O intelectual Gesson Magalhães

A imortalidade de Gesson Magalhães se faz presente pela memória de uma existência eu deixou marcas particularizantes

Yêdda Pinheiro Borzacov
Publicada em 02 de fevereiro de 2021 às 08:57
O intelectual Gesson Magalhães

A intelectualidade de Rondônia está de luto. Morreu o poeta romântico Gesson Magalhães. Morreu o confrade que ocupou com mérito a cadeira número dois da Academia de Letras de Rondônia, tendo como patrono o grande jornalista Ary de Macedo. 

A imortalidade de Gesson Magalhães se faz presente pela memória de uma existência eu deixou marcas particularizantes. Choramos o seu passamento com lágrimas de imortal saudade, porque as lembranças do seu passado são inextinguíveis, imorredouras.

Conheci e convivi com o Gesson Magalhães e sua esposa Ivete a partir de 1980, com a criação da Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo, SECET, quando para prepararmos novos cantores, aprimorar o potencial vocal de coralistas, promover apresentações públicas para fins didáticos e formaturas, o Departamento de Cultura (eu era a Coordenadora), criou o coral infanto-juvenil, com o denominativo “Pequenos Uirapurus”, tendo como regentes os professores Ivete e Gesson Magalhães que homenageou o Estado de Rondônia (sua criação) e o governador Jorge Teixeira, com belíssima apresentação na escadaria do “Palácio Presidente Vargas”. Outras apresentações sucederam-se com brilhantismo, sempre inspiradas em nossas raízes populares. No repertório músicas sacras eram incluídas. Com a extinção da SECET, o “Pequenos Uirapurus” desapareceu.

Revivo pela imaginação a sua emocionante ação cultural: venceu o prêmio do concurso promovido pelo Conselho Cultural em 1984, durante as comemorações durante as comemorações do centenário do nascimento do poeta maranhense Vespasiano Ramos, autor do livro “Cousa Alguma”. Com brilhantismo e rara percepção apresentou o livro “Alguma Cousa”, sonetos que pela sua erudição e contundência lapidar é considerado nesse gênero um dos mais altos valores em nossas letras.

Gentilmente prefaciou o meu livro “Porto Velho: Imagens Culturais”, dedicando-me amorosos versos que guardo com gratidão e afeto em meu coração e memória.

O inspirado Bilac anunciou não ser a morte mais do que simples ilusão e a vida indestrutível e eterna. Ao lembrar essa expressão de Olavo Bilac, evoco a personalidade de Gesson Magalhães, manso, evangelicamente convicto, tolerante, compreensivo, sempre sorridente e bom, a ensinar a língua e literatura brasileira, com esmerada doutrina e exemplo, profundamente querido por discípulos e companheiros, afirmando com sabedoria.

- A História do Mundo sem a das letras e artes, tem um só olho e é incompleta.

Professor Gesson, convicta que o brilho do Eterno Jesus fulge em seu espírito, emitindo raios, despeço-me com saudades e com a consciência plena de que o amigo atingirá o sublime, onde há primavera constante, amor e paz dando-se as mãos, vida verdadeira e abundante
(*) Yêdda Pinheiro Borzacov, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, do Instituto de Pesquisa e Estudo “Dr. Ary Tupinambá Penna Pinheiro”, do Memorial Jorge Teixeira, da Academia de Letras de Rondônia e da Academia Militar 17ª Brigada de Infantaria de Selva

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