Parem o Brasil! Não podemos suportar tanto
"Está claro que Bolsonaro não está mais falando de eleições, que já sabe, estão perdidas para ele", escreve a colunista Denise Assis
Ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro (Foto: Mídia Ninja)
Meu Brasil varonil, pare! Há limites para fingir que as instituições estão funcionando. Não estão. Há limites para tolerar o intolerável. Fomos expostos no que há de mais constrangedor. Um presidente exibe para os representantes do mundo a sua ignorância, o seu fascismo, a fragilidade da nossa democracia, as nossas mazelas, a nossa incompetência em lidar com um déspota e o imobilismo dos nossos poderes e nada acontece? ´
É preciso, de uma vez por todas que nos organizemos em uma greve geral. Precisamos de alguma forma demonstrar que não temos sangue de barata, que estamos entendendo o que nos está sendo preparado. Um governante fala em “nós”, para demonstrar que dará um golpe caso não possa permanecer no poder para salvar a própria pele e a dos filhos, com o apoio das Forças Armadas e ninguém – nem STF, nem TSE nem as próprias Forças citadas – vêm a público para dizer que não concordam com tamanha ousadia e desfaçatez, e nós seguimos com a vida como se nada houvesse? Onde está o nosso brio? Onde está o nosso sentimento de pátria? Onde está o nosso espírito cívico? Onde está o nosso amor pelo país e pelo futuro dos nossos filhos e netos? Juram que não vamos fazer nada?
Já levamos esse jogo longe demais. Está claro que Bolsonaro não está mais falando de eleições, que já sabe, estão perdidas para ele. Agora ele entrou no modo “tudo ou nada”. O que ele está é preparando o terreno para negociações. Ou parte para uma renúncia com anistia para os seus crimes, ou negocia uma fuga consentida, com os familiares, ou fica e tenta melar o jogo com o seu exército de Brancaleone, de 46 milhões de armas nas mãos de civis, que não sabemos bem quem são, mas certamente fecham com ele, o patrono do “liberou geral”.
Não estamos vivendo tempos normais. Parem de brincar de faz de conta! Ou paramos agora com o país para chamar a atenção para a gravidade do momento, ou vamos enfrentar uma situação mais grave logo ali, na frente.
Fomos expostos. Agora o mundo sabe que temos um golpista na presidência disposto a qualquer coisa para não deixar o foro privilegiado a que tem direito como chefe da nação. É hora de um “paro” para freio de arrumação. Não podemos seguir num jogo de faz de contas. As eleições não são panaceia para todos os males. Ok. Conseguimos formar uma frente ampla de apoio, mas isso não é tudo. O momento é grave e não sabemos nem sequer os rumos dessa eleição. Precisamos dizer a esse senhor que estamos entendendo a sua jogada. Greve geral é um bom recado para esse governo que não tem limite nem nunca terá. Estamos entregues à própria sorte. Tomemos o destino em nossas mãos, ou seremos jogados em um cenário muito mais grave logo ali, antes das eleições – 7 de setembro - que estão sendo usadas por esse senhor desesperado, como moeda de troca para a sua liberdade e a dos seus filhos. Ele quer nos impingir o medo. Ele nos ameaça, deixando subentendido que pode “melar” o pleito. Não pode. Mas o melhor recado agora é: parem o Brasil! Não podemos suportar tanto.
Denise Assis
Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada". Membro do Jornalistas pela Democracia
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