Olímpiadas: Simone Biles brilha e dá lição de autocuidado com a saúde mental

A saúde mental precisa estar em dia, do contrário a performance do atleta estará comprometida

Fonte: Dra. Andréa Ladislau - Publicada em 31 de julho de 2024 às 15:54

Olímpiadas: Simone Biles brilha e dá lição de autocuidado com a saúde mental

A discussão sobre a saúde mental dos atletas e as cobranças por uma alta performance, veio à tona, novamente essa semana, com o início dos jogos olímpicos de Paris. Uma das ginastas mais populares do mundo, a norte-americana Simone Biles, retorna à competição, após um período de descanso para cuidar da saúde mental.

Quem não se lembra que em 2021, em plena Olímpiada do Japão, a atleta abandonou a final por equipes da ginástica artística, mesmo sendo uma das favoritas à medalha de outro, deixando em aberto sua presença na decisão? Naquele momento, diagnosticada com TDAH, Biles declarou:

“Eu apenas não queria continuar. Não houve lesão, mas sim um pouco de orgulho ferido por uma prova ruim e um tanto mais de cuidado com o meu emocional”.

A declaração de Biles só reforça que, não adianta estar 100% preparado fisicamente se a mente não estar equilibrada e saudável. A saúde mental precisa estar em dia, do contrário a performance do atleta estará comprometida.

"Estamos lindando com seres humanos e não máquinas preparadas apenas para conquistar títulos. Em uma competição é inevitável que a tensão e pressão atinjam níveis surreais para o atleta que vem se preparando a alguns anos para conquistar resultados positivos e levar medalhas para seu país", explica a psicanalista Andrea Ladislau.

Para Andrea, a grande questão é: será que estes atletas estão mesmo sendo preparados de forma adequada para esse turbilhão emocional que vai da euforia (quando a medalha chega) ou a frustração e tristeza (quando a medalha não vem)? Estão preparados para as perdas?

A especialista complementa que o emocional saudável do competidor também é fundamental para que, nos momentos mais decisivos, este consiga se sentir seguro e preparado psicologicamente para trabalhar questões internas que influenciam no seu alto rendimento e na performance esperada por todos.

"Neste rol de dores emocionais entram: a insegurança, o estresse, a ansiedade, a frustração, o pânico, a exaustão, os distúrbios alimentares, a insônia, as mudanças bruscas de humor, falta de autoconfiança, falta de autocontrole, falta de concentração, falta de motivação e a saudade pelo distanciamento da família, dos amigos e a geração infinita de expectativas, além do medo do monstro impiedoso do fracasso. Claro que, não podemos nos esquecer que, por sermos seres individuais, cada um irá reagir e responder de forma individualizada a cada desafio que for surgindo. Inclusive, alguns competidores até preferem vivenciar situações de pressão, por se sentirem ainda mais motivados, enquanto outros entendem que, tanto a pressão quanto a ansiedade, são grandes vilões do seu desempenho pessoal", explica.

A performance ideal do atleta, segundo especialistas do esporte e da saúde mental, passa por uma equação que contemple motivação, autoconfiança, autocontrole, concentração, foco e suporte emocional adequado para gerir emoções e administrar as frustrações, comuns em um ambiente competitivo.

Por este motivo, a psicanalista lembra que a preparação física deve andar de mãos dadas com a preparação mental, desde o primeiro momento em que o indivíduo opta por participar de eventos esportivos, para evitar adoecimentos psíquicos que suscitem sofrimento por ansiedade, surgimento de distúrbios alimentares, transtornos depressivos, transtornos de estresse pós-traumático, devastação da autoestima ou até mesmo pensamentos suicidas.

"Portanto, hoje vemos felizes, a ginasta brilhar na competição, após ouvir seu corpo e sua mente e obedecer a necessidade de cuidar de suas dores emocionais, não deixar passar despercebido. Que sirva de lição e exemplo para que outros percam o medo encarar doenças psíquicas e buscar autocuidado e orientação médica", afirma.

A conexão mente e físico e a valorização do modo de gerir emoções, estruturas mentais e comportamentais, é a mola mestra para uma compreensão correta da prevenção do adoecimento emocional do indivíduo, seja ele um competidor ou não.

"Afinal, por trás de cada atleta existe um indivíduo único que busca no esporte a superação de seus limites e a vitória como recompensa pelo seu desempenho, porém essa busca deve ser melhor trabalhada considerando a saúde mental de cada um", finaliza.  

