Executivo do Carrefour afirma que empresa errou no episódio que vitimou João Alberto
Stephano Engelhard disse que a rede de supermercados está sendo procurada por outras empresas para desenvolverem uma campanha contra o racismo. Deputada pede certeza de que crime não fique impune
O vice-Presidente do Carrefour (BR), Stephane Engelhard, informou que foi criado um comitê de diversidade dentro da empresa
O vice-presidente do Carrefour no Brasil, Stephano Engelhard, pediu desculpas pelo episódio que vitimou João Alberto Freitas em uma loja da rede em Porto Alegre (RS). O pedido foi feito em reunião virtual nesta quinta-feira (3) da comissão externa da Câmara que acompanha a investigação do caso:
“O Carrefour errou, o Carrefour falhou. Tem alguma coisa que não funcionou no Carrefour. Vou deixar isso bem claro para que não haja dúvidas. Pode ser uma empresa terceirizada, mas a responsabilidade é nossa”, disse.
João Alberto, que era negro, morreu no dia 19 de novembro após ser espancado por dois seguranças da loja. O coordenador da comissão, deputado Damião Feliciano (PDT-PB), começou a reunião, afirmando que o problema não está localizado na rede de supermercados:
“Nós, eu como coordenador, quero iniciar a fala dizendo que nós ficamos estarrecidos com o que aconteceu no Carrefour. E repito que não é uma peculiaridade só do Carrefour. Outras empresas cometeram atitudes semelhantes. Mas nós vamos aqui tomar como uma questão simbólica por ter tido a morte de mais um corpo negro”, afirmou.
Campanha contra o racismo
Stephano explicou que a rede Carrefour foi procurada por outras grandes empresas interessadas em apoiar uma campanha contra o racismo no país. O executivo disse que a empresa está fazendo uma auditoria de todas as suas atividades para identificar os problemas que causaram a morte de João Alberto.
Segundo ele, foi criado um comitê de diversidade dentro da empresa para propor novas soluções e políticas de inclusão. Stephano Engelhard afirmou que a rede tem 90 mil funcionários no país.
Após a fala inicial do vice-presidente, a reunião da comissão externa prosseguiu, mas fechada, acompanhada apenas pelos deputados do colegiado. Depois da reunião, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) fez um resumo sobre o que foi discutido.
Segurança privada
“Não estamos buscando só uma resposta imediata. O que nós queremos ter certeza é de que esse crime, verdadeiramente um crime, não fique impune, e que a responsabilidade não seja verificada só sobre aquelas pessoas que têm a responsabilidade imediata e direta sobre o crime. Mas, realmente, sobre o que as empresas fazem. Não apenas o Carrefour, mas todas as empresas fazem para impedir com que crimes desse tipo e outros, crimes de racismo, motivados pelo ódio, venham a ocorrer. É muito grave o que aconteceu. É muito grave o que tem acontecido no geral. E para que isso não se repita, é preciso que haja justiça sobre os fatos que aconteceram”, disse.
A deputada informou que os deputados Damião Feliciano, Benedita da Silva (PT-RJ), Orlando Silva (PCdoB-SP), Bira do Pindaré (PSB-MA) e Vicentinho (PT-SP), todos da comissão externa , têm levantado, e ela concorda, é que o Brasil precisa ter uma legislação mais clara sobre empresas de segurança privada, garantindo que todas as empresas sejam fiscalizadas e treinadas a partir dos princípios constitucionais, diretamente pela Polícia Federal.
"Neste caso a empresa não tinha fiscalização, porque ela era tida como uma empresa de segurança não armada. Essa é uma verdadeira gambiarra, a legislação tem um vácuo. Ela acaba facilitando a contratação de pessoas não treinadas e empresas não fiscalizadas. O que é extremamente grave diante dos crimes que temos visto de racismo, no varejo e em muitos lugares do Brasil”, observou Maria do Rosário.
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