'Não queime', alertam ações preventivas realizadas em Rondônia
Covid-19 e queimadas causariam uma combinação de consequências muito sérias. A Sedam mantém o monitoramento da situação, passando à fiscalização a responsabilidade de conter o desmatamento ilegal
O pai Timóteo segura a filha Loraine na inalação. Ela foi vítima de queimada em 2016. Situação que a Sedam quer evitar em 2020
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) de Rondônia, está intensificando as ações preventivas capazes de evitar o cenário que inevitavelmente levaria à sobrecarga o sistema hospitalar.
Durante as queimadas de 2016, o Hospital Cosme e Damião chegou a receber o recorde de 100 a 150 crianças por dia, todas elas, vítimas de intoxicações. Pais passaram horas no hospital, enquanto os filhos respiravam com inaladores.
Covid-19 e queimadas causariam uma combinação de consequências muito sérias. A Sedam mantém o monitoramento da situação, passando à fiscalização a responsabilidade de conter o desmatamento ilegal.
As ações dão sequência ao Plano de Gestão de Combate às Queimadas Ilegais e Incêndios Florestais, que também atua com base na Portaria n° 229, de 27 de julho de 2017, para o uso adequado do fogo. A Sedam espera o cumprimento de metas em curto, médio e longo prazos.
“Este ano, falar a respeito de queimadas implica também a prevenção da vida”, disse o coordenador de educação ambiental da Sedam, Fábio França.
Relatório da Universidade Harvard (EUA) aponta para um aumento de 8% na taxa de mortalidade da Covid-19 entre pessoas expostas a partículas finas de poluição conhecidas como PM 2.5.
São partículas minúsculas, porque medem menos de 2,5 micrômetros (milionésimo de metro) e se formam a partir de gases, entre os quais, dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio e compostos voláteis, liberados durante as atividades de combustão.
O coordenador de educação ambiental da Sedam, Fábio França, informa que já houve reuniões com 39 prefeitos e secretários
Para França, a redução nos focos de calor é, até certo ponto, alentadora. De 1º de janeiro a 31 de julho deste ano, Rondônia teve queda de 27,8% se comparados ao mesmo período de 2019: são 790 focos ativos notificados contra 1.109 no ano passado.
Porto Velho (34 mil Km²) continua sendo o município com o maior número de focos: 127. Se a comparação for de um mês ao outro do mesmo ano, o quantitativo de focos de queimadas se apresenta outro. Em junho deste ano havia 138 pontos ativos, enquanto julho terminou em 428.
“Desde janeiro, trabalhamos em ações específicas diretas, mas tivemos que modificar o modelo devido à pandemia e adaptar essas ações”, informou França.
Duas equipes da Sedam já percorreram 39 municípios desde janeiro, promovendo diversas reuniões com prefeitos e secretários municipais de meio ambiente.
MUNICÍPIOS SÃO ESSENCIAIS
Nos derradeiros dez dias, com todo cuidado do distanciamento social, uma equipe visitou Ariquemes, Castanheiras, Urupá, e Teixeirópolis.
Em Ariquemes, segundo relata o coordenador, a promotora de justiça Elba Albuquerque participou do pit stop, no final de julho, juntamente com integrantes do Batalhão de Polícia Ambiental e Secretaria de Planejamento do Estado.
“Ficamos muito satisfeitos, porque o apoio veio de todos, começando pelos guardas municipais que sinalizaram as ruas, até as emissoras de rádio e televisão que abriram espaço ao debate do problema”.
Ele disse que o apoio da população é essencial, em razão de o Estado não ter condições de chegar a diversos lugares ao mesmo tempo.
A promotora de Justiça de Ariquemes, Elba Albuquerque (c) foi pessoalmente participar do pit stop nas ruas da cidade
“Está bem claro que a União pode até fazer a melhor campanha contra queimadas, porém, necessita da participação dos municípios”, assinala França. O coordenador compara a campanha da Sedam à campanha de vacinação: “O pai tem que levar o filho ao posto de saúde para ser imunizado”.
A segunda equipe visitou Cabixi, Cerejeiras, Corumbiara e Chupinguaia. Em todos os municípios, conforme explica França, além do alerta contra a dizimação de matas naturais, prefeitos e secretários foram aconselhados a utilizar o aplicativo Guardiões da Amazônia.
Em junho, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) já alertava para a grande procura por hospitais devido a problemas respiratórios decorrentes de queimadas.
A cada ano, a região norte brasileira fica na mira dos órgãos ambientais. Segundo números do Ipam, para que o governo repita o volume de incêndios ocorridos em 2019, “basta que 60% da floresta desmatada seja incendiada”.
Em 2019, Porto Velho e Rio Branco foram novamente cobertas por nuvens de poluição durante dias. Muitos pais levaram filhos aos hospitais. E neste ano? – eis o desafio que preocupa a Sedam durante o trabalho de conscientização.
SATÉLITE VÊ TUDO, COM PRECISÃO DE 95%
O programa responsável pelo monitoramento da floresta via satélite, Prodes, ao qual a Sedam tem acesso, monitora por satélites o desmatamento por corte raso na Amazônia Legal. É ele quem produz, desde 1988, as taxas anuais de desmatamento na região, e elas são usadas pelo governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas.
Soldado do Batalhão Policial Ambiental participa da campanha de conscientização das pessoas contra queimadas em Ariquemes
As taxas anuais são estimadas a partir dos incrementos de desmatamento identificados em cada imagem de satélite que cobre a Amazônia Legal. A primeira apresentação dos dados é realizada para dezembro de cada ano, na forma de estimativa. Os dados consolidados são apresentados no primeiro semestre do ano seguinte.
O Prodes utiliza imagens de satélites da classe Landsat (20 a 30 metros de resolução espacial e taxa de revisita de 16 dias) numa combinação que busca minimizar o problema da cobertura de nuvens e garantir critérios de interoperabilidade.
As imagens do satélite americano Landsat-5/TM foram, historicamente, as mais utilizadas pelo projeto, mas as imagens do sensor CCD a bordo do CBERS-2/2B, satélites do programa sino-brasileiro de sensoriamento remoto, foram bastante usadas.
O Prodes também fez uso de imagens LISS-3 do satélite indiano IRS-1 e também das imagens do satélite inglês UK-DMC2. Atualmente faz uso massivo das imagens do Landsat 8/OLI, CBERS 4 e IRS-2. Independente do instrumento utilizado, a área mínima mapeada pelo PRODES é de 6,25 hectares.
As estimativas do Prodes são consideradas confiáveis pelos cientistas nacionais e internacionais (Kintish, 2007). Esse sistema tem demonstrado ser de grande importância para ações e planejamento de políticas públicas da Amazônia. Resultados recentes, a partir de análises realizadas com especialistas independentes, indicam nível de precisão próximo a 95%. [Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE]
A QUEM DENUNCIAR
► Se você notar queimadas no perímetro urbano da Capital, fale com a Sema: 0800 647 1320 e Whatsapp 98423 4092, 8 às 18h, diariamente.
► Se suspeitar da danificação de bens públicos pelo fogo, ligue para 193 (Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia).
► Se notar incêndios em área rural, ligue para 0800 6471150
► Ouvidoria da Sedam
0800 647 11 50
Whats: (69) 98482-8690
Telefone: (69) 3212-9648
E-mail: [email protected]
► Baixe o aplicativo Guardiões da Amazônia no Google Play, transmitindo a foto do local da queimada. Essa plataforma tem como objetivo principal a proteção da região Amazônica no tocante a ilícitos ambientais. Ela é integrada aos mais diversos órgãos que combatem esses desmandos, possibilitando-lhes um trabalho de forma integrada. O Guardiões da Amazônia Nasceu junto com a Operação Verde Brasil 2.
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Comentários
A solução está em intervenções austeras, punição de verdade. Com papo furado, não tem solução.
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