Olímpiadas: Simone Biles brilha e dá lição de autocuidado com a saúde mental

A saúde mental precisa estar em dia, do contrário a performance do atleta estará comprometida

Dra. Andréa Ladislau
Publicada em 31 de julho de 2024 às 15:54
Olímpiadas: Simone Biles brilha e dá lição de autocuidado com a saúde mental

A discussão sobre a saúde mental dos atletas e as cobranças por uma alta performance, veio à tona, novamente essa semana, com o início dos jogos olímpicos de Paris. Uma das ginastas mais populares do mundo, a norte-americana Simone Biles, retorna à competição, após um período de descanso para cuidar da saúde mental.

Quem não se lembra que em 2021, em plena Olímpiada do Japão, a atleta abandonou a final por equipes da ginástica artística, mesmo sendo uma das favoritas à medalha de outro, deixando em aberto sua presença na decisão? Naquele momento, diagnosticada com TDAH, Biles declarou:

“Eu apenas não queria continuar. Não houve lesão, mas sim um pouco de orgulho ferido por uma prova ruim e um tanto mais de cuidado com o meu emocional”.

A declaração de Biles só reforça que, não adianta estar 100% preparado fisicamente se a mente não estar equilibrada e saudável. A saúde mental precisa estar em dia, do contrário a performance do atleta estará comprometida.

"Estamos lindando com seres humanos e não máquinas preparadas apenas para conquistar títulos. Em uma competição é inevitável que a tensão e pressão atinjam níveis surreais para o atleta que vem se preparando a alguns anos para conquistar resultados positivos e levar medalhas para seu país", explica a psicanalista Andrea Ladislau.

Para Andrea, a grande questão é: será que estes atletas estão mesmo sendo preparados de forma adequada para esse turbilhão emocional que vai da euforia (quando a medalha chega) ou a frustração e tristeza (quando a medalha não vem)? Estão preparados para as perdas?

A especialista complementa que o emocional saudável do competidor também é fundamental para que, nos momentos mais decisivos, este consiga se sentir seguro e preparado psicologicamente para trabalhar questões internas que influenciam no seu alto rendimento e na performance esperada por todos.

"Neste rol de dores emocionais entram: a insegurança, o estresse, a ansiedade, a frustração, o pânico, a exaustão, os distúrbios alimentares, a insônia, as mudanças bruscas de humor, falta de autoconfiança, falta de autocontrole, falta de concentração, falta de motivação e a saudade pelo distanciamento da família, dos amigos e a geração infinita de expectativas, além do medo do monstro impiedoso do fracasso. Claro que, não podemos nos esquecer que, por sermos seres individuais, cada um irá reagir e responder de forma individualizada a cada desafio que for surgindo. Inclusive, alguns competidores até preferem vivenciar situações de pressão, por se sentirem ainda mais motivados, enquanto outros entendem que, tanto a pressão quanto a ansiedade, são grandes vilões do seu desempenho pessoal", explica.

A performance ideal do atleta, segundo especialistas do esporte e da saúde mental, passa por uma equação que contemple motivação, autoconfiança, autocontrole, concentração, foco e suporte emocional adequado para gerir emoções e administrar as frustrações, comuns em um ambiente competitivo.

Por este motivo, a psicanalista lembra que a preparação física deve andar de mãos dadas com a preparação mental, desde o primeiro momento em que o indivíduo opta por participar de eventos esportivos, para evitar adoecimentos psíquicos que suscitem sofrimento por ansiedade, surgimento de distúrbios alimentares, transtornos depressivos, transtornos de estresse pós-traumático, devastação da autoestima ou até mesmo pensamentos suicidas.

"Portanto, hoje vemos felizes, a ginasta brilhar na competição, após ouvir seu corpo e sua mente e obedecer a necessidade de cuidar de suas dores emocionais, não deixar passar despercebido. Que sirva de lição e exemplo para que outros percam o medo encarar doenças psíquicas e buscar autocuidado e orientação médica", afirma.

A conexão mente e físico e a valorização do modo de gerir emoções, estruturas mentais e comportamentais, é a mola mestra para uma compreensão correta da prevenção do adoecimento emocional do indivíduo, seja ele um competidor ou não.

"Afinal, por trás de cada atleta existe um indivíduo único que busca no esporte a superação de seus limites e a vitória como recompensa pelo seu desempenho, porém essa busca deve ser melhor trabalhada considerando a saúde mental de cada um", finaliza.  

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