E quem vai ajudar Porto Velho?

Mas os porto-velhenses têm sofrido muito também. Só que a nossa dor é invisível. Os políticos só se mexerão quando chover merda por aqui

Fonte: Professor Nazareno - Publicada em 13 de maio de 2024 às 15:13

E quem vai ajudar Porto Velho?

Porto Alegre, a exuberante capital do Rio Grande do Sul foi sacudida neste início de maio de 2024 quase que por uma “explosão atômica”. Chuvas torrenciais de mais de 500 milímetros/dia inundaram a capital dos gaúchos e a reduziram a escombros. O número de mortos já passa de cem pessoas e há até agora muitos desaparecidos nesse “dilúvio” de proporções bíblicas. A área metropolitana da cidade também foi duramente afetada e está um caos, assim como mais de 430 cidades espalhadas pelo território gaúcho. O Brasil deve ajudar aquele estado sem impor nenhuma condição. Por isso, várias cidades de norte a sul e de leste a oeste do país têm contribuído para amenizar a dor dos irmãos riograndenses. Todos eles são vítimas das mudanças climáticas e também do descaso da prejudicial classe política, que só pensa em si mesma e nunca se preocupa com os outros.

Todos nós, sem exceção, devemos ajudar nossos irmãos do sul e torcer para que a situação não piore ainda mais. Mesmo se tratando de um desastre natural, não há como não entender que se trata de algo causado pela mão humana. A natureza reage sempre quando é agredida. Por isso, o agronegócio predador e as devastações ambientais verificadas em outras partes do Brasil, e também do mundo, têm muito a ver com mais esta catástrofe. O Rio Grande do Sul vive hoje o seu Armagedon. Porém, há uma outra cidade, também capital de um estado, e bem distante de Porto Alegre, que sofre dia após dia as suas intempéries. Trata-se de Porto Velho, capital de Roraima. A cidade do norte até está acostumada com as chuvas torrenciais, que têm diminuído muito ultimamente. O caos na “capital das sentinelas avançadas” é a constante falta de infraestrutura da cidade.

O drama de Porto Velho, no entanto, quase não é sentido, pois está diluído pelo longo tempo. Mas talvez mate mais gente do que a atual tragédia dos gaúchos. Falta de esgotos e de saneamento básico em uma cidade grande funciona como um holocausto sobre crianças, velhos e pessoas fragilizadas. E em Porto Velho, bem diferente de Porto Alegre, só tem uns dois ou três por cento de esgotos e de saneamento básico. Depois de ajudar a capital gaúcha, os brasileiros deveriam ajudar nossa cidade. Aqui a classe política também não faz nada. Desde 1914, nossa capital é uma pocilga, uma fossa a céu aberto, uma latrina suja e imunda. Porto Velho não tem mobilidade urbana, não tem rede de esgotos e a população bebe água de poços imundos cavados ao lado de fossas podres e fedorentas. Pior: a menos de 5 km há uma barragem que pode se romper e devastar tudo.

Além de ajudar os seus irmãos gaúchos, os rondonienses deveriam contribuir e muito para diminuir catástrofes como essa. Mas um político local quer é aumentar ainda mais os índices de desmatamentos nas florestas. O povo daqui, de um modo geral, quer recuperar a BR-319 e também pede a volta do garimpo assassino e poluidor do rio Madeira. Com isso, os desastres ambientais só vão piorar. A própria ONU já reconheceu o drama de Porto Alegre como sendo uma consequência dos constantes ataques do homem à já combalida natureza. Porto Velho e Rondônia ajudam agora, mas depois deviam pedir socorro ao Brasil e ao mundo para tentar sair do eterno e fétido lodaçal em que vive há mais de cem anos. Os políticos deviam doar todo o dinheiro do fundo eleitoral para os gaúchos, que sofrem agora. Mas os porto-velhenses têm sofrido muito também. Só que a nossa dor é invisível. Os políticos só se mexerão quando chover merda por aqui.

 

*Foi Professor em Porto Velho.

E quem vai ajudar Porto Velho?

Mas os porto-velhenses têm sofrido muito também. Só que a nossa dor é invisível. Os políticos só se mexerão quando chover merda por aqui

Professor Nazareno
Publicada em 13 de maio de 2024 às 15:13
E quem vai ajudar Porto Velho?

Porto Alegre, a exuberante capital do Rio Grande do Sul foi sacudida neste início de maio de 2024 quase que por uma “explosão atômica”. Chuvas torrenciais de mais de 500 milímetros/dia inundaram a capital dos gaúchos e a reduziram a escombros. O número de mortos já passa de cem pessoas e há até agora muitos desaparecidos nesse “dilúvio” de proporções bíblicas. A área metropolitana da cidade também foi duramente afetada e está um caos, assim como mais de 430 cidades espalhadas pelo território gaúcho. O Brasil deve ajudar aquele estado sem impor nenhuma condição. Por isso, várias cidades de norte a sul e de leste a oeste do país têm contribuído para amenizar a dor dos irmãos riograndenses. Todos eles são vítimas das mudanças climáticas e também do descaso da prejudicial classe política, que só pensa em si mesma e nunca se preocupa com os outros.

