Insistência de Ciro é irracional e suspeita
Eduardo Guimarães desafia "qualquer um a dar uma uma explicação alternativa à de que Ciro se vendeu a Bolsonaro"
Jair Bolsonaro e Ciro Gomes (Foto: Reuters/P. Whitaker)
Ciro Gomes tratou de oferecer uma explicação para os cochichos e sorrisos que ele e Bolsonaro trocaram no debate da Band. Pedetista afirma que disse ao presidente que ele deveria desistir em prol de si.
Comecemos por aí. Ciro Gomes está empacado na faixa entre 6% e 9% nas pesquisas há mais de um ano. Segundo a última pesquisa Datafolha, precisaria tirar diferença de 27 pontos para o presidente para desbancá-lo do 2º turno. E restam menos de três semanas para o pleito.
Um dado revela quão microscópica é a chance de Ciro conseguir realizar essa façanha de desbancar Bolsonaro no segundo turno; nas últimas cinco eleições, nenhum candidato que ostentava apenas um dígito nas pesquisas, a três semanas da votação, foi para o segundo turno.
A fala que Ciro relata ter dito a Bolsonaro no debate da Band, se for verdadeira mostra que ele sabe que não tem chance. Do contrário, não teria proposto ao presidente que lhe permitisse enfrentar Lula no segundo turno.
No último sábado, reportagem do jornal Folha de São Paulo mostrou que candidatos do PDT ignoram Ciro em suas campanhas. E o partido não tem nenhum candidato a governador que tenha sequer chance de vencer. Com Ciro, o PDT deve sair da eleição de 2022 como nanico.
Simone Tebet e Soraya Tronicke têm motivos claros para se manter na disputa, mesmo não tendo chance. Ganhando ou perdendo, estão se tornando mais conhecidas pelo eleitorado nacional, que, até há pouco, não as conhecia. Estão semeando voos futuros. Ciro, não. É amplamente conhecido.
Aliás, a última pesquisa Datafolha mostra Ciro muito mal na foto. Para que se possa entender por que, basta lembrar que pesquisa Datafolha de 10 de setembro de 2018 dava Bolsonaro com 24%, Ciro com 13%, Marina com 11%, Alckmin com 10% e Haddad com 9%.
Ou seja, de setembro de 2018 para setembro de 2022 Ciro encolheu seis pontos percentuais -- tem, hoje, pouco mais da metade das intenções de voto de quatro anos atrás. E está em queda nas pesquisas.
Todos os dados disponíveis mostram que Ciro sairá menor desta eleição. Muito menor, porque o voto útil já o faz encolher. Os escassos bolsonaristas que atraiu atacando Lula já estão voltando para Bolsonaro, segundo o Datafolha. Como são mais antipetistas que arrependidos do voto em 2018, enxergam que o pedetista não tem como desbancar Bolsonaro do segundo turno e muito menos como vencer o petista na segunda rodada da eleição.
Por que, então, Ciro não desiste? Não é nenhum exagero afirmar que sairá desta eleição muito menor do que saiu da de quatro anos atrás. E a lorota que contou agora sobre desistir da política se não se eleger desta vez ele já contara em 2018.
É óbvio que Ciro não tem um só motivo inteligível para se manter em uma disputa que, ao final, irá humilhá-lo e miniaturizá-lo políticamente. Além disso, sabe muito bem que está ajudando Bolsonaro a se reeleger.
Alguns diriam que Ciro quer se vingar de Lula e do eleitorado que teima em ignorá-lo eleição após eleição. Como? Ajudando o atual presidente a acabar a demolição do país em um nefasto e preocupante segundo mandato, no qual, de quebra, daria um autogolpe de Estado, segundo já prometeu.
A única explicação plausível para essa insistência de Ciro, portanto, é a de que ele espera ganhar alguma coisa se Bolsonaro se reeleger, por isso atua como seu pistoleiro contra Lula.
Mas Ciro ataca Bolsonaro também, dirão seus apoiadores residuais. E daí? Os ataques de Ciro a Bolsonaro lhe dão melhor credibilidade ao atacar Lula, mesmo que critique este com muito mais ênfase do que àquele.
Este que vos fala, portanto, desafia qualquer um a dar uma uma explicação alternativa à de que Ciro se vendeu a Bolsonaro enquanto disfarça a transação ao atacar (muito menos) o pior presidente que o país já teve.
Eduardo Guimarães
Eduardo Guimarães é responsável pelo Blog da Cidadania
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