longos minutos. Normas da empresa. Preciso obedecê-las!
— Sim, sim. Verdade! Você precisa obedecê-las temporariamente.
— Por favor, Vicente! Aqui não. Depois nós conversamos melhor. Sério.
— Ok! Você tá certo! Trabalho é trabalho. Já sabe o local. Vou tá te esperando lá. 20:00.
Não conseguindo disfarçar o prazer em vê-lo ali, Jonatam sorriu. Os olhos brilharam.
— 20:00?
— É. Tem outro compromisso?
— Você sabe que não.
— Eu não sei nada. Não vejo o futuro. Só o presente.
— Engraçadinho!
— Às vezes, Jonatam. No geral, sou um ser detestável. Mas ainda assim… carente de paixões efêmeras e envolventes. Carente de um corpo… como o seu.
Ao terminar de dizer isso, levantou-se do sofá com um ar imperial. Olhou para Jonatam com sedução e ao perceber que nenhuma das funcionárias estavam os olhando no momento, fez uma leve carícia no pescoço dele.
— Hoje é dia de você ser o ativo!
— Mesmo?
— Claro! Por que não, baby?
— Porque… sei lá… tipo… é meio diferente, né?!
— Talvez. Mas… o que importa é a conexão.
— Sim. A conexão.
— E… Jonatam, eu te fiz um Pix de 20 mil hoje pela manhã.
— Eu vi, Vicente! Mas… pra quê mesmo? Eu até estranhei o valor.
— Um presentinho pro meu baby tão esforçado em me proporcionar tantos momentos inesquecíveis.
— 20 mil é um valor considerável!
— Com certeza! Ainda mais pra um cara que trabalha quase todos os dias. É uma prova da minha paixão por você!
Jonatam deu uma leve risada.
— Assim eu vou querer até casar
— Bora casar então!
— Para! Para de me iludir! Eu não acredito em conto de fadas.
Vicente afirmou:
— Eu também! Não se trata de um conto de fadas, baby. É a vida real mesmo. Eu entro com a grana e você deixa eu me deliciar no seu corpo. Você é o tipo de gay mais valioso no mercado! Além de… você sabe. Impossível o seu corpo não ser monetizado. Como os gays feios sofrem! Eles não conseguem te seduzir. Nem pagando.
Gargalhou com um deboche incomum.
— Eu sei! Já ganhei muito dinheiro na Europa com os gringos. Mas… era só pela grana. Com você, Vicente, é pela grana e pelo sexo.
Vicente mordeu os lábios fazendo charme. Comentou:
— Um elogio assim me motiva a querer treinar mais. Gay sem shape é um ó! Então… 20:00.
Jonatam sorriu. Disse:
— Combinado. 20:00.
Com um jeito fashion de ser adquirido em Paris, Vicente colocou os seus óculos escuros, de uma marca caríssima e saiu do escritório sentindo-se um príncipe estrangeiro em terras tupiniquins. Passou pelos funcionários da empresa e não os cumprimentou como de costume. “Gente pobre! Vão ao banheiro, mijam, cagam e nem lavam as mãos direito. Eca! Pobre é pobre mesmo!”
Jéssica e Mônica, uma das funcionárias que estavam o observando disfarçadamente, se olharam e riram discretamente. Sabiam que ele era o Sugar Daddy de Jonatam, pois sua fama corria solta em várias rodas de fofoca e boatos em diferentes cidades do Brasil. “Depois que ele começou a sair com o coroa até trocou de carro. Tá rentável o negócio, hein! Assim, logo logo ele fica milionário nas custas do tiozão!”
— Ele acabou de sair — disse Mônica com um ar malicioso. — Com certeza foi comprar as camisinhas. Ou o champagne. Humm! Acho que tô com inveja desses dois gays!
Mexeu nos cabelos castanhos, cacheados, volumosos. Continuou:
— Será se é uma tortura não ser lésbica?
Jéssica deu um leve tapa no ombro da colega de trabalho. Comentou:
— Cínica! Você tá reclamando de barriga cheia!
— Eu, menina? Por quê?
