O Holocausto Yanomami

Muitos veem naquilo uma semelhança com os corpos dos judeus encontrados em campos de concentração nazistas da segunda guerra mundial

Professor Nazareno*
Publicada em 01 de fevereiro de 2023 às 09:24

É possível que o povo Yanomami no Norte do Brasil, fronteira de Roraima com a Venezuela, já esteja num rápido processo de extinção. Mas foi nos últimos quatro anos que a agressiva campanha genocida se intensificou contra todos esses brasileiros há muito esquecidos. “Se eu for eleito, os índios e os quilombolas não terão um só centímetro de terra demarcada”. Mais: “a cavalaria dos Estados Unidos foi muito competente, pois matou quase todos os índios daquele país e hoje eles não têm mais este problema. Já a cavalaria do Brasil foi incompetente e não matou nenhum índio por aqui”. Frases de um ex-presidente do país. Ou “Os Yanomamis não são um povo. São apenas selvagens que moram em território brasileiro”. “Esses índios são muito preguiçosos, pois são apenas uns 30 mil que vivem num território maior do que a Suíça e ainda estão passando fome?”.

O atual governador de Roraima, Antônio Denarium, disse: “esses índios têm que se aculturar e parar de viver no mato como bichos”. A situação já tomou dimensões apocalípticas. O avanço do garimpo ilegal, muitas vezes incentivado pelas fracas ações de fiscalização do ex-governo Bolsonaro, praticamente decretou o fim desse povo. Fome, doenças, abandono, contaminação pelo mercúrio, estupros e mortes produzem cenas reais que podem ser comparadas às crianças famélicas que se veem na África subsaariana. Com mais de 30 milhões de famintos no país inteiro, foram os pobres Yanomamis, no entanto, os que se prestaram ao triste espetáculo televisivo cujas imagens correm o mundo para nos encher outra vez de vergonha. Muitos veem naquilo uma semelhança com os corpos dos judeus encontrados em campos de concentração nazistas da segunda guerra mundial.

E quem é o genocida responsável por esse caos entre os Yanomamis? Não é só o Bolsonaro, não. A sociedade brasileira como um todo nunca teve muita consideração pelos indígenas e também por outros povos originários. O massacre começou exatamente em 22 de abril de 1500 com Pedro Álvares Cabral. Dos pouco mais de 6 milhões de indivíduos no início, quantos indígenas ainda restam hoje no Brasil? Durante todo este tempo, fomos acostumados simplesmente a discriminar, isolar, explorar e a matar essa gente considerada na maioria das vezes como “inferiores”. Mas foi no governo de Jair Bolsonaro que foi dado o criminoso ataque final ao genocídio dos indígenas. Óbvio que os bolsonaristas devem ter pensado que “se morrerem alguns selvagens não dá em nada, pois na pandemia foram quase 700 mil brasileiros mortos e tudo ficou por isso mesmo”.

A desfaçatez e a total burrice dessa gente chegam a ser algo hilário. E num mundo globalizado, a já desgastada imagem do Brasil no exterior piora ainda mais. Isso sem falar que maltratar seus semelhantes é um ato desumano, cruel e nazista. Porém falar em desumanidade e desrespeito aos direitos humanos no governo que findou é “chover no molhado”. O governo Lula precisa urgentemente cuidar dos enfermos, recuperar as áreas invadidas e também expulsar todos os garimpeiros dali. E não somente na área dos Yanomamis em Roraima, mas em todo o território nacional. No rio Madeira em Rondônia, por exemplo, é comum todo dia se ver dragas e mais dragas garimpando ouro tranquilamente. “Só não vê quem não quer”. Esse país precisa ser passado a limpo e o governo Lula tem tudo para fazer corretamente o “dever de casa”. Basta não roubar. E o dinheiro para isso existe. Alemanha e Noruega já voltaram a financiar o Fundo Amazônia.

*Foi Professor em Porto Velho.

Winz

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Comentários

  • 1
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    edgard alves feitosa 02/02/2023

    duas questões: 1 - esse IMBECIL governador de RR, como vai por em prática a tal "aculturação"???? apenas trazendo todos os indios para a cidade e vestindo-os com calças jeans, camiseta polo e tênis??? onde vão morar, onde terão trabalho, assim, em um passe de mágica e todos estão "aculturados"????; isso nos remete à famosíssima "libertação dos escravos", pois no dia 12 de maio dormiram escravos, e no amanhecer de 13 de maio eram "homens, mulheres e crianças livres", e os senhores de escravos eufóricos gritando: "podem ir para suas casas pois sois LIVRES"; e os "homens livres" : PARA ONDE VAMOS???? 2 - a situação dos Ianomâmis é a realidade nua e crua do "deus acima de TODOS" , esse cristianismo CRETINO, INDECENTE, CÍNICO e HIPÓCRITA de bolsonaro, apaniguados e neo evangélicos, LOBOS disfarçados de cordeiros..........

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    Carlos 01/02/2023

    A preguiça de pensar por mesmo e a temerária prática de misturar razão com emoção alimenta um exército de pessoas que pensam igual ao bozo. Sem pensar na tragédia desses índios, o que se ganhar com o garimpo? Eu digo, violência, terra sem lei, destruição da floresta, contaminação de rios, peixes e tudo mais, evasão de divisas, um exército de garimpeiros perrapados, localidades no entorno sofrendo com fome, miséria e violência, fronteiras Nacionais fragilizadas. Apenas o dono do garimpo e as autoridades que ele coloca no bol$o amelham algum lucro, para usufruir em outros lugares, é claro.

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