Durante muito tempo, pensar em uma igreja era quase o mesmo que imaginar um ambiente austero, com poucos elementos tecnológicos e trilha sonora tradicional. Mas, atualmente, a realidade não é mais essa. As igrejas estão cada vez mais contemporâneas e investem em detalhes e dinâmicas que atraem um público específico.

Jovens de idades e estilos variados estão ocupando templos e criando vínculos mais fortes com a religião. Ao percorrer esses espaços, não é difícil encontrar histórias de adolescentes e adultos da Geração Z que se reaproximaram das igrejas após perceberem mudanças que líderes religiosos adotaram para acompanhar as preferências de seus fiéis. 

Nova identidade visual, linguagem descontraída, música e tecnologias foram implementadas nos templos para reter a atenção do público jovem.

Ambiente, música e som

Igreja Dimensão recebe jovens que lotam o espaço todos os domingos (Foto: Reprodução/Facebook)

Luzes baixas, paredes escuras, iluminação descontraída. A descrição bate com ambientes que os jovens costumam encontrar em boates, bares e casas noturnas. Mas essa decoração também pode ser vista em templos religiosos, como o da Igreja Dimensão em Campo Grande, na cidade do Rio de Janeiro.

Projeções, telas de led e luzes neon atraem uma geração que deseja se aproximar de Deus sem se desprender da diversão. A satisfação fica estampada nos rostos dos jovens que congregam no templo.

Antes do sermão, a banda prepara uma espécie de show, com músicas acompanhadas por luzes coloridas. Os bancos não são fixos no chão e permitem que os fiéis expressem o sentimento com o corpo, dançando enquanto ouvem e cantam louvores. 

Todo o cenário é preparado para atrair jovens. Esses aspectos – que envolvem questões estruturais, como palco, luz, sonorização e acústica para igreja – têm sido uma preocupação para líderes religiosos, que querem oferecer um ambiente propício para que a música seja mais uma ferramenta para atração de jovens.

Linguagem é adequada ao público

Igreja no Cinema tenta romper barreiras (Foto: Reprodução/Instagram)

Em algumas igrejas, fiéis tentam chamar a atenção de jovens por meios diversos. Na Igreja United do Rio de Janeiro, por exemplo, adolescentes e adultos recebem os novos visitantes na porta do templo com cartazes, frases bíblicas, balões de festas e sorrisos.

Foi o estilo descontraído e a linguagem diferenciada que levaram o surfista e militar Lohan Tassona, 26 anos, a voltar para a igreja. Depois de alguns anos afastado, ele tornou a se interessar pela religião, após descobrir um templo onde o púlpito é uma prancha de surfe e os louvores são em ritmo de reggae.

“Cresci indo à igreja evangélica com meus pais, mas acabei me afastando por falta de identificação. Um dia estava olhando o Facebook, encontrei algumas publicações sobre a Igreja Bola de Neve e resolvi visitar. Chegando lá, percebi que o ambiente era diferente, a linguagem que o pastor usava para falar de Cristo era descontraída. A maioria das pessoas era jovem que, mesmo tendo tatuagens, piercings e cabelos coloridos, eram aceitos, diferente de outros lugares que já frequentei”, conta.

Outras denominações inovam também no espaço onde acontecem os cultos. A Igreja no Cinema (INC), em Curitiba (PR), recebe os fiéis em uma sala de projeção dentro de um shopping center. A ideia é levar o evangelho para outros lugares e romper as barreiras que, na maioria das vezes, são impostas pelos jovens que não querem ir aos templos religiosos. 

Além do cinema, muitas igrejas também investem em encontros em sítios, praias e até mesmo na casa dos fiéis, com as chamadas células. 

Tecnologias chegam às igrejas 

Em busca de mais aproximação com os jovens, igrejas estão aproveitando as novas ferramentas para tornar os cultos mais modernos. Em diversos templos religiosos, inclusive, fiéis usam o próprio celular para confirmar presença no culto, contribuir com o dízimo e acompanhar a leitura da Bíblia. 

Muitas igrejas também já estão inseridas nas redes sociais e costumam fazer publicações frequentes, convidando o público jovem aos cultos semanais. Nas mesmas plataformas, algumas apostam em filtros personalizados no Instagram e trends no TikTok para divertir e engajar os fiéis. 

Além disso, há aplicativos que criam metaversos para igrejas. Nos espaços virtuais, é possível assistir cultos ao vivo, conversar com outros membros, ofertar livros, se inscrever em eventos e em diferentes atividades tanto no espaço interativo quanto no presencial.