Pediatras alertam para a prática de atividades físicas no pós-pandemia

Na publicação, a entidade destaca a necessidade de escolas, pais e cuidadores elaborarem um plano consistente de retorno aos exercícios, uma vez que eles são fundamentais para a manutenção da saúde a curto e longo prazo

Assessoria
Publicada em 22 de junho de 2020 às 13:28
Pediatras alertam para a prática de atividades físicas no pós-pandemia

Atenta aos efeitos do isolamento social no corpo de crianças e adolescentes, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta semana recomendações para orientar a prática de atividades físicas no mundo pós-quarentena. Na publicação, a entidade destaca a necessidade de escolas, pais e cuidadores elaborarem um plano consistente de retorno aos exercícios, uma vez que eles são fundamentais para a manutenção da saúde a curto e longo prazo.

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De acordo com o coordenador do Grupo de Trabalho sobre Atividade Física da SBP, dr. Ricardo do Rego Barros, crianças e adolescentes devem ter a possibilidade de praticar esportes e movimentar o corpo durante e depois da quarentena. No entanto, conforme salienta o especialista, atividades feitas de forma desregulada, após longo período de sedentarismo, podem desencadear efeitos agudos negativos sobre o organismo.

“A duração e a intensidade do exercício devem ser observadas, pois a atividade física tem efeitos relevantes sobre o sistema imunológico, inclusive com ação anti-inflamatória, fato especialmente importante nessa pandemia de COVID-19. Na prática, isso significa que exercícios moderados aumentam as defesas do organismo, ao passo que exercícios muito intensos podem causar imunossupressão. Estudos já demonstram que as infecções do trato respiratório superior podem aumentar em até seis vezes naqueles que realizam atividades muito intensas, quando comparados com indivíduos sedentários”, explica.

PLANO DE RETORNO – Na avaliação da SBP, o mundo tem observado duas pandemias: da COVID-19; e da diminuição considerável da prática de atividades físicas, sendo que o aumento do comportamento sedentário também tem sido impulsionado pelo uso cada vez mais frequente das tecnologias digitais.

“Idealmente, crianças e adolescentes deveriam acumular 60 minutos por dia de atividade física, de moderada a vigorosa. No entanto, muitas crianças passam o dia em frente à tela do celular ou computador. Nesse período de isolamento domiciliar, uma saída são as brincadeiras que podem ser realizadas em casa, de forma lúdica, como bambolê, cabra cega, amarelinha, pular corda, caminhar sobre corda no chão e tantas outras”, diz o dr. Ricardo do Rego Barros.

Segundo aponta a SBP, o espaço doméstico dos lares brasileiros, muitas vezes extremamente limitado, também pode apresentar-se como um fator restritivo, condicionando o corpo a um estado de sedentarismo.

Diante desse contexto e da possibilidade de flexibilização das medidas de isolamento social presentes atualmente debatidas na agenda política do País, a SBP disponibilizou as seguintes orientações, baseadas em evidências recentes da literatura médica:

PARA ESCOLAS

  • Elaborar um plano de volta às aulas presenciais que inclua precauções e cuidados específicos para a prática de atividades físicas;
  • Estar especialmente atenta às famílias menos assistidas e em situação de vulnerabilidade social visando auxiliar pais e cuidadores a manter seus filhos ativos e seguros;
  • Organizar o espaço escolar para evitar grandes grupos e o contato físico;
  • Propor cursos de formação continuada para professores e demais funcionários da escola sobre autocuidado e cuidado com o outro nos períodos de pandemia e pós-pandemia, incluindo as atividades físicas neste processo.

PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

  • Planejar as aulas de educação física escolar visando evitar/desencorajar a prática de esportes coletivos e atividades de contato corporal;
  • Desenvolver as práticas corporais ao ar livre ou em espaços mais arejados possíveis;
  • Para grande parte das pessoas, incluindo jovens, o isolamento domiciliar tem favorecido a diminuição do condicionamento físico. Este cenário precisa ser considerado no planejamento de aulas e práticas corporais em geral;
  • Propor, preferencialmente, atividades físicas de intensidade moderada visando potencializar a melhora do sistema imunológico a médio e longo prazo;
  • Atividades esportivas individuais como atletismo, jogos de raquete, karatê, skate e capoeira podem ser uma boa estratégia neste período, pois com poucas adaptações pode ser garantido o distanciamento físico entre os participantes;
  • Atividades de circuito também podem ser uma opção interessante;
  • Participar ativamente da construção de um plano de trabalho conjunto com toda a comunidade escolar de conscientização dos alunos para prática segura de atividades físicas neste período de pandemia. Propostas coletivas são fundamentais para aumentar a efetividade das ações.

PAIS E CUIDADORES

  • Enfatizar as medidas de isolamento e mínimo contato, principalmente em áreas comuns como parques, pracinhas e condomínios;
  • Promover a limpeza constante de brinquedos de uso frequente, em especial aqueles utilizados fora do domicílio e que tenham sido compartilhados com outras crianças;
  • Estimular uso de máscaras faciais de pano adequadas nas atividades ao ar livre;
  • Dar preferência a atividades ao ar livre em espaços amplos como praças e parques, priorizando contato com a natureza;
  • Evitar que seus filhos pratiquem atividades físicas em caso de apresentarem sintomas gripais ou respiratórios;
  • Dividir atividades domésticas com os filhos pode ser importante tanto para aumentar o nível de atividade física quanto para estreitar os laços e aumentar a cumplicidade familiar;

Confira todas as orientações da SBP a respeito da COVID-19 em https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/

 

 

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