Lula manda ministérios liberarem emendas
É preciso fazer a pauta andar dentro da normalidade, estabelecer novos parâmetros que separem o politiqueiro do exercício da política
Em público, congressistas prometem ampliar os esforços para avançar na deliberação de pautas importantes que vêm andando a passos de jabuti. Exemplo disso é o projeto que dispõe sobre o Arcabouço Fiscal, que foi transformada em moeda de troca política. Ou o governo Lula escancara as porteiras dos ministérios, ou, então, nada feito. Nem precisa dizer o tamanho dos prejuízos resultantes dessa conduta, enquanto a sociedade brasileira assiste o Congresso Nacional, com as honrosas exceções, tratar temas de tamanha relevância no campo da disputa política mais imediata. Agora mesmo vi na TV que o presidente Lula deu prazo até 06 de junho para que os ministérios liberem as emendas parlamentes. Começou o toma-lá-dá-cá.
É deplorável que assuntos importantes para o país simplesmente sejam arrastados e engavetados, enquanto parlamentares insistem em trocar farpas e acusações que não se sustentam à luz da sensatez. É possível que, para alguns deles, o parlamento não passe exatamente disso, ou seja, o lugar da insensatez, deixando de manter viva a condição da qual o Poder Legislativo é portador, com tarefas claras e primordiais para a sociedade, além de desempenhar um papel necessário à existência da democracia.
Inadmissível, contudo, é transformar o parlamento em um espaço do descrédito ou que as pessoas que nele estão não devem ser levadas a sério. O ato de votar ainda alimenta a perspectiva de credibilidade nos eleitos, nas propostas que defendem e na possibilidade de se tornarem defensores das questões de interesse popular e fiscais do Executivo.
É preciso fazer a pauta andar dentro da normalidade, estabelecer novos parâmetros que separem o politiqueiro do exercício da política. Os temas relevantes à vida nacional não podem ficar a reboque da oposição ou da situação. Não foi isso que os senhores e senhoras prometeram ao povo durante a campanha eleitoral. A população espera que o Parlamento mude a maneira como vem atuando e que preste mais atenção no tamanho do abismo que está abrindo na sua relação com a sociedade. Cumprir a pauta é um dever, mas nem todos querem ajudar.
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