Na inauguração de estruturas na Reserva Jacundá, governador anuncia novas medidas e expansão do “projeto REDD” para outras Unidades

A Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá está localizada nos municípios de Machadinho D’Oeste e Cujubim.

Texto: Paulo Ricardo Fotos: Nilson Santos
Publicada em 14 de maio de 2019 às 14:39
Na inauguração de estruturas na Reserva Jacundá, governador anuncia novas medidas e expansão do “projeto REDD” para outras Unidades

Ao mesmo tempo que inaugurou as novas instalações e estruturas na Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá, com a entrega de oito casas populares, um auditório, um refeitório, um escritório, dois banheiros comuns e, inclusive a instalação de uma antena para comunicação e internet, o governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha, anunciou novas ações que devem ser implementadas no local no setor de saúde, bem como medidas direcionadas para a agroindústria visando o fomento do açaí e farinha. As medidas foram anunciadas na manhã de terça-feira, 14, durante a cerimônia de inauguração.

A Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá está localizada nos municípios de Machadinho D’Oeste e Cujubim, nordeste do estado de Rondônia, possuindo um território de 95 mil hectares e sendo  criada em 1996 pelo Decreto Estadual 7.336, ou seja, trata-se de uma unidade de uso sustentável.

As melhorias e novas estruturas são reflexos positivos do REDD+ (Redução das emissões por desmatamento e degradação florestal mais conservação, manejo florestal sustentável e manutenção de estoques florestais) realizado pelo Centro de Estudos Rioterra, em parceria com a Associação de Moradores das Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá – Asmorex, Biofílica Investimentos Ambientais e apoio do Governo de Rondônia.

O objetivo do projeto para o clima é evitar o desmatamento de 35.222 hectares, correspondentes a um total 12.367.970 toneladas de CO2 e que terão sua emissão para a atmosfera evitada, a ser alcançado por meio de um rol de atividades específicas, principalmente: articulação política com instituições governamentais ambientais e fiscalizadoras, monitoramento do desmatamento por imagens de satélite, o patrulhamento físico da unidade de conservação, ocupação física estratégica do território, melhoria das práticas do manejo florestal e uso múltiplo e sustentável dos produtos da floresta.

Durante a inauguração, o governador destacou o projeto que visa à geração de ativos através da venda de carbono captado pela floresta. Trata-se de um projeto inovador e os investimentos que serão inaugurados são 100% oriundos da venda de carbono. O Estado de Rondônia e parceiros, como a Rio Terra e Biofílica, demonstram que unidades de conservação de grande importância ambiental podem gerar ativos também.

o governador Marcos Rocha destacou a importância do projeto

O presidente da Associação dos Moradores da Reserva, José Pinheiro, enfatizou a importância e responsabilidade da parceria que tem alavancado os trabalhos desenvolvidos dentro da reserva. “Uma parceria sadia que tende a fazer um investimento dentro de um tema ainda não regulamentado na legislação brasileira, mas que tem no Estado de Rondônia o pioneiro com o projeto Carbono. Tanto o governo do Estado quanto os demais parceiros têm reforçado essa união considerada promissora.

Entre suas principais ações, está a implementação de diagnósticos atualizados sobre situação socioeconômica, fundiária, ambiental e biótica da unidade; organização social das instituições que representam seus moradores; fomento às atividades de geração de renda alternativa; e apoio técnico ao monitoramento da paisagem na unidade e seu entorno.

O projeto foi implantado em 2012. No ano seguinte, foram realizados os primeiros estudos para a elaboração e desenvolvimento do Projeto REDD+ na Resex; diagnóstico de fauna e flora; diagnóstico socioeconômico; levantamento de estoque de carbono; e modelagem de desmatamento no futuro (potencial de geração de créditos).

Em 2014, foram realizadas as oficinas comunitárias, onde foram discutidas as primeiras ações para elaboração do Zoneamento e Plano de Uso da Resex; criação participativa do Plano de Vida Comunitário; e a construção coletiva do “Mecanismo de Repartição de Benefícios e Resolução de Conflitos.

Em 2015 a comunidade recebeu a equipe de auditoria do Imaflora para certificação (Validação) do projeto. Após todo o processo, o projeto recebeu os selos internacionais mais reconhecidos para projetos de REDD+ no mundo.

A grandiosidade do projeto foi alvo de destaque para o governador Marcos Rocha que, tão logo inaugurou as novas instalações, também anunciou outras ações que já estão sendo ajustadas e, inclusive, garantiu a possibilidade do projeto ser expandido para outras reservas localizadas em Rondônia. Segundo levantamentos feitos pela Sedam, são aproximadamente 40 Unidades de Conservação Ambiental existentes no Estado, das quais 17 somente no município de Machadinho do Oeste.

Coube a um dos moradores mais antigos da Reserva, o agricultor Benilson Barbosa, o privilégio de cortar a fita simbólica de inauguração das novas estruturas, juntamente com o governador Marcos Rocha e o presidente da Asmorex. “Tive esse privilégio e isso me fez renovar as esperanças de dias melhores para a nossa Reserva. Ficamos felizes com o anuncio de mais melhorias”, disse o empolgado agricultor que trabalha na plantação de café, cacau e na produção de farinha. Ele ainda acredita que nos próximos investimentos possa também ganhar uma casa nova.

Na resex Rio Preto-Jacundá vivem 30 famílias, aproximadamente 130 moradores, composta na maioria por uma população jovem de perspectivas em relação à permanência naquela terra e a continuidade das tradições extrativistas. Ainda assim, o potencial da produção extrativista leva a crer que um projeto de conservação florestal tem muito a oferecer aos seus moradores, devido às sinergias presentes nas esferas econômica, social e ambiental. Sendo assim, o objetivo principal do projeto para as comunidades é a elevação do empoderamento local e a melhoria da qualidade de vida, em diversos aspectos, de uma população que busca a recompensa por ser, como se auto intitulam, “guardiões da floresta”, vale ressaltar que todo o investimento obtido com o carbono é investido 100% de forma direta na Unidade.

Também estiveram presentes o secretário da Sedam, Elias Rezende, a presidente do Centro de Estudo Rioterra, Telva Mautezo, o coordenador da Biofílica, Caio Galego, do presidente da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá, José Pinheiro, e outras autoridades.

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