Esquerda prepara novo 2013 sem saber

"Junho de 2013 foi um tiro no pé da esquerda. Agora, setores da esquerda voltam a atacar o governo de esquerda que ajudaram a eleger", diz Eduardo Guimarães

Eduardo Guimarães
Publicada em 05 de outubro de 2023 às 14:38
Esquerda prepara novo 2013 sem saber

Presidente Lula e ex-presidente Dilma (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

Há dez anos, o Brasil estava bombando. Economia ia bem, emprego era farto e a popularidade de Dilma Rousseff era estratosférica. Pesquisa CNI/IBOPE de março daquele ano anunciava que Dilma tinha popularidade de SETENTA E NOVE POR CENTO. Isso mesmo, 79% de aprovação pessoal.

É importante divulgar o link para essa matéria para que fique muito claro tudo que aconteceria três meses depois: Dilma é aprovada por 79% e supera Lula e FHC, diz CNI/Ibope.

Não vou cansar o leitor relembrando muito do que aconteceu. Apenas vamos ver o que ocorreu três meses depois. Segundo o portal G1, Dilma teve maior queda de um presidente na história e a aprovação ao seu governo despencou para 30%, segundo pesquisa Datafolha realizada entre os dias 27 e 28 de junho de 2013.

No ano seguinte, após grupos de esquerda dizerem que não ia ter Copa do Mundo, acusando Dilma por gastar muito com Estados, o jogo de abertura do mundial, um ano depois, teve gritos de "Hei, Dilma, vai tomar no cu". Mais uma vez, links para revisitar:

Dirão que a causa era boa, que os estádios eram caros, que isso, que aquilo, mas o que produziram aqueles ataques à presidente?

Manchete de 6 de agosto de 2015 do portal G1 revela: "8% aprovam e 71% reprovam governo Dilma, diz Datafolha".

Oito Meses depois, Dilma Rousseff é afastada, assume Michel Temer, acaba com a CLT e, em seguida, dois anos depois, Lula é preso e o Brasil elege um nazifascista para governar o Brasil.

O primeiro ato de Bolsonaro, assinado no dia seguinte à posse (2/1/19) se traduz por manchete do portal UOL: "Primeira MP de Bolsonaro extingue Ministério do Trabalho".

O resto das consequências de junho de 2013 todos sabem. A pobreza e a miséria dispararam, a corrupção chegou a níveis impensáveis e o combate a ela sumiu. Bolsonaro acabou com a mesma Lava Jato que o elegeu enquanto prometia "combater a corrupção".

É ocioso explicar como o golpe contra Dilma e a prisão de Lula permitiram a maior onda de roubalheira já vista neste país, pelo bolsonarismo. Ainda está sendo apurado tudo que Bolsonaro roubou. E os bilhões de dinheiro público que gastou para TENTAR comprar a própria reeleição.

Novo 2013 - Há semanas e semanas que Lula está sob artilharia da... esquerda! Até de racista está sendo chamado. Via insinuação, claro, mas, ainda assim, debitam a ele a responsabilidade de acabar com o racismo estrutural nomeando para o STF uma mulher negra que ele não conhece, já que não conhece nenhuma jurista negra a ponto de indicá-la.

Note-se que Lula titubeia diante de nomes para a PGR porque não os conhece. E para o cargo só confia em Flavio Dino. Não tem outra opção além dele e de seu ex-advogado. Porque sabe que o Congresso deve tentar um golpe.

A Folha de SP acaba de divulgar um plano da horda de direita que domina o Congresso para encurralar Lula e diminuir seu poder: "Congresso articula mudar negociação de emendas e retirar mais poder de Lula".

Hoje, o mesmo jornal divulga um fato que todos sabem e poucos comentam. Diz a matéria que "Direita domina redes sociais e deixa esquerda para trás na batalha digital".

Basicamente, a matéria dá várias explicações para o fenômeno, mas o resumo da longa ópera é o de que a esquerda não se entende, vive brigando, os influenciadores são poucos e recebem pouquíssimo apoio, enquanto a direita os fortalece e apoia.

Mas o pior não é isso. Matéria do portal Terra de 18 de junho de 2013 diz: "Militantes de partidos políticos de esquerda que participavam da manifestação também foram expulsos logo no início da passeata".

Um partido de esquerda denunciou que "A direita usurpou as manifestações de junho de 2013".

Ou seja, junho de 2013 foi um tiro de bomba atômica no pé da esquerda e foi dado pela própria esquerda. E agora, setores da esquerda voltam a atacar o governo de esquerda que ajudaram a eleger e convocam manifestações que podem se converter facilmente em atos contra o governo de esquerda de Lula, conforme mostra matéria no link.

Ou alguém acha que a direita, tão organizada que surfou fácil na eleição dos conselhos tutelares, vai ter menos dificuldades do que em 2013 para expulsar a esquerda de qualquer manifestação que fizer?

Matéria de O Globo mostra o passeio que foi para a direita a eleição de conselhos tutelares a um ano das eleições.

Um alerta como este deve desencadear uma onda de ataques de setores da esquerda contra este militante da esquerda que atua desde 2005, que já foi alvo das forças policialescas da extrema-direita (Sergio Moro) e que fundou o Movimento dos Sem Mídia, ONG que lutou contra Globos, Folhas, Vejas e Estadões.

Depois não adiantará reclamar e fazer manifestações que não farão frente, de novo, às manifestações vitaminadas dos fascistas.

A hora de acordar é agora. Ou nunca

Eduardo Guimarães

Eduardo Guimarães é responsável pelo Blog da Cidadania

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