E se todos os milicianos forem perdoados?
"Bolsonaro sabe que o Supremo até pode continuar reagindo, mas sabe que o país não reage", escreve o jornalista Moisés Mendes
Jair Bolsonaro-Daniel Silveira (Foto: Reprodução)
Hoje ou amanhã, Bolsonaro pode decretar, antes mesmo das condenações, perdão a todos os milicianos que protegem a família. Os agregados mais próximos e os que têm franquias de milícias amigas.
E juristas, ex-ministros do Supremo, políticos, jornalistas e especialistas em alguma coisa debaterão se Bolsonaro pode perdoar todos os milicianos.
Bolsonaro poderá, e não duvidem, perdoar o assassino de Marielle. E então debateremos se ele tem o direito de perdoar o assassino, porque assim perdoaria também o mandante do assassinato.
Debater os desmandos e os crimes de Bolsonaro e das facções bolsonaristas é a diversão do Brasil. Estamos entretidos com as controvérsias, as verdadeiras e as falsas controvérsias.
Já fomos especialistas em prisão preventiva e em condução coercitiva e em controles de pandemias e agora nos especializamos em indultos para criminosos com imunidade parlamentar.
Debatemos se as quadrilhas das vacinas poderiam ter vendido imunizantes que não existiam. E já nem debatemos mais sobre as quadrilhas da cloroquina.
Ninguém sabe o que pode acontecer, ou não acontecer, com os incluídos na lista de pedidos de indiciamento da CPI do Genocídio.
E nem se fala da lista dos que estão entrincheirados em imunidades (que são apenas 12 de 79 denunciados), mas dos criminosos comuns. Todos impunes. E a lista é de outubro.
Desistimos de debater sobre as boiadas de Ricardo Salles, e só houve debate agora sobre a admiração dos fascistas pelos torturadores porque de vez em quando morre um deles.
A consequência dessas discussões é quase nula, como reparação efetiva, porque o Supremo resiste sozinho e não pode fazer tudo.
Os brasileiros resignados acham que Alexandre de Moraes deve enfrentar Bolsonaro e os milicianos do jeito que dá, enquanto parte das esquerdas ataca Alexandre de Moraes.
Defendem que Moraes deveria fazer bem mais do que já faz, mas somos incapazes, como se viu dois sábados atrás, de sair às ruas para dizer que não aguentamos mais.
O decreto de Bolsonaro anistiando um criminoso, um dia depois da condenação, é uma bofetada, não só na cara do Supremo, mas na cara de todos nós.
Bolsonaro sabe que o Supremo até pode continuar reagindo, mas sabe que o país não reage.
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
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Comentários
Até o Lula maior chefe de quadrilha do mundo, teve perdão de pena orquestrado pelo STF, porque Daniel Silveira nao poderia ter pelo presidente, será que só vale para a esquerda.
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