Mídia abandona Moro quando ele mais precisa

"A mídia submeteu-se à manipulação de um juiz que usurpou de seus poderes para sabotar direitos dos acusados e ninguém fala mais nisso", diz Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos
Publicada em 09 de setembro de 2022 às 15:53
Mídia abandona Moro quando ele mais precisa

Moro em campanha

Não se pode cravar ainda nenhum resultado nesta eleição, mas um dos maiores fenômenos já está evidente ha algum tempo, tornando-se tão explícito quanto silenciado.

Trata-se da traição da mídia corporativa de direita brasileira ao ex-juiz e agora candidato ao Senado pelo Paraná Sérgio Moro.

Nas últimas pesquisas, Moro está perdendo a disputa para Álvaro Dias por cerca de dez pontos, ficando desempregado.

Uma busca mostra que o ex-juiz e ex-ministro do governo Bolsonaro foi completamente abandonado por seus companheiros de jornada nos meios de comunicação, aqueles com quem ele estabeleceu, durante a operação Lava Jato, a mais extensa e produtiva colaboração.

Não se encontra agora mais um artigo, uma reportagem, um editorial  nem mesmo uma coluna ou notinha, para defender Moto, sua candidatura e seu legado de destruição. Existem, sim, entrevistas protocolares. Descartado depois de contribuir decisivamente para derrubar o governo da petista Dilma Rousseff, Moro tornou-se agora um pária, um exilado ignorado por todos - uma espécie de Gorbatchev brasileiro, anulado após o serviço feito.

Onde estão hoje gente como Eliane Cantanhede, Merval Pereira, Augusto Nunes, Marcelo Coelho, Elio Gaspari e a família Leitão? Todos fizeram tabelinha para elevar o ex-juiz ao status de super-herói. E onde está o quinteto dos repórteres da Lava Jato posando vitoriosos em foto célebre? Todos estão agora calados fazendo expressão de paisagem. A mídia até hoje não fez nenhuma autocrítica de sua participação na imputação fraudada de crimes a Lula e tantos outros. A mídia submeteu-se desejosamente à manipulação de um juiz que usurpou de seus poderes para sabotar os direitos de defesa dos acusados e ninguém fala mais nisso.

Desde um artigo publicado em 2005, ainda antes de virar o semideus dos veículos de comunicação, Moro defendia o uso da mídia para "trabalhar" a opinião pública, numa inversão do princípio de que o Judiciário deve ignorar elementos estranhos às provas do processo.

Na Lava Jato, a mídia de direita, ávida por demolir as gestões petistas, e encontrou o personagem perfeito para fazer o serviço de fazer ruir as chamadas regras da democracia.Agora, ninguém mais o defende, pois isso implicaria voltar a mexer com o tema do erro  que repórteres, colunistas e veículos pretendem ocultar a qualquer custo. No enterro político do ex-amigo, os antigos acólitos jogam agora  mais uma pá de terra. Antiga esperança da terceira via, ele foi rebaixado de presidenciável a candidato a senador. Nem mesmo a recente busca e apreensão sofrida por Moro a mando do TSE retirou do mutismo seus brothers de ontem.

Comentários

    Seja o primeiro a comentar

Envie seu Comentário

 
NetBet

Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook

Tensão, tensão e mais tensão

Tensão, tensão e mais tensão

"A ferocidade de seus seguidores mais radicais nas redes sociais aumenta sem parar, insuflados por Jair Messias e pelo gabinete do ódio", diz Eric Nepomuceno