Líder do feminismo negro é homenageada no 'Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria'
A norma provém do PL 614/2022, do senador Paulo Paim (PT-RS)
Historiadora, Beatriz Nascimento nasceu em 1942, em Aracaju, e foi assassinada em 1995, no Rio de Janeiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que inscreve no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria o nome de Maria Beatriz Nascimento. A Lei 14.712, de 2023, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (31). A norma provém do PL 614/2022, do senador Paulo Paim (PT-RS).
Feminismo negro
Junto a outros militantes do movimento negro, Maria Beatriz Nascimento fundou em 1981 o Grupo de Trabalho André Rebouças, na Universidade Federal Fluminense (UFF), quando concluiu pós-graduação em história.
"Entre os anos finais da década de 1970 e início dos anos 80, Maria Beatriz foi uma presença constante na retomada dos movimentos sociais negros. E, como historiadora, dedicou-se ao estudo das formações de quilombos. Produziu muitos artigos sobre quilombos, a resistência cultural negra e o racismo. Trabalhou no documentário Ôrí, lançado em 1989. Esse filme cobre o renascimento do movimento negro entre 1977 e 1988. A obra acadêmica de Maria Beatriz também foi fundamental para o entendimento das práticas discriminatórias que pesam sobre os corpos das mulheres negras. Ela foi uma expoente do feminismo negro", destaca o relatório da senadora Daniella Ribeiro(PSD-PB) lido por Flávio Arns (Podemos-PR) na Comissão de Educação (CE), em maio de 2022.
Maria Beatriz nasceu em Aracaju em 1942, filha de um pedreiro com uma dona de casa, junto a uma família com nove irmãos. Em 1949 a família se mudou para a periferia do Rio de Janeiro. Apesar das dificuldades, Maria Beatriz priorizava os estudos e conseguiu formar-se em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1971.
Maria Beatriz Nascimento chegou a iniciar um mestrado na Faculdade de Comunicação Social da UFRJ em 1994, sob a orientação do sociólogo e jornalista Muniz Sodré. Mas não pôde concluí-lo, pois foi assassinada em janeiro de 1995 pelo companheiro de uma amiga. Maria Beatriz a havia aconselhado a terminar o relacionamento em razão das violências domésticas que sofria. Foi sepultada no cemitério São João Batista, no Rio, com a presença de militantes do movimento negro brasileiro.
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