'Em 64 não precisou assinar nada', diz Cid em mensagens golpistas

PF diz que grupo comparou plano com golpe que levou à ditadura no país

Fonte: Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil/Foto: © Polícia Federal/divulgação - Publicada em 26 de novembro de 2024 às 18:57

'Em 64 não precisou assinar nada', diz Cid em mensagens golpistas

Trechos do relatório da Polícia Federal (PF) para o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado chamam a atenção pelas menções dos investigados à ditadura militar no Brasil.

No documento, que teve o sigilo retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aliados de Jair Bolsonaro reclamam da espera por um decreto do ex-presidente para iniciar o golpe:

“64 não precisou de ninguém assinar nada...”, diz  Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.

O decreto chegou a ser preparado, mas o golpe não ocorreu principalmente pela falta de apoio do Alto Comando do Exército, segundo a PF.

No diálogo entre os dois, Cavaliere reclama da não efetivação do golpe.

“Fomos covardes, na minha opinião”. Mauro Cid concorda e acrescenta: “Fomos todos. Do PR e os Cmt F”, abreviações que, conforme a PF, se referem ao então presidente da República, Jair Bolsonaro, e aos Comandantes das Forças Armadas. Cavaliere replica: “PR também”, “estamos f...”.

É nesse contexto, que Cid relembra o golpe militar do passado.

“O problema é que muita gente garganta demais...”; “64 não precisou de ninguém assinar nada...”, disse.

Cavaliere discorda sobre a comparação e diz que era preciso alguém tomar a iniciativa do golpe naquele momento. “64 estavam na mesma embromação; até que 1, apenas 1, surtou e votou a tropa na estrada; daí o efeito cascata; o primeiro que colocar os cães na rua leva o resto; a revolta está imensa”, afirmou na troca de mensagens.

No total, 37 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

De acordo com relatório da investigação, o grupo criminoso atuou para desacreditar o processo eleitoral. E chegou a planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Os indiciados se organizaram em seis núcleos para colocar em prática as ações para desestabilizar a democracia brasileira.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2024-11/em-64-nao-precisou-assinar-nada-diz-cid-em-mensagens-golpistas

'Em 64 não precisou assinar nada', diz Cid em mensagens golpistas

PF diz que grupo comparou plano com golpe que levou à ditadura no país

Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil/Foto: © Polícia Federal/divulgação
Publicada em 26 de novembro de 2024 às 18:57
'Em 64 não precisou assinar nada', diz Cid em mensagens golpistas

Trechos do relatório da Polícia Federal (PF) para o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado chamam a atenção pelas menções dos investigados à ditadura militar no Brasil.

No documento, que teve o sigilo retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aliados de Jair Bolsonaro reclamam da espera por um decreto do ex-presidente para iniciar o golpe:

“64 não precisou de ninguém assinar nada...”, diz  Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.

O decreto chegou a ser preparado, mas o golpe não ocorreu principalmente pela falta de apoio do Alto Comando do Exército, segundo a PF.

No diálogo entre os dois, Cavaliere reclama da não efetivação do golpe.

“Fomos covardes, na minha opinião”. Mauro Cid concorda e acrescenta: “Fomos todos. Do PR e os Cmt F”, abreviações que, conforme a PF, se referem ao então presidente da República, Jair Bolsonaro, e aos Comandantes das Forças Armadas. Cavaliere replica: “PR também”, “estamos f...”.

É nesse contexto, que Cid relembra o golpe militar do passado.

“O problema é que muita gente garganta demais...”; “64 não precisou de ninguém assinar nada...”, disse.

Cavaliere discorda sobre a comparação e diz que era preciso alguém tomar a iniciativa do golpe naquele momento. “64 estavam na mesma embromação; até que 1, apenas 1, surtou e votou a tropa na estrada; daí o efeito cascata; o primeiro que colocar os cães na rua leva o resto; a revolta está imensa”, afirmou na troca de mensagens.

No total, 37 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

De acordo com relatório da investigação, o grupo criminoso atuou para desacreditar o processo eleitoral. E chegou a planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Os indiciados se organizaram em seis núcleos para colocar em prática as ações para desestabilizar a democracia brasileira.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2024-11/em-64-nao-precisou-assinar-nada-diz-cid-em-mensagens-golpistas

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