Norte apresenta os maiores índices de gravidez na adolescência do Brasil

Rondônia se destaca entre os estados do Norte por apresentar os melhores indicadores

Assessoria
Publicada em 05 de fevereiro de 2021 às 10:17
Norte apresenta os maiores índices de gravidez na adolescência do Brasil

Entre as regiões do país, a Região Norte é a que apresenta as maiores taxas de gravidez na adolescência e aquela que apresentou redução mais lenta nas últimas décadas. Num país de dimensões continentais, as desigualdades regionais tendem a se acentuar em desfavor das populações que vivem em rincões de difícil acesso, onde a política pública não chega de forma adequada para garantir os direitos dos mais vulneráveis.  

Nesta Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, a Associação de Obstetrícia e Ginecologia de Rondônia (Assogiro) alerta as autoridades e convida as famílias e a sociedade em geral a dialogar sobre esse tema que traz reflexos sociais, econômicos e para a saúde da adolescente, da sua prole, da família e da sociedade.

Rondônia se destaca entre os estados do Norte por apresentar os melhores indicadores neste quesito. Iniciou os anos 2.000 com 118,8/1.000, chegando em 2019 com uma taxa de 55,0/1.000 ou seja, uma redução de 53,7% no grupo de adolescentes de 15 a 19 anos. Segundo a médica Ida Peréa, presidente da Assogiro, apesar da expressiva melhora observada nas duas últimas décadas, é muito importante buscar alternativas para continuar a escalada de redução e chegar uma taxa aceitável de 20/1.000 em 2030. Uma meta bastante possível, visto ser Rondônia um estado próspero, cuja economia atravessou a pandemia sem grandes perdas.

A presidente da Assogiro alerta ainda que a gravidez precoce – de 10 a 19 anos - tira das meninas oportunidades de transitar para a vida adulta de forma segura e com chances reais de prosperidade. “Os dados mostram que a gravidez é o mais importante fator de abandono escolar entre adolescentes. Esta situação faz com que elas e seus filhos se mantenham num ciclo vicioso de baixa escolaridade, doença e pobreza”, revela.

A pesquisa “Nascer no Brasil” constatou que das gravidezes que ocorrem na adolescência, 66% são não intencionais, o que significa que de 10 adolescentes que engravidam, 7 não queriam a gravidez para aquele momento. Em um estudo que entrevistou  adolescentes que deram à luz na Maternidade Municipal Mãe Esperança (MMME), no período de outubro de 2017 a junho de 2019, através do Projeto De Novo Não, essa taxa foi de 82%.

Outro ponto de atenção, apontado pela especialista, é quanto a gravidez de repetição, que também apresenta índices alarmantes no Brasil. Estudo revela que a taxa de gravidez recorrente variou em torno de 29,1% em pesquisas brasileiras. No Brasil, observou-se que em 2018 a repetição foi de 4,4% para meninas de 10 a 14 anos e 25.8% para aquelas de 15 a 19 anos (DATASUS, 2018). Uma segunda gravidez nesta fase praticamente anula as chances de retornar à escola, pois a adolescente terá que se dedicar aos cuidados dos filhos.

No estudo da MMME, em Porto Velho, esta taxa foi de 23%, menor que o publicado nos estudos nacionais. “Muito provavelmente em decorrência do projeto De Novo Não, que tem por objetivo orientar e oferecer para as adolescentes métodos anticoncepcionais de longa duração antes da alta hospitalar a fim de evitar a reincidência”, avalia Ida.

Na ocasião da Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, instituída pelo Governo Federal em 2019 (que determina esta data na semana do dia 1º de fevereiro), a Assogiro traz o tema para discussão a fim de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência e promover o diálogo entre sociedade civil organizada, poder público e comunidade em geral.

Saiba mais: Gravidez na adolescência: uma a cada sete brasileiras têm filhos antes dos 20 anos

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