Por que o governo autoritário ataca tanto a cultura?

"O ataque à cultura é um ataque estratégico que visa instaurar a barbárie para os pobres, enquanto os muito ricos continuam cada vez mais ricos", aponta

Marcia Tiburi
Publicada em 06 de maio de 2022 às 18:34

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(Foto: Isaac Nobrega / PR)

A cultura é um campo estratégico. Quem domina a cultura, domina a mentalidade de uma sociedade. Por isso, o capitalismo sempre pretendeu transformar-se ele mesmo em cultura. Mas ele evoluiu. Na verdade, de tempos em tempos, o capitalismo deixa cair a máscara. Um tipo específico de barbárie ligado ao encantamento das massas vem mostrar seu rosto. O seu nome é fascismo.

Em termos simples, estamos com o pé no abismo do totalitarismo do totalitarismo que é o fascismo. A morte violenta com o cancelamento do Estado - reservado mais uma vez aos ricos e usado pelos neoliberais como arma contra os pobres - está novamente em cena. Isso quer dizer que, ou as pessoas aderem à tendência dominante e se entregam ao fascismo reproduzindo os valores do capital nos moldes neoliberais em que vencedores e vencidos entram em guerra até não sobrar ninguém, e os mais fracos sempre são mortos sem ter sequer chance de lutar, ou passarão a ser atacadas e ameaçadas de morte até que sejam, de fato, mortas. Não sem antes serem chamados de « comunistas », expressão retórica que se tornou senha para a construção do inimigo, essencial ao caráter populista do fascismo. Isso porque o fascismo não admite nenhuma diferença. Pertencem ao espectro do que é chamado de comunismo todos aqueles que defendem direitos básicos como o direito à alimentação e a ao caráter genérico de uma vida digna (feministas, antirracistas, pessoas LGBTQIA+, indígenas inclusos). Quem não adere é tratado pelos fascistas como quem “não presta” e devem ser exterminados, não sem antes sofrer alguma forma de tortura. Atualmente, a tortura psíquica é lançada sobre a nação pelo rei do psicopoder e da hipnose, espantalho a serviço dos ricos e dos militares. Sem escrúpulos, sem respeito por seu país e por ninguém.

Se o capitalismo já era um totalitarismo, o fascismo é a estratégia para que ninguém duvide disso.

O ataque à cultura é um ataque estratégico que visa instaurar a barbárie para os pobres, enquanto os muito ricos continuam cada vez mais ricos. Os artistas, os produtores culturais, assim como intelectuais, professores e cientistas, são todos atacados com o mesmo objetivo, o de aniquilar as bases da sociedade. Sabemos que a cultura é a base da vida enquanto reino do comum a ser sempre reconstruído politicamente. 

Que a Lei Rouanet tenha sido vilipendiada e usada como objeto de difamação contra ela mesma e contra agentes da cultura, que a Lei Aldir Blanc tenha sido vetada pelo genocida, são provas da guerra híbrida vivida contra o Brasil. 

O ódio está sendo instrumentalizado há anos. Se ainda houver eleições, pois há ameaça de golpe contra a eleição, temos que votar no amor esperando poder acordar desse pesadelo vivido coletivamente. 

Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

Comentários

  • 1
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    Antonio Alves 07/05/2022

    É coisa de preguiçoso de mente, querem ganhar no grito, e contra fatos não há argumentos. É coisa de fascismo. Negam a ciência e se escondem no subjetivo religioso.

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