Prendam Bolsonaro enquanto é tempo

"Jair Bolsonaro está conectado à extrema direita internacional. O STF não pode correr o risco de deixá-lo se abrigar em embaixada aliada”, escreve Aquiles Lins

Fonte: Aquiles Lins - Publicada em 26 de março de 2024 às 15:30

Prendam Bolsonaro enquanto é tempo

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

O ex-presidente Jair Bolsonaro passou dois dias “hospedado” na embaixada da Hungria em Brasília. Oficialmente justificada com objetivo de “manter contatos com autoridades do país amigo”, a tentativa de fuga de Bolsonaro ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro. Em pleno carnaval, e quatro dias depois da Operação Tempus Veritatis, que apreendeu o passaporte do capitão da extrema direita. A Polícia Federal vai verificar se Bolsonaro violou alguma das restrições impostas pelo STF no âmbito do inquérito.

Chamado ao Itamaraty para esclarecer as circunstâncias da recepção de Bolsonaro em sua embaixada, o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, foi lacônico, desconversou, disse que receber pessoas na embaixada seria algo normal, (até mesmo em feriados como o do carnaval?), que faria parte das atribuições da representação húngara. Se obtivesse sinal verde do regime de Viktor Orban, Bolsonaro não poderia ser preso, uma vez que embaixadas estão legalmente fora da área de atuação das autoridades locais.

Um aspecto interessante foi que a divulgação da tentativa de fuga de Bolsonaro veio a público pelo jornal estadunidense New York Times. Um furo jornalístico que passou longe da mídia corporativa brasileira e, ao que parece, também da Polícia Federal. Isso adiciona um grau de preocupação para os que reivindicam a responsabilização penal do capitão. Afinal, se aparentemente Bolsonaro não conseguiu asilo na Hungria, ele tentou ou está tentando abrigo em embaixadas de outros países?

Pelas imagens divulgadas, pelas manifestações de sua defesa e dele próprio, e pela postura do embaixador húngaro diante do Itamaraty, está evidente que Jair Bolsonaro, depois de ter liderado uma tentativa de golpe em 8 de janeiro e atacado as instituições da democracia, busca desesperadamente uma rota de fuga. Os juristas que se manifestaram no Brasil 247 são unânimes em atestar que a tentativa de fuga da Justiça brasileira em embaixada estrangeira fundamenta uma determinação de prisão preventiva. Bolsonaro tem uma extensa lista de contas a acertar com a Justiça do Brasil, mas ao mesmo tempo está conectado à extrema-direita internacional. O STF não pode correr o risco de deixá-lo se abrigar em alguma embaixada aliada para adiar sua condenação e prisão

Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo.

125 artigos

Prendam Bolsonaro enquanto é tempo

"Jair Bolsonaro está conectado à extrema direita internacional. O STF não pode correr o risco de deixá-lo se abrigar em embaixada aliada”, escreve Aquiles Lins

Aquiles Lins
Publicada em 26 de março de 2024 às 15:30
Prendam Bolsonaro enquanto é tempo

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

O ex-presidente Jair Bolsonaro passou dois dias “hospedado” na embaixada da Hungria em Brasília. Oficialmente justificada com objetivo de “manter contatos com autoridades do país amigo”, a tentativa de fuga de Bolsonaro ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro. Em pleno carnaval, e quatro dias depois da Operação Tempus Veritatis, que apreendeu o passaporte do capitão da extrema direita. A Polícia Federal vai verificar se Bolsonaro violou alguma das restrições impostas pelo STF no âmbito do inquérito.

Chamado ao Itamaraty para esclarecer as circunstâncias da recepção de Bolsonaro em sua embaixada, o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, foi lacônico, desconversou, disse que receber pessoas na embaixada seria algo normal, (até mesmo em feriados como o do carnaval?), que faria parte das atribuições da representação húngara. Se obtivesse sinal verde do regime de Viktor Orban, Bolsonaro não poderia ser preso, uma vez que embaixadas estão legalmente fora da área de atuação das autoridades locais.

Um aspecto interessante foi que a divulgação da tentativa de fuga de Bolsonaro veio a público pelo jornal estadunidense New York Times. Um furo jornalístico que passou longe da mídia corporativa brasileira e, ao que parece, também da Polícia Federal. Isso adiciona um grau de preocupação para os que reivindicam a responsabilização penal do capitão. Afinal, se aparentemente Bolsonaro não conseguiu asilo na Hungria, ele tentou ou está tentando abrigo em embaixadas de outros países?

Pelas imagens divulgadas, pelas manifestações de sua defesa e dele próprio, e pela postura do embaixador húngaro diante do Itamaraty, está evidente que Jair Bolsonaro, depois de ter liderado uma tentativa de golpe em 8 de janeiro e atacado as instituições da democracia, busca desesperadamente uma rota de fuga. Os juristas que se manifestaram no Brasil 247 são unânimes em atestar que a tentativa de fuga da Justiça brasileira em embaixada estrangeira fundamenta uma determinação de prisão preventiva. Bolsonaro tem uma extensa lista de contas a acertar com a Justiça do Brasil, mas ao mesmo tempo está conectado à extrema-direita internacional. O STF não pode correr o risco de deixá-lo se abrigar em alguma embaixada aliada para adiar sua condenação e prisão

Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo.

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