Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, é preso em Atibaia, SP
Ele é investigado por participação em suposto esquema de 'rachadinha' na Alerj à época em que Flávio era deputado estadual
Fabrício Queiroz deixa o Instituto Médico Legal em São Paulo na manhã desta quinta-feira (18) — Foto: TV Globo
Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em Atibaia, interior de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (18).
O mandado de prisão preventiva - sem prazo para acabar - foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro, num desdobramento da investigação que apura esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do estado (Alerj). No esquema, segundo a investigação, funcionários de Flávio, então deputado estadual, devolviam parte do salário, e o dinheiro era lavado por meio de uma loja de chocolate e através do investimento em imóveis.
Queiroz foi preso quando estava em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Na quarta-feira, Wassef estava no Palácio do Planalto, na cerimônia de posse do ministro das Comunicações (leia mais baixo sobre a relação de Wassef com o presidente e a família).
- Caseiro disse à polícia que Queiroz estava na casa havia 1 ano
- MP viu indícios de que Queiroz continuou a cometer crimes
- Justiça autoriza prisão de mulher de Queiroz
- Entenda as investigações sobre rachadinha
- Da amizade nos anos 80 ao 'Cadê o Queiroz?'; cronologia
- 'Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro', diz Flávio
Em Brasília, nesta manhã, o presidente deixou o Palácio da Alvorada, residência oficial, em um comboio em alta velocidade, e não parou para falar com apoiadores, como faz há meses.
Até as 10h45, o G1 não tinha conseguido contato com a defesa de Queiroz. O senador Flávio Bolsonaro disse, por uma rede social, que encara "com tranquilidade os acontecimentos de hoje" e que "mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro".
Quando o caso Queiroz veio à tona, ainda em 2018, o senador disse que "as pessoas que são suspeitas têm que ser investigadas". No fim de maio, no entanto, classificou Queiroz como um “cara correto, trabalhador, dando sangue por aquilo que ele acredita”.
Vídeo mostra momento em que Queiroz é preso em Atibaia, no interior de SP
Em setembro de 2019, o advogado Wassef disse ao programa Em Foco que não sabia o paradeiro de Queiroz, e que não era advogado dele. Um caseiro do imóvel disse à polícia, entretanto, que o ex-assessor estava lá havia um ano.
Segundo um delegado que participou da operação, foi preciso arrombar o portão e a porta da casa onde Queiroz estava. Ele não resistiu e só disse que estava muito doente. Na casa, em uma parede sobre a lareira, havia um cartaz do AI-5, ato institucional de 1968 que endureceu a ditadura militar.
Após ser preso, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro passou pelo Instituto Médico Legal na cidade de São Paulo e foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil, de onde saiu por volta das 9h50 para ser transferido para o Rio.
Menção ao AI-5, ao lado de bonecos do personagem Tony Montana, encontrada na casa em Atibaia em que Fabrício Queiroz estava escondido quando foi preso pela Polícia Civil de SP — Foto: Divulgação/Polícia Civil
O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu a prisão de Queiroz porque considerou que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro continuava cometendo crimes e estava fugindo e interferindo na coleta de provas. A Justiça autorizou também a prisão da mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar. Às 10h30, ela ainda não havia sido encontrada e foi considerada foragida.
Fabrício Queiroz em foto com Flávio Bolsonaro — Foto: Reprodução/JN
No Rio, a Polícia Civil também fez buscas na casa de Alessandra Esteves Marins, que faz parte da equipe de apoio do senador Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, Alessandra repassou cerca de R$ 19 mil a Queiroz.
'Conheço tudo que tramita na família Bolsonaro', disse advogado
Fabrício de Queiroz foi preso e levado para unidade da polícia em São Paulo antes de seguir de helicóptero para presídio no Rio
Além de advogado de Flávio, Wassef defende o presidente Jair Bolsonaro no caso da facada que Bolsonaro sofreu de Adélio Bispo em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral para a presidência da República, em 2018, e também atuou na defesa da família Bolsonaro no caso do porteiro.
Em entrevista à Rádio Gaúcha em 28 de abril, o advogado disse que está "no dia a dia" com a família presidencial:
“Eu estou no dia a dia aqui com o presidente e com a família Bolsonaro. Eu conheço tudo que tramita na família Bolsonaro”
Wasseff (à esquerda) participa de cerimônia de posse do ministro das Comunicações, em Brasília, na quarta (18) — Foto: Reprodução/TV Globo
Movimentação de R$ 1,2 milhão em 2016 e 2017
Queiroz foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro até outubro de 2018, quando foi exonerado. O procedimento investigatório criminal do Ministério Público Estadual do RJ que apura as irregularidades envolvendo Queiroz na Alerj chegou a ser suspenso por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, após pedidos de Flávio Bolsonaro em 2019.
As investigações envolvem um relatório do Coaf, que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj. Recursos usados para pagar funcionários na Alerj voltavam para os próprios deputados estaduais.
A movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz ocorreu, segundo as investigações, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques.
— Foto: Rodrigo Sanches/G1
Contadora aciona polícia após descobrir que auxílio emergencial que não havia pedido foi sacado na Caixa
Profissional disse ter tomado conhecimento da situação após lista divulgada pelo TCU
Núcleo de Operações Especializadas da PRF realiza três prisões nesta quarta feira(17)
Adulteração de sinais em motocicleta, embriaguez ao volante e desacato foram registrados
Operação Verde Brasil 2 fiscaliza indícios de irregularidades em madeireiras na região de Buritis
Concomitantemente com a operação, ocorre também a Operação Iléia 1, que busca combater os focos de desmatamento
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook