Justiça de RO manda site retirar reportagem sobre gado de fazenda de Bagattoli

O conteúdo tratava da compra de gado proveniente de áreas com desmatamento ilegal pela fazenda Alvorada, pertencente ao senador Jaime Bagattoli (PL-RO)

Fonte: Tudorondonia com UOL - Publicada em 03 de setembro de 2025 às 11:36

Porto Velho, RO –  Reportagem do jornalista Pedro Canário, publicada pelo UOL, revelou que a Justiça de Rondônia determinou a retirada do ar de uma matéria do site O Joio e o Trigo. O conteúdo tratava da compra de gado proveniente de áreas com desmatamento ilegal pela fazenda Alvorada, pertencente ao senador Jaime Bagattoli (PL-RO).

A decisão, assinada pelo juiz Andresson Cavalcante Fecury, da 1ª Vara Cível de Vilhena, atendeu a pedido de Orlando Bagattoli, irmão e sócio do senador no Grupo Bagattoli. 

De acordo com o UOL, o magistrado entendeu que a reportagem extrapolou “os limites do direito de informar, ao imputar fatos graves e ofensivos à reputação do autor, sem respaldo probatório adequado”. O caso corre em segredo de Justiça.

Acusações de censura e liberdade de expressão

O site O Joio e o Trigo informou que recorrerá da decisão, alegando que houve cerceamento da liberdade de expressão. A reportagem havia sido publicada em 30 de janeiro e, após ser retirada, foi republicada pelo Pulitzer Center, organização internacional de apoio ao jornalismo investigativo.

De acordo com a investigação citada na matéria, a fazenda do grupo Bagattoli comprou bois de quatro propriedades com registros de desmatamento ilegal. Esses animais foram revendidos ao frigorífico Minerva, por meio de operações financeiras com Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).

Bagattoli critica STF e defende liberdade de expressão 

Além da polêmica judicial, o senador rondoniense é hoje um dos principais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Bagattoli tem repetidamente acusado o Supremo Tribunal Federal (STF) de censura e perseguição, afirmando defender a “liberdade de expressão” em sua forma mais ampla, especialmente nas redes sociais e na imprensa.

Em declarações anteriores, segundo o UOL, Bagattoli reconheceu que a compra de gado de áreas com irregularidades é prática comum na região. Segundo ele, grande parte das terras de Rondônia e Mato Grosso enfrenta problemas fundiários ou ambientais.