Governador do Rio sugere que Brasil é capital do narcotráfico

A intenção foi chamar a atenção dos que já viajam com porta-aviões por águas caribenhas

Fonte: Denise Assis - Publicada em 29 de outubro de 2025 às 15:26

Governador do Rio sugere que Brasil é capital do narcotráfico

Cláudio Castro (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

Enquanto o país está envolto em expectativa para saber o desfecho de nossas negociações com os Estados Unidos, na reta final de um ano conturbado, tenso, com julgamentos de militares que atentaram contra a democracia, e às vésperas do início de uma eleição majoritária, o governador do Rio, Claudio Castro (PL), um correligionário de Bolsonaro, resolve orquestrar uma operação que deixou como saldo 64 mortos. Há civis inocentes e há policiais entre as vítimas, mas o governador parece mais preocupado em passar a ideia de que todo o território brasileiro está conflagrado e dominado pelo terrorismo do tráfico.

Em suas declarações, ao longo do dia, fez questão de passar a ideia de que o governo federal o deixou ao Deus dará, sem apoio, quando o que ele queria é uma ação ilegal, de “leasing” de armas de grosso calibre. Castro solicitou o “empréstimo” pelas Forças Armadas, de blindados e outros equipamentos, a serem manipulados pela sua polícia, o que é ilegal. Ou ele se dirigia ao ministério da Defesa, solicitando com antecedência uma GLO, ou seu pedido se mostra totalmente fora da lei e de propósitos. As Forças Armadas, segundo declarações de fontes do Alto Comando, não podem fazer esse tipo de repasse de armas do seu uso específico.

De acordo com uma das fontes ouvidas, ao fazer isso o Exército estaria transgredindo e colocando em risco os policiais e a população. Essas armas e equipamentos solicitados pelo governador Castro, de uso exclusivo das FAs, necessitam de treinamento para o seu uso. Dentro dos blindados vão oficias com nível de engenheiros, pois o uso dos blindados exigem perícia. Do contrário podem ser jogados contra carros e pessoas, sem direção, colocando todos em risco. 

Tudo leva a crer que ao fazer o barulho que Claudio Castro fez, na cidade do Rio, ao longo desse 28 de outubro, sua intenção foi chamar a atenção dos que já viajam com porta-aviões por águas caribenhas, imprimindo terror sobre a Colômbia e a Venezuela. Ao que parece, sua intenção foi ampliar a ideia lançada por Flávio Bolsonaro, de que era preciso chamar a força dos EUA, para dar cabo de navios na Baía da Guanabara. Castro demonstra querer ampliar a ideia e criar um quadro para justificar tal ação, ou seja, a de uma intervenção militar estrangeira em nosso solo. Conspurcar a imagem da cidade vitrine, transformando-a em capital do narcotráfico, é chamar para o colo do governo federal mais esse imbróglio. Exagero? Vai vendo...

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

Governador do Rio sugere que Brasil é capital do narcotráfico

A intenção foi chamar a atenção dos que já viajam com porta-aviões por águas caribenhas

Denise Assis
Publicada em 29 de outubro de 2025 às 15:26
Governador do Rio sugere que Brasil é capital do narcotráfico

Cláudio Castro (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

Enquanto o país está envolto em expectativa para saber o desfecho de nossas negociações com os Estados Unidos, na reta final de um ano conturbado, tenso, com julgamentos de militares que atentaram contra a democracia, e às vésperas do início de uma eleição majoritária, o governador do Rio, Claudio Castro (PL), um correligionário de Bolsonaro, resolve orquestrar uma operação que deixou como saldo 64 mortos. Há civis inocentes e há policiais entre as vítimas, mas o governador parece mais preocupado em passar a ideia de que todo o território brasileiro está conflagrado e dominado pelo terrorismo do tráfico.

Em suas declarações, ao longo do dia, fez questão de passar a ideia de que o governo federal o deixou ao Deus dará, sem apoio, quando o que ele queria é uma ação ilegal, de “leasing” de armas de grosso calibre. Castro solicitou o “empréstimo” pelas Forças Armadas, de blindados e outros equipamentos, a serem manipulados pela sua polícia, o que é ilegal. Ou ele se dirigia ao ministério da Defesa, solicitando com antecedência uma GLO, ou seu pedido se mostra totalmente fora da lei e de propósitos. As Forças Armadas, segundo declarações de fontes do Alto Comando, não podem fazer esse tipo de repasse de armas do seu uso específico.

De acordo com uma das fontes ouvidas, ao fazer isso o Exército estaria transgredindo e colocando em risco os policiais e a população. Essas armas e equipamentos solicitados pelo governador Castro, de uso exclusivo das FAs, necessitam de treinamento para o seu uso. Dentro dos blindados vão oficias com nível de engenheiros, pois o uso dos blindados exigem perícia. Do contrário podem ser jogados contra carros e pessoas, sem direção, colocando todos em risco. 

Tudo leva a crer que ao fazer o barulho que Claudio Castro fez, na cidade do Rio, ao longo desse 28 de outubro, sua intenção foi chamar a atenção dos que já viajam com porta-aviões por águas caribenhas, imprimindo terror sobre a Colômbia e a Venezuela. Ao que parece, sua intenção foi ampliar a ideia lançada por Flávio Bolsonaro, de que era preciso chamar a força dos EUA, para dar cabo de navios na Baía da Guanabara. Castro demonstra querer ampliar a ideia e criar um quadro para justificar tal ação, ou seja, a de uma intervenção militar estrangeira em nosso solo. Conspurcar a imagem da cidade vitrine, transformando-a em capital do narcotráfico, é chamar para o colo do governo federal mais esse imbróglio. Exagero? Vai vendo...

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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