“Jamais esteve sob análise privatizar o SUS”, diz Guedes

Ministro falou na audiência virtual da Comissão Mista do Congresso

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil/Foto: Marcos Corrêa/PR
Publicada em 29 de outubro de 2020 às 15:10
“Jamais esteve sob análise privatizar o SUS”, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje (29) que a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS) jamais esteve sob análise da equipe econômica. Mas, segundo ele, houve, sim, uma intenção da área de parcerias público-privadas (PPP) em utilizar capital privado para finalização de obras de unidades de saúde. Em contrapartida, o governo ofereceria aos usuários um voucher para atendimento médico na rede privada, para suplementar o setor de saúde pública.

Está cheio de capital privado disponível, aí eles vêm e se oferecem 'vamos fazer PPP, a gente pode terminar as obras, vocês não gastam com a infraestrutura e vocês dão um cheque consulta, como se fosse um voucher saúde'. Aí a pessoa vai ser atendida, é melhor do que não ter [atendimento]”, disse, durante audiência virtual da Comissão Mista do Congresso que acompanha a situação fiscal e a execução orçamentária das medidas relacionadas à pandemia da covid-19.

Na terça-feira (27), por meio de decreto, o governo incluiu a política de fomento ao setor de atenção primária à saúde no seu programa de concessões e privatizações, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que previa a realização de estudos e a avaliação de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Diante das repercussões, ontem (28), a medida foi revogada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Para Guedes, durante essa crise, o SUS mostrou “a decisiva importância de termos um sistema descentralizado de acesso universal à saúde” e que seria um contrassenso a privatização. “Quem é maluco de acabar com acesso universal? A luta é o contrário, como aumentar o acesso universal? Como dar um voucher à saúde, à educação, para que as pessoas possam procurar escolas, porque o setor público sozinho não tem a capacidade financeira de atender todo mundo”, disse.

Guedes explicou que atualmente há mais de 4 mil UBS e 168 unidades de Pronto Atendimento (UPAs) inacabadas em todo o país, por falta de recursos. “Isso no meio de uma epidemia e o governo sem a capacidade de atendimento”, ressaltou, justificando a intenção do decreto da equipe do PPI. Ele disse que a secretária Especial do PPI, Martha Seillier, é uma pessoa “totalmente insuspeita” e uma funcionária pública competente e que já trabalhou para outros governos.

Ontem, em nota, o Ministério da Economia também esclareceu que a eventual concessão da construção e da gestão de UBS à iniciativa privada não afetará a gratuidade do SUS. Para Guedes, entretanto, se a medida não for bem-aceita, “seja por preconceito, por decisão, por incompreensão política, não tem problema, os recursos vão para outro lugar”.

De acordo com o ministro, o governo tem projetos de privatizações e concessões, por exemplo, na área de saneamento, petróleo e setor elétrico. “Não entrou na nossa consideração invadir a área de saúde para privatizar jamais”, ressaltou.

Segunda onda

Guedes falou ainda sobre as condições econômicas do governo caso o país seja atingido por uma segunda onda de infecções da covid-19. De acordo com ele, o governo tem fôlego para seguir até o fim do ano, mantendo os compromissos com as prorrogações do auxílio emergencial e de preservação do emprego. “Dali para frente é um ponto de interrogação. Se não trabalharmos as reformas teremos de novo um enorme desafio ano que vem”, disse.

Para ele, as reformas estruturantes, como tributária, administrativa e o novo pacto federativo, são essenciais para a retomada do crescimento, a criação de emprego e renda para a população e o equilíbrio fiscal. Entretanto, caso seja necessário “daremos uma resposta igualmente decisiva e encontraremos recursos. “Mas não é plano A, o que vemos no momento é a doença descendo e a economia voltando”, explicou.

No caso do pacto federativo, o ministro afirmou que é importante acrescentar uma cláusula sobre condições de calamidades públicas. “O que acontece se amanhã subir o nível do mar? E 80% da população brasileira vive na costa, vamos ver milhares fugindo para as montanhas. Como vai ser isso se houver um desastre ambiental ou uma calamidade, uma covid-26, como vamos enfrentar isso? Temos que ter uma cláusula de calamidade pública, justamente que crie esse sistema de exceção para episódios onde precisamos preservar vida e empregos de brasileiros”, disse.

Comentários

  • 1
    image
    Sebastião Farias 03/11/2020

    Todos as pessoas e cidadãos que, forem emitir opinião quanto a querer justificar a privatização plena ou fatiada em relação à essência, existência ao espírito do SUS, à luz do interesse do povo e da soberania da nação brasileira, emanados com a CF de 1988, deveriam antes de mais nada, conhecerem a fundo, o perigo latente e a afronta para os direitos e soberania desse povo, conquistados, pós ditadura. Devem considerar e levar em conta que, o SUS, é patrimônio coletivo da nação enquanto, a privatização pretendida, é a apropriação individual ou de grupos, daquilo que é de todos. O SUS, é motivo de orgulho por ser modelo de segurança para o país, em casos sanitários nacionais extremos, como por exemplo Pandemias e, esperança de bem-estar e de proteção para nós, brasileiros mas também, para àqueles países que veem nele, modelo a ser utilizado e aperfeiçoado. Sua importância e oportunidade de valorização cidadã dos esforços e conquistas democráticas do povo brasileiro com a CF de 1988, estão aí para quem quiser conhecer, como exemplo de fraternidade cidadã. No contexto político, social e econômico, o SUS representa para o Brasil, a maior trincheira da cidadania brasileira construída pelo povo brasileiro, sob o espírito da Constituinte e da CF de 1988, contra a desigualdade, a injustiça, contra os negativistas históricos que nunca se reconhecem brasileiros e também, contra aqueles que negam direitos à plena cidadania a seus irmãos brasileiros . No meio disso tudo, a imprensa conservadora e impatriótica que sempre foi oposição sim, à soberania do povo brasileiro, apesar de ainda ser tempo para pagarem seus passivos cívicos, defendendo daqui e diante, a CF, a soberania do povo, a unidade e fraternidade e, principalmente, o povo e o SUS, que é patrimônio de todos os brasileiros. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htmhttp:// www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/a-importancia-de-um-sistema-de-saude-publico-e-universal-no-enfrentamento-a; São as nossas observações sobre a matéria e, nossas sugestões e contribuições à discussão responsável do tema. Sebastião Farias Um cidadão brasileiro nordestinamazônida

Envie seu Comentário

 
Winz

Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook