IBGE: desocupação no 1º trimestre foi puxada por Norte e Nordeste

Índices nas demais regiões do país permaneceram estáveis

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil/Foto: © REUTERS/Amanda Perobelli/Direitos Reservado
Publicada em 27 de maio de 2021 às 11:00
IBGE: desocupação no 1º trimestre foi puxada por Norte e Nordeste

As regiões Norte e Nordeste puxaram a alta no desemprego no primeiro trimestre de 2021, que alcançou a taxa nacional de 14,7%, além do contingente recorde de 14,8 milhões de pessoas, dentro da série histórica iniciada em 2012. É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada hoje (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Norte, a taxa passou de 12,4% no último trimestre de 2020 para 14,8%. No Nordeste, o indicador foi de 17,2% para 18,6% no mesmo período. Também são as maiores taxas registradas desde 2012. Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, as demais regiões ficaram estáveis.

“Norte e Nordeste tiveram aumento significativo da procura por trabalho no primeiro trimestre de 2021, elevando a taxa de desocupação nessas duas regiões. Nas outras regiões, o cenário foi de estabilidade na desocupação e na ocupação na comparação trimestral”.

A taxa de desemprego no Sudeste está em 15,2%, no Sul em 12,5% e o Centro-Oeste tem a menor taxa entre as regiões do país, de 8,5%.

Com a alta registrada no primeiro trimestre do ano, o número de desempregados no Norte chegou a 1,2 milhão, um aumento de 187 mil pessoas. No Nordeste, foram 370 mil pessoas a mais, somando 4,4 milhões. A analista destaca que essas regiões também se caracterizam historicamente pela grande taxa de informalidade.

“São regiões onde há menos presença de atividades econômicas com contratação de emprego por meio da carteira de trabalho, por exemplo, e boa parte dos trabalhadores são ocupados no comércio, em serviços mais informais. É uma característica econômica dessas regiões, onde há uma inserção mais precária dos trabalhadores, fazendo com que essa mão de obra informal seja mais preponderante na composição dos ocupados”.

O IBGE estima a taxa de informalidade em 53,3% no Nordeste e 55,6% no Norte, ambas acima da média nacional de 39,6%. Segundo os dados do instituto, dos 34 milhões de trabalhadores informais do país, 10,2 milhões estão no Nordeste e 3,4 milhões no Norte. Já o nível de ocupação, que ficou em 48,4% no país, está em 40,9% no Nordeste e 48,2% no Norte.

Raça e gênero

Enquanto a taxa de desocupação entre os brancos é de 11,9%, abaixo da média nacional de 14,7%, entre as pessoas pardas o indicador é de 16,9% e entre os pretos chega a 18,6%. A analista do IBGE aponta que os números refletem um racismo estrutural existente no país e que foi aprofundado com a crise provocada pela pandemia de covid-19.

“No primeiro trimestre de 2012, a taxa de desocupação da pessoa parda era 37,9% maior do que a de uma pessoa branca. Essa diferença, no primeiro trimestre de 2021, é de 42%. Em relação à população de cor preta, a diferença é maior. A taxa de desocupação de uma pessoa preta é 56,3% maior do que o de uma pessoa branca. Assim como a da população parda, essa não é a maior diferença já registrada. A maior foi no ano passado, no auge da pandemia. É um problema estrutural, que muitas vezes se agrava em momentos de crise do mercado de trabalho”.

Quanto ao gênero, as mulheres representam 43,3% das pessoas ocupadas e 54,5% da população que está em busca de emprego. A desocupação ficou em 12,2% para os homens e em 17,9% para as mulheres. De acordo com Adriana, a taxa aumentou para toda a população durante a pandemia, mas a partir do segundo trimestre de 2020 a diferença entre homens e mulheres se aprofundou.

“A taxa de desocupação da mulher é 46,7% maior do que a do homem e, nesse último trimestre, a taxa cresceu mais entre as mulheres do que entre os homens, mostrando que ainda entre as mulheres o avanço da desocupação está sendo mais intenso”. A pesquisadora destaca também que a inserção no mercado de trabalho ocorre de forma diferente, de acordo com o gênero.

“Elas são maioria na desocupação, embora tenham escolaridade, em média, maior do que a dos homens. Isso tem a ver a com a forma que as mulheres estão conseguindo se inserir. Muitas têm ocupações temporárias, então elas têm maior rotatividade no mercado de trabalho. Muitas conseguem emprego, mas têm que sair para cuidar dos filhos ou de outros membros da família, gerando uma rotatividade ou pequena permanência no trabalho, o que faz com que, muitas vezes, elas estejam tentando se reinserir e constantemente pressionando o mercado de trabalho. Além desse aspecto, a atual crise no mercado de trabalho pode estar acentuando a desocupação entre as mulheres”.

Na análise por idade, a taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos ficou em 31% no primeiro trimestre do ano, com esse grupo etário representando 29% das pessoas desocupadas. O grupo entre 25 a 39 representa a maior parcela de quem busca um emrpego, com 34,6% do total.

Já os grupos de idade entre 40 e 59 anos e de 60 anos ou mais aumentaram a participação entre os ocupados, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, passando de 41,1% para 44,1% e de 8,3% para 8,9%, respectivamente.

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