O ralo da corrupção

A corrupção é como um câncer, irradiando seus malefícios pela maldição da metástase para todo um corpo que vai sendo aos poucos tomado pelo vírus mortal

Por Valdemir Caldas
Publicada em 18 de dezembro de 2019 às 10:21

A corrupção é como um câncer, irradiando seus malefícios pela maldição da metástase para todo um corpo que vai sendo aos poucos tomado pelo vírus mortal. A corrupção avassala o organismo nacional, deixando em estado de atonia aqueles que ainda creem que a honradez, a honestidade e a correção das pessoas são as vias para a construção de um país saudável, digno dos seus filhos e netos.

Tornou-se impossível assistir ao noticiário de qualquer emissora ou acessar um jornal eletrônico, sem ler a enunciação de um novo escândalo envolvendo dinheiros públicos, facilitado por meio de recursos escabrosos para amigos da situação, abrangendo os mais diferentes órgãos da administração, nos três níveis de poder. É uma mutreta atrás da outra. Agora, mesmo, vem da Paraíba a informação de que recursos da saúde foram desviados para campanha politica, enquanto a população padece nos corredores dos hospitais, esperando atendimento.  É mole?

Isso sem falar na chamada pequena corrupção diária e frequente, do funcionário que não coloca o carimbo em um processo se não tiver a mão “esquentada” para a cervejinha no final de semana com os amigos, consciente de que nada lhe acontecerá, pois acredita que a impunidade virou bandeira. Que país, que Estado, que Município, estamos preparando para os que virão após a nossa passagem. Um país tão rico, mas tão pobre de decência, de dignidade, de amor ao próximo. Poucos são capazes do sacrifício pessoal pelo bem-estar da sua gente mais sofrida. Vigora a politica do “Mateus, primeiro os meus”, enquanto os outros que se danem, ressalvadas as pouquíssimas exceções. 

Não é sem motivo que muitos brasileiros mergulharam de cabeça na pior depressão psicológica. Ninguém acredita em mais nada. Essa história de prende e solta é de deixar todo mundo desesperançado. O tempo passa, o mundo se transforma, nações surgem e outras morrem, países se conflagram, regimes políticos desabam no pó, a modernidade avança em muitos pontos, enquanto permanecemos entregues a políticos e administradores corruptos, mergulhados numa estrutura podre, imobilizada pela prática de métodos e ações condenáveis à luz da ética, e muita gente acha isso a coisa mais natural. É o Brasil do “jeitinho”, da malandragem, da mutreta, da patifaria, com o dinheiro público escorrendo pelo ralo da corrupção.

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