Todos nós, sem exceção, devemos ajudar nossos irmãos do sul e torcer para que a situação não piore ainda mais. Mesmo se tratando de um desastre natural, não há como não entender que se trata de algo causado pela mão humana. A natureza reage sempre quando é agredida. Por isso, o agronegócio predador e as devastações ambientais verificadas em outras partes do Brasil, e também do mundo, têm muito a ver com mais esta catástrofe. O Rio Grande do Sul vive hoje o seu Armagedon. Porém, há uma outra cidade, também capital de um estado, e bem distante de Porto Alegre, que sofre dia após dia as suas intempéries. Trata-se de Porto Velho, capital de Roraima. A cidade do norte até está acostumada com as chuvas torrenciais, que têm diminuído muito ultimamente. O caos na “capital das sentinelas avançadas” é a constante falta de infraestrutura da cidade.

O drama de Porto Velho, no entanto, quase não é sentido, pois está diluído pelo longo tempo. Mas talvez mate mais gente do que a atual tragédia dos gaúchos. Falta de esgotos e de saneamento básico em uma cidade grande funciona como um holocausto sobre crianças, velhos e pessoas fragilizadas. E em Porto Velho, bem diferente de Porto Alegre, só tem uns dois ou três por cento de esgotos e de saneamento básico. Depois de ajudar a capital gaúcha, os brasileiros deveriam ajudar nossa cidade. Aqui a classe política também não faz nada. Desde 1914, nossa capital é uma pocilga, uma fossa a céu aberto, uma latrina suja e imunda. Porto Velho não tem mobilidade urbana, não tem rede de esgotos e a população bebe água de poços imundos cavados ao lado de fossas podres e fedorentas. Pior: a menos de 5 km há uma barragem que pode se romper e devastar tudo.

Além de ajudar os seus irmãos gaúchos, os rondonienses deveriam contribuir e muito para diminuir catástrofes como essa. Mas um político local quer é aumentar ainda mais os índices de desmatamentos nas florestas. O povo daqui, de um modo geral, quer recuperar a BR-319 e também pede a volta do garimpo assassino e poluidor do rio Madeira. Com isso, os desastres ambientais só vão piorar. A própria ONU já reconheceu o drama de Porto Alegre como sendo uma consequência dos constantes ataques do homem à já combalida natureza. Porto Velho e Rondônia ajudam agora, mas depois deviam pedir socorro ao Brasil e ao mundo para tentar sair do eterno e fétido lodaçal em que vive há mais de cem anos. Os políticos deviam doar todo o dinheiro do fundo eleitoral para os gaúchos, que sofrem agora. Mas os porto-velhenses têm sofrido muito também. Só que a nossa dor é invisível. Os políticos só se mexerão quando chover merda por aqui.

 

*Foi Professor em Porto Velho.

Comentários

  • 1
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    Charles Oliveira 22/05/2024

    Primeiramente, devo reconhecer o brilhantismo do nosso estimado professor, cuja sagacidade é inigualável. Entretanto, até os mestres cometem pequenos deslizes – como chamar Porto Velho de capital de Roraima! Deve ser o efeito das chuvas torrenciais em Porto Alegre, que fizeram uma breve confusão geográfica. Quem nunca, não é mesmo? Aproveito para responder ao Cremildo, que jurou nunca mais ler o Nazareno. Cremildo, meu caro, parece que os tempos de escola foram realmente desafiadores para você! Mas não se preocupe, a leitura é um excelente exercício. Que tal dar mais uma chance ao professor? E ao Marcos Antônio, que mencionou “deixa eu cuidar de você” parece mais uma promessa de filme de comédia romântica – lamentável, estamos escrevendo os próximos capítulos da novela política de Rondônia! Já o Cremado e suas lições de gramática: realmente, diferenciar "perca" e "perda" é mais difícil que atravessar Porto Velho sem molhar os pés. No mais, vamos rir para não chorar com as tragédias e comédia da vida real, e torcer para que nossas cidades recebam o socorro que tanto necessitam. Abraços a todos!

  • 2
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    Marcos Antonio 14/05/2024

    O seu prefeito que você elegeu e agora quer ser governador o lema deixa eu cuidar de voce

  • 3
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    Cremildo 14/05/2024

    Perca. É uma forma verbal, ou seja, flexão do verbo perder. Aparece na primeira e terceira pessoa do singular do presente do subjuntivo e na terceira pessoa do singular do imperativo. Acredito que quem fugiu da escola São vocês.

  • 4
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    Cremado 14/05/2024

    Meu primo Cremildo precisa saber diferenciar o que é PERCA ou o que é PERDA. O problema é que no primário os professores não ensinam isso. Nazareno ! Você se dispõe a ensinar isso ao cremildinho ?

  • 5
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    José Hermes 14/05/2024

    Falou, Cremildo ! Eu concordo contigo. Ler as colunas do Nazareno, para nós que somos semi-analfabetos, é duro demais. Nunca sabemos discernir entre ironia e realidade

  • 6
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    Aristides 14/05/2024

    Prof. Nazareno acertivo como sempre. Pra quem se incomoda basta dar uma lida no PL 3334 de autoria de certo senador de RO e sua grande preocupação com o meio ambiente.

  • 7
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    Leonardo Mascarenhas 14/05/2024

    Mas você sabe ler, Cremildo ? Porque escrever... você não sabe.

  • 8
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    Cremildo 13/05/2024

    Prometo não ler nada deste cara mais. Perca de tempo. Só escreve asneiras.

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