— É mais fácil ser uma mulher heterossexual!
— Mas eu quero grana fácil! Os homens não dão grana tão fácil assim. E eu não tô a fim de virar a gata do job.
— Trabalha então.
De repente, Mônica ficou séria. Lembrou da conversa que teve com dona Leonice na semana passada.
— O que foi, lacraia? — perguntou Jéssica curiosa. — Que cara é essa, mana?
— Veadaaaaaaa! Eu tô com a sorte grande! Lembra daquela coroa toda bonita que veio aqui visitar a empresa e tals? Uma loira, alta, roupa de gente bacana?
— Uma que parece russa?
— Essa aí mesmo, veadaaaa! Ela conversou comigo no outro dia antes do meu expediente. Me fez uma proposta, Jéssica.
— Ela é lésbica?
— Não, não, veadaaaaa! Ela é a mãe do Sugar daddy.
— Do… desse coroa todo metido que passou pela gente e nem deu um oi pro pessoal?
— Esse mesmo.
— Bonita ela, hein!
— Ela não sabe que o filho é gay.
— Não sabe? Como? Mas e os trejeitos dele?
— Parece que ela não enxerga direito de um olho.
Jéssica riu. Comentou:
— Gente, que loucura, hein!
— Ela quer pegar o filho dela no flagra com outro cara.
— Pera! Tipo… você vai armar pro Jonatam e pro Sugar Daddy?
— Eu não vou armar nada. Eu não sou tão má assim. Só vou… informar o local do encontro deles.
— Tá doida? Realmente… depois que você saiu da igreja, ficou pior do que já era.
— Querida, igreja não salva ninguém não. Entendeu? Eu acredito em Deus! Eu oro tranquila no meu canto. Ouço os louvores. Leio uns versículos. Amo o livro de Salmos! E tá tudo bem. Esses pastores de hoje em dia tão só querendo é grana. É preciso ficar esperta! O Cristianismo virou comércio, gata.
— Na mão dos mercenários, Mônica.
— E você ainda acha que existe pastor honesto?
— Claro que existe!
— Dúvido!
— Se eu fosse você, voltava logo pra igreja.
— Por que o incômodo comigo?
— Não é incômodo. É um conselho de uma colega que quer te ver bem. Antes você não era assim.
— Assim como, querida?
— Debochada, atrevida, petulante, maliciosa e com um ar soberbo que é ridículo.
— Entendi. Você é contra as pautas feministas?
— Não confunde as coisas, Mônica. Eu tô falando dos seus posicionamentos questionáveis. Não te atacando como mulher.
— Pois eu me senti atacada. Me senti muito, muito atacada. Sabe? Eu não sou uma Amélia arrependida que fica por aí dando uma de coitada pra satisfazer a vontade desse pessoal hipócrita. Eu quero grana! Eu preciso melhorar a minha condição financeira!
— Prejudicando os outros? Na trapaça?
— Que trapaça, invejosa? Eu vou dar apenas uma informação! Uma informação valiosa e rentável.
— Vai desgraçar a vida do Jonatam e do coroa que ele fica.
— Eu não.
— Vai! E você vai se dar mal, hein.
— Vira essa boca pra lá, invejosa!
— Invejosa? Te enxerga, Mônica! Jesus Cristo é o melhor caminho.
— Então volta pra igreja.
— Eu vou voltar! Tô voltando hoje! Uma amiga me convidou pra ir com ela num culto.
— Que brega!
— Que bênção! — afirmou Jéssica com um sorriso e bebeu um gole de água. — Deus subsiste antes de todas as coisas, Mônica! Eu entendo o porquê das suas argumentações nocivas. Mas eu não vou me abater com tamanha insanidade! Eu acredito em Jesus Cristo! Falo besteira? Falo. Sou fofoqueira? Demais! Mas eu quero mudar. Muito diferente de você que zomba de Deus e se acha a tal. Te orienta, Mônica! Jesus Cristo não é brincadeira não!
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Comentários
maravilhoso
Li por curiosidade e achei engraçado até 😂😂😂
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