Lula e Galípolo: o primeiro gol de placa de Sidônio

Presidente garantiu autonomia do Banco Central e começou a furar o ataque especulativo contra o real

Fonte: Marco Damiani - Publicada em 21 de dezembro de 2024 às 13:46

Lula e Galípolo: o primeiro gol de placa de Sidônio

Gabriel Galípolo (à esq.) e Lula (Foto: Reprodução (YT)

Na primeira intervenção pontual em vídeo desde a alta hospitalar do presidente Lula e, especialmente, em meio ao fogaréu da queima de bilhões de dólares em praça pública, o marqueteiro Sidônio Palmeira mostrou ter um toque de classe. Instalou o presidente com seu simpático chapéu, livros ao fundo, entre o ministro da Fazenda e o futuro presidente do Banco Central, numa mesa também composta pelos ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Simone Tebet, do Planejamento. Com Fernando Haddad à sua esquerda e Gabriel Galípolo à direita, Lula abordou com simpatia e tranquilidade o tema quente. Comunicou, enfático, o que queria dizer na direção do que o mercado queria ouvir e, de pronto, colheu como resultado o recuo da moeda americana frente ao real. Bela jogada do camisa 10 e dos dois pontas, mas o gol foi para Sidônio.

O filme que o marqueteiro de Lula em 2022, hoje cotado para assumir Secom, dirigiu é claro e leve na forma. Mas, diferente dos vídeos potentes em efeitos especiais e estéreis em conteúdo que os marqueteiros de direita contratados pela esquerda costumam produzir para as campanhas eleitorais do PT, nesta peça de governo há mensagens fortes e definitivas. Elas estão em primeiro plano.

É conteúdo firme e forte Lula aparecer entre Haddad e Galípolo. Mostra que, apesar das diatribes do mercado, o Brasil tem um governo sério e atuante. Endereça que, no futuro breve, o País terá um presidente do Banco Central que não será incomodado por Lula como o próprio presidente fez em relação a Roberto Campos Neto. O vídeo encerra uma promessa presidencial de respeito, distância e, sim, silêncio. Também clareou que o ajuste fiscal continua, é permanente e está apenas no começo. Jurou temer a inflação. Tudo redondo.

A partir da peça, que bombou, não há mais nenhuma condição de Lula buscar pressionar o ex-auxiliar de Haddad, ao menos publicamente. Se o fizer, cairá em contradição para ser mais malhado que Judas em poste. Ao prometer deixar Galípolo trabalhar sem ruídos, tranquilizou momentaneamente o mercado. Extraiu o máximo de rendimento positivo de uma peça que poderia não ter obtido nenhuma repercussão, ou ter representado um tiro no pé, como muitas vezes acontece.

Estamos acostumados a ver peças políticas discursivas que não levam a compreensão nenhuma. Apenas enrolam em cores. Em troca de bom dinheiro, os marqueteiros e seu poder de determinar falas, definir ângulos e fazer cortes são os filtros entre a mensagem e o público. O fracasso deles, no campo da esquerda, é exposto a cada eleição em que a representatividade eleitoral de seus candidatos encolhe. Muitos bons quadros sucumbem menos por sua história, suas propostas e seu trabalho, e mais por não terem encontrado tradutores capazes de comunicar corretamente as suas biografias, realizações e propostas.

O jornalista, professor e fundador da Editora Oboré, Sérgio Gomes da Silva, ensina que comunicação é comunicar ação. O governo tem muita ação e deve comunicá-las melhor. Lula foi o primeiro a perceber. Agora, tem em Sidônio Palmeira um profissional que sabe comunicar ação. Um artilheiro.

Marco Damiani

Marco Damiani é jornalista e consultor na área de comunicação

8 artigos

Lula e Galípolo: o primeiro gol de placa de Sidônio

Presidente garantiu autonomia do Banco Central e começou a furar o ataque especulativo contra o real

Marco Damiani
Publicada em 21 de dezembro de 2024 às 13:46
Lula e Galípolo: o primeiro gol de placa de Sidônio

Gabriel Galípolo (à esq.) e Lula (Foto: Reprodução (YT)

Na primeira intervenção pontual em vídeo desde a alta hospitalar do presidente Lula e, especialmente, em meio ao fogaréu da queima de bilhões de dólares em praça pública, o marqueteiro Sidônio Palmeira mostrou ter um toque de classe. Instalou o presidente com seu simpático chapéu, livros ao fundo, entre o ministro da Fazenda e o futuro presidente do Banco Central, numa mesa também composta pelos ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Simone Tebet, do Planejamento. Com Fernando Haddad à sua esquerda e Gabriel Galípolo à direita, Lula abordou com simpatia e tranquilidade o tema quente. Comunicou, enfático, o que queria dizer na direção do que o mercado queria ouvir e, de pronto, colheu como resultado o recuo da moeda americana frente ao real. Bela jogada do camisa 10 e dos dois pontas, mas o gol foi para Sidônio.

O filme que o marqueteiro de Lula em 2022, hoje cotado para assumir Secom, dirigiu é claro e leve na forma. Mas, diferente dos vídeos potentes em efeitos especiais e estéreis em conteúdo que os marqueteiros de direita contratados pela esquerda costumam produzir para as campanhas eleitorais do PT, nesta peça de governo há mensagens fortes e definitivas. Elas estão em primeiro plano.

É conteúdo firme e forte Lula aparecer entre Haddad e Galípolo. Mostra que, apesar das diatribes do mercado, o Brasil tem um governo sério e atuante. Endereça que, no futuro breve, o País terá um presidente do Banco Central que não será incomodado por Lula como o próprio presidente fez em relação a Roberto Campos Neto. O vídeo encerra uma promessa presidencial de respeito, distância e, sim, silêncio. Também clareou que o ajuste fiscal continua, é permanente e está apenas no começo. Jurou temer a inflação. Tudo redondo.

A partir da peça, que bombou, não há mais nenhuma condição de Lula buscar pressionar o ex-auxiliar de Haddad, ao menos publicamente. Se o fizer, cairá em contradição para ser mais malhado que Judas em poste. Ao prometer deixar Galípolo trabalhar sem ruídos, tranquilizou momentaneamente o mercado. Extraiu o máximo de rendimento positivo de uma peça que poderia não ter obtido nenhuma repercussão, ou ter representado um tiro no pé, como muitas vezes acontece.

Estamos acostumados a ver peças políticas discursivas que não levam a compreensão nenhuma. Apenas enrolam em cores. Em troca de bom dinheiro, os marqueteiros e seu poder de determinar falas, definir ângulos e fazer cortes são os filtros entre a mensagem e o público. O fracasso deles, no campo da esquerda, é exposto a cada eleição em que a representatividade eleitoral de seus candidatos encolhe. Muitos bons quadros sucumbem menos por sua história, suas propostas e seu trabalho, e mais por não terem encontrado tradutores capazes de comunicar corretamente as suas biografias, realizações e propostas.

O jornalista, professor e fundador da Editora Oboré, Sérgio Gomes da Silva, ensina que comunicação é comunicar ação. O governo tem muita ação e deve comunicá-las melhor. Lula foi o primeiro a perceber. Agora, tem em Sidônio Palmeira um profissional que sabe comunicar ação. Um artilheiro.

Marco Damiani

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