Bandeira de israel hasteada no Paço Municipal de Sorocaba (Foto: Prefeitura de Sorocaba)

Depois que surfou no resgate de brasileiros em Israel, promovido pelo governo federal, o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, agora reescreve a Constituição. Neste sábado, ele anunciou o projeto de lei que proíbe manifestações na cidade a favor do Hamas.

"Quem manifestar individualmente vai levar uma multa de 10 mil reais. A manifestação que acontecer através de uma associação, os seus dirigentes vão levar uma multa de 20 mil reais e a própria associação, uma multa de 50 mil reais", afirmou.

Ele diz que não permitirá manifestação em favor "de quem mata crianças, de quem mata mulheres e quem destrói famílias". 

Por essa regra, ele deveria proibir também manifestação a favor de Israel, já que agências internacionais relatam a morte de civis, incluindo crianças e mulheres, na Faixa de Gaza, em razão dos bombardeios promovidos pelo governo de Benjamin Netanyahu.

Mas Manga, que foi eleito pelo Republicanos e é ligado à Igreja Universal, foi o primeiro a se manifestar em favor de Israel, ao hastear a bandeira daquele país no Paço Municipal.

Na última quinta-feira, Manga foi ao aeroporto de Brasília encontrar os brasileiros resgatados pelo governo federal em Israel e levou os sorocabanos de volta à sua cidade em um voo de táxi aéreo.

Uma sorocabana trazida pelo governo federal foi entrevistada ao vivo pela TV Globo e agradeceu a Manga pelo resgate, como se o prefeito tivesse o comando da Força Aérea Brasileira. 

Disse que ele foi "o único político" que se preocupou com os brasileiros que estavam em Israel. Virou piada. Manga é um tipo de político que parece mais preocupado com os temas nacionais do que com a própria administração.

Em Sorocaba, ele foi processado pelo Ministério Público em razão de um negócio escandaloso na área de educação. Segundo o MP, o prefeito Manga gastou R$ 26 milhões com a compra de kits de robótica pelo dobro do preço. 

A promotoria também o acusa de comprar um prédio para abrigar a Secretaria de Educação por um preço R$ 10 milhões acima do valor de mercado. A Justiça aceitou a Ação Civil Pública proposta pelo MP e bloqueou seus bens.

No vídeo que divulgou neste sábado sobre o projeto que será enviado nesta segunda-feira (16) à Câmara Municipal, ele disse: "Que haja paz em Israel". E não mencionou uma única vez a palavra Palestina.

Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: [email protected]