O passado cada dia mais presente
E aí, uma vez no poder, comporta-se diferente daquilo que prometeu ao eleitor durante a campanha eleitoral. Jesus Cristo fez um sermão revolucionário sobre esse assunto. Seria de bom alvitre que os traidores da consciência social se debruçassem sobre o assunto.
(*) Valdemir Caldas
Muitos dos que acorrem às urnas em 2018 o fizeram conscientes de que estavam colocando um fim na política do “é dando que se recebe” e do “Mateus, primeiro os meus”, dentre outras práticas condenais, que enxovalham a política e denigrem a imagem do Brasil, mas, pelo visto, a máquina do toma-lá-dá-cá continua operando em grande escala, ainda que de maneira silenciosa.
O mandato político não se coaduna com interesses eleitoreiros ou de grupos. Pelo contrário, o mandato político fundamenta-se na defesa do bem-estar social, na salvaguarda das instituições, e de tudo aquilo que representa a continuidade da vida nacional. É disso que os políticos precisam se transformar em verdadeiros interpretes.
Num país onde políticos inescrupulosos decidem num só dia aumentar seus elevados salários, enquanto a maioria da população vegeta na mais abjeta inanição, ou, então, renunciam o direito conquistado nas urnas de defender, inclusive com a própria vida, os interesses da população, em troca de sinecuras, para acomodarem parentes e cabos eleitorais, fica difícil acreditar que um dia conseguiremos sair do pântano de dificuldades no qual a incompetência nos lançou.
Isso é uma injustiça, para não dizer coisa pior. Essa gente foi eleita para defender o povo. E aí, uma vez no poder, comporta-se diferente daquilo que prometeu ao eleitor durante a campanha eleitoral. Jesus Cristo fez um sermão revolucionário sobre esse assunto. Seria de bom alvitre que os traidores da consciência social se debruçassem sobre o assunto.
Enquanto esse pessoal está cada vez mais sedento por nacos de poder, nas mais diferentes esferas da República, não importando os meios e instrumentos para alcança-los, pessoas estão morrendo nos corredores de unidades de saúde, crianças e adolescentes estão perdendo aula, o desemprego assume grande relevância na crise econômica em que o país está mergulhado. Nada disso, porém, parece incomodar a turma do fisiologismo, cada vez mais atuante na defesa de seus privilégios imorais e inconfessáveis.
Desde infância ouça dizer que o Brasil é o país do futuro. E poderia até sê-lo. Afinal, temos extraordinárias fontes de recursos minerais, solo fertilíssimo, áreas agriculturáveis, enfim, diversas alternativas, mas o que atrapalha, mesmo, é uma casta de políticos que o eleitorado, por ingenuidade ou má-fé, manda para as casas legislativas e os palácios da vida, que prefere trabalhar em benefício próprio e de grupos do que em proveito do país e da sua gente.
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