O exemplo de Canuto, rei dos Vândalos
Se esse salteador provar que é meu parente, disse Canuto, determino que lhe façam, como distinção, a forca mais alta
Houve uma época em que ao roubo e ao furto se aplicava a pena de morte. Eram tempos de barbárie, onde a punição, por mais desproporcional e cruel, não produzia o que nos acostumamos a chamar, modernamente, de justiça.
Apesar disso, podemos tirar exemplos que deveriam ser guardados como relíquias pelas novas gerações. Cito a frase de Canuto, rei dos Vândalos. Certa vez, enquanto justiçava uma quadrilha dos tesouros do seu povo, ouviu de um deles a afirmação de que era parente do rei e, como tal, exigia tratamento diferenciando.
Se esse salteador provar que é meu parente, disse Canuto, determino que lhe façam, como distinção, a forca mais alta. Não quero nem imaginar que tratamento teria recebido o ex-presidente Lula, apontado como o artífice do maior esquema de corrupção de que se tem noticia na história mundial, se tivesse experimentado os tempos de Canuto. Em vez disso, vive andando de um lado para o outro do país, arrostando moralidade pública e, o que é pior, aproveitando-se do fruto do ilícito.
E o que dizer, também, de políticos que desviam dinheiro destinado à saúde pública para deleite pessoal, ou, então, que usam a verba indenizatória para dar uma recauchutada no visual, viajar e comer em bons restaurantes, embora haja quem prefira comprar o camarão no comércio especializado e levá-lo para saboreá-lo em casa com a família no final de semana, dentre outras aberrações, praticadas com o suado dinheiro do contribuinte.
Hoje, não temos o Canuto, é verdade, mas podemos contar com a vigilância indômita de instituições como os Ministérios Públicos Federal e Estadual, as Policiais Federal e Civil, os Tribunais de Contas e as Controladorias, dentre outros organismos de fiscalização. Mesmo assim, ainda é de descrença o sentimento alimentado por parte expressiva da população diante de tantos e gigantescos arreganhos praticados e mantidos com o erário.
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