Não votem nada, por favor!

O volume de absurdos legislativos aprovados por metro cúbico no Congresso nunca foi tão alto

Helena Chagas
Publicada em 29 de setembro de 2021 às 10:33

O apelo não é da oposição,  como seria de se esperar, mas de insuspeitos economistas alinhados a agendas de reformas liberais, como o pesquisador da FGV Fabio Giambiagi e outros. Depois da medida provisória de privatização da Eletrobras eivada de jabutis do Centrão, da proposta de reforma administrativa que não inclui o Judiciário e aumenta privilégios das áreas segurança e do projeto que financia programas sociais do governo com fontes de receita que ainda não existem, caiu a ficha.

Para o bem do Brasil, seria melhor que o Congresso, sobretudo a Câmara dos Deputados, ficasse ali paradinha, só recebendo seus salários e verbas de gabinete, do que votar mais alguma coisa. Comandado pelo líder do Centrão e presidente da Casa, Arthur Lira, o rolo compressor dos deputados vem passando por cima de tudo para assegurar vantagens a quem tem o poder hoje em Brasília: eles mesmos. 

Com a faca e o queijo das emendas de relator, e os poderes de vida e morte sobre Jair Bolsonaro dados pelo controle daquela gaveta cheia de pedidos de impeachment, Lira e seu grupo são os senhores do universo legislativo e fazem o que querem, ora atendendo e ora pressionando o governo.

Na segunda-feira, fizeram um agrado ilegal à equipe econômica, aprovando projeto que permitirá que o novo Bolsa Família turbinado seja financiado com recursos previstos no projeto que faz mudanças no Imposto de Renda. Vejam bem: no projeto, pois ele ainda não foi aprovado pelo Senado e ainda é um lote na lua. Essas receitas só irão se materializar quando, e se, a matéria for aprovada pelos senadores, e nos mesmos termos em que saiu da Câmara. E se não for? Ninguém sabe.

E não falamos aqui dos recursos destinado a bases de deputados do Centrão, e nem de benefícios dados a setores e empresas amigas. O volume de absurdos legislativos aprovados por metro cúbico no Congresso nunca foi tão alto. É por isso que até mesmo os eternos defensores das reformas acham que é melhor ficar todo mundo quietinho, sem apertar a tecla do painel, até 2023, quando haverá um novo governo e um novo Congresso.

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