Militares de pijama clamam aos comandos por golpe

Têm dado mostras de que preferem esperar a chegada do novo governo, para seguirem batendo continência e se atendo à Constituição.

Denise Assis
Publicada em 28 de novembro de 2022 às 10:02

www.brasil247.com - Bolsonaristas e militares

Bolsonaristas e militares (Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters | ABr)

Forças ocultas se movem no submundo dos “militares empijamados” do Clube Militar e em parte das fileiras dos quartéis, a fim de cutucar os comandos, para levá-los a aderir ao slogan: “agro é tech, agro é pop”. Embora sem mover um dedo para impedir a ocupação na frente dos quartéis, cuja estada é sabidamente financiada pelo setor, os comandantes, porém, parecem não andar achando o Agro tão pop assim. Têm dado mostras de que preferem esperar a chegada do novo governo, para seguirem batendo continência e se atendo à Constituição. 

Há duas semanas, inspirada talvez, em nota tíbia dos três comandos “ao povo brasileiro”, emitida há cerca de 15 dias, a turma do pijama elaborou e fez publicar no site “Dunapress”, uma carta/manifesto em que se posicionam pelo golpe – de cada vez mais distante execução. O “ultimato” dirigido aos comandantes, tem o título de “Carta aos oficiais gerais”, com um aviso no enunciado, de que “subscrevem essa carta oficiais da reserva e reformados de todas as patentes e idades, muitos dos quais já ocuparam os mais altos postos das FFAA, inclusive em momentos críticos em que a nossa soberania também esteve em risco” 

Cobram um “posicionamento claro sobre esta situação grave e perigosa, quase insustentável, em que nos encontramos”. Não deixam de dizer – porque sabem o peso desses princípios dentro das fileiras -, que é “com profundo respeito à legalidade, autoridade e disciplina” que expressam suas “preocupações (...) para que não venham a pairar sobre a nação brasileira dúvidas sobre o atendimento da vontade soberana de nosso povo”.

Ora, se o povo já se expressou no dia 30, elegendo para o cargo máximo do país, Luiz Inácio Lula da Silva, o que leva esses senhores “de todas as patentes e idades”, a se dirigirem aos Comandos, levantando suspeitas (semelhantes às que o próprio – ainda - ministro Paulo Sérgio Oliveira, da Defesa), relativas ao funcionamento das urnas? 

Apontam uma infundada “crise institucional, ante a constatação de que órgãos da cúpula do Poder Judiciário, como STF e TSE, vem se posicionando sistematicamente acima das leis e de suas próprias competências, invadindo atribuições dos outros poderes” ...

E aí chegam ao ponto que lhes interessa: “em face desse quadro é natural e justificável que o povo brasileiro esteja se sentindo indefeso, intimidado, de mãos atadas e busque nas FFAA os “reais guardiões” ( a aspa é dos golpistas) de nossa Constituição, o amparo para as suas preocupações e soluções para as suas angústias, como a última instância, já que não lhe parece evidente o recurso aos instrumentos de tutela jurisdicional, uma vez que a própria autoridade que deveria prestar essa mesma tutela nega-se a atender esses anseios, inclusive utilizando-se da censura.” E saem listando os seus princípios de “tutela”, em nome do “povo”, como se dele pudessem se assenhorar.

No pé do “ultimato” seguem mais de 150 assinaturas, de onde saltam nomes de vários descendentes do que atuaram e constam em processos rumorosos da época da ditadura. Os mais notáveis: Dellamora e Burnier.

Clique aqui e leia a nota.  

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Veja, Isto É e O Dia. É autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964"; "Imaculada" e “Claudio Guerra: Matar e Queimar”. Integrante do Jornalistas pela Democracia

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