Nunes é favorito porque eleitores de Boulos e Marçal se odeiam
"Boulos deveria centrar fogo em Marçal", avalia Alex Solnik
Guilherme Boulos e Pablo Marçal (Foto: Reprodução/YouTube/Estadão)
Quando a campanha a prefeito de São Paulo começou, Nunes era o candidato mais à direita e Boulos, à esquerda.
Nunes é Bolsonaro, Boulos é Lula.
A polarização e a nacionalização pareciam explicitadas, embora nem o PL nem o PT estivessem na cabeça de chapa. E além do PL, outros onze partidos apoiam Nunes, alguns que estão na base do governo Lula.
Mas com a surpreendente ascensão de Marçal, a coisa mudou de figura.
Marçal ficou à direita de Nunes, e Boulos, é claro, continuou à esquerda. Nunes ficou no centro.
Como gosto de viver perigosamente, arrisco dizer que Nunes já garantiu o segundo turno, dados os resultados mais recentes, depois do início da propaganda na TV que refletem a força de sua máquina eleitoral alimentada pela prefeitura e por 12 partidos.
E no segundo turno é o favorito, não por ser querido ou bem avaliado. Ou por ser o melhor candidato.
O motivo é outro.
Na disputa com Boulos, Nunes vence porque recebe os votos dos eleitores de Marçal, que odeiam Boulos.
Na disputa com Marçal, vence porque recebe os votos dos eleitores de Boulos, que odeiam Marçal.
Ou seja: os eleitores de Marçal e de Boulos admitem votar em Nunes, mas nem os de Marçal admitem votar em Boulos, nem os de Boulos, em Marçal, nem que a vaca tussa.
Ou seja: os eleitores dos candidatos extremistas acabam elegendo o candidato que ficou no centro, pois, apesar do vice indicado por Bolsonaro, tem uma coligação mais parecida com a frente ampla que elegeu Lula.
É um candidato mezzo Bolsonaro, mezzo Lula.
Enquanto Marçal é Bolsonaro puro-sangue e Boulos, Lula puro-sangue.
A polarização, que no início da campanha era Boulos vs. Nunes, agora é Boulos vs. Marçal.
Nessa reta final, Boulos deveria centrar fogo em Marçal, que é o campeão da rejeição, para alijá-lo do segundo turno, em vez de gastar munição à toa com Nunes.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
2604 artigos
Comissão aprova proposta de renegociação de dívidas de pequenos empreendimentos
Para virar lei, proposta precisa ser aprovada por deputados e senadores
Projeto aumenta penas para crimes de trânsito praticados sob efeito de álcool
Para virar lei, a medida precisa ser aprovada por deputados e senadores
Projeto proíbe trote estudantil humilhante em universidades
Texto já foi aprovado pelo Senado e agora está em análise na Câmara dos Deputados
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook