Falta agora demitir quem nomeu o nazista Alvim para o governo

"Não adianta nada demitir sumariamente esse sujeito travestido de Joseph Goebbels, o teórico do nazismo, se os outros todos, a começar pelo presidente e seus generais, pensam como ele" critica Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia. "Vai ficar tudo por isso mesmo?"

Ricardo Kotscho
Publicada em 18 de janeiro de 2020 às 09:23

Roberto Alvim e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | ABr)

De onde surgiu esse Roberto Alvim, nomeado por Jair Bolsonaro para a secretaria especial de Cultura, que virou uma subpasta do Ministério do Turismo, aquele do laranjal?

Ele não saiu do nada, não foi colocado lá pelos “comunistas”, não houve um engano de pessoa.

Era a pessoa certa, no lugar certo, para implantar os sinistros planos do governo para destruir a cultura nacional e acabar com a liberdade de expressão.

Não adianta nada demitir sumariamente esse sujeito travestido de Joseph Goebbels, o teórico do nazismo, se os outros todos, a começar pelo presidente e seus generais, pensam como ele.

Alvim apenas cometeu o crime de anunciar publicamente, com todas as letras, o ideário do governo para a cultura, gestado no laboratório de Olavo de Carvalho, o guru no neonazismo brasileiro que chegou ao poder.

Bolsonaro nem deve saber quem foi Goebbels, plagiado literalmente por Alvim, mas sabia exatamente o que o seu secretário pretendia fazer no cargo para o qual foi nomeado.

Em setembro, ele já tinha avisado o presidente que pretendia apresentar um “projeto gigantesco que vai gerar a partir de janeiro um bombardeio de arte conservadora no país”.

Foi exatamente isso que Alvim anunciou na noite de quinta-feira pelas redes sociais e Bolsonaro foi acordado hoje cedo com a violenta reação de toda a sociedade contra o atentado à democracia cometido pelo seu subordinado.

Vestido como Goebbels, falando como Goebbels, com o cabelo gomalinado igual ao de Goebbels, com uma ópera de Wagner ao fundo, o idiota repetiu literalmente as mesmas palavras do ministro da Propaganda do nazismo, e achava que ninguém iria perceber.

Goebbels: “A arte alemã da próxima década será heróica (…) ou então não será nada”.

Alvim: “A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional (…) ou então não será nada”.

Engraçado que ele fala sobre a “próxima década” como se o mandato de Bolsonaro fosse de dez anos. Hitler queria um Reich para dominar o mundo por mil anos.

Pego com a mão na botija, o agora ex-secretário botou a culpa nos assessores, que teriam feito “uma pesquisa no Google e deixaram umas frases para o discurso sobre a minha mesa”.

Vai ficar tudo por isso mesmo?

Se depender do deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), não vai.

“Pediremos o indiciamento deste senhor no crime de apologia ao nazismo. Roberto Alvim escancara o perfil neonazista do atual desgoverno que persegue quem pensa diferente e usa a cultura como ferramenta de difusão de uma ideologia racista, misógina, homofóbica e violenta”.

Pois foi exatamente para fazer isso que Bolsonaro nomeou Roberto Alvim, uma figura subalterna, praticamente desconhecida no meio cultural, um pistoleiro que chamou Fernanda Montenegro de “sórdida” antes assumir o cargo.

Deveria ter sido demitido ali mesmo, antes de preparar seu “projeto gigantesco”.

Para acalmar o Congresso, que se rebelou contra o “pronunciamento” de Alvim, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos, avisou que o secretário seria demitido, antes mesmo que Bolsonaro se manifestasse.

“Alvim talvez não esteja bem da cabeça”, reagiu Olavo de Carvalho, depois que o estrago estava feito.

Até ele acha que seu discípulo exagerou…

E quem é que está bem de cabeça nesse governo de dementes e ignaros, recrutados no submundo das milícias virtuais, econômicas, clericais, jurídicas, culturais,  policiais e econômicas, tudo o que o país tem de pior?

Esse neonazismo enrustido que perdeu a modéstia, agora está mostrando as caras.

Vida que segue.

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros

Comentários

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    Antonio Carlos Cruz Veiga 19/01/2020

    Sinto cheiro de mortadela

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    Altemir Roque 19/01/2020

    Com todo respeito ao jornalista, que pelas palavras, não exerce o jornalismo com isenção, mas absolutamente partidário de sua ideologia comunista. Razão a parte para demitir o ministro da cultura, o Alvin, a verdade é que falta ao jornalista um conceito etimológico sobre o que é nazismo ou nomadismo, conforme suas palavras. Se observar os procedimentos dos nazistas e desses que ele chama, deselegantemente e irresponsavelmente de nazistas e neonazistas, qualquer inteligência mediana concluirá a aberração que o jornalista afirma. Apesar dos prêmios, tem méritos ideológicos, entretanto, nesse aspecto, ora em argumento, salvo sua intenção deliberada em afirmar inverdades ou verdade relativas, possui intervenção abaixo da mediana, tal o absurdo que avoca. Ninguém destruiu a cultura brasileira, que por sinal, em muitos aspectos é de um mal gosto enorme. Exagera o jornalista em suas considerações. A cultura que temos hj é em Boa medida oriundas da ideologia esquerda, uma lástima. A música brasileira, com alguma exceções, é ruim de fazer dó. Os filmes uma porcaria. Enfim, essa cultura de que fala o jornalista não acrescenta nada a vida de nenhum brasileiro.

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