Qualquer semelhança com as ações do extinto SNI, não é mera coincidência

E tanto não era que hoje já assistimos às ações desta rede país a fora, sobre os que se colocam no caminho da “famíglia”

Denise Assis
Publicada em 27 de maio de 2020 às 18:55
Qualquer semelhança com as ações do extinto SNI, não é mera coincidência

Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Em 24 de maio, dia da demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro, escrevi um artigo em que alertava:

“Não esperem os tanques. Eles não virão. Esta construção em marcha segue modelos que visam fortalecer as fileiras intermediárias das corporações, a fim de que lá adiante, se necessário, elas entrem em cena para conter qualquer “arroubo”. Bolsonaro prepara um golpe, sim, mas não o clássico. O que ele persegue requer o desmonte do Estado por dentro, tal como o conhecemos, e a reengenharia de um outro tipo de comando. Esta engloba a estrutura que deixou montada no Rio de Janeiro e tornou-se bastante conhecida do general Braga Neto, enquanto esteve à frente do estado como interventor. Não por acaso ele foi colocado como “presidente operacional”. 

O vídeo da reunião do dia 22 de maio – e ainda vamos falar muito dele – deixou claro que, sim, esta é a trilha seguida pelos que integram o desgoverno de Bolsonaro. A desmontagem do Estado tal como o conhecemos, e o funcionamento de uma Polícia Política tão ameaçadora quanto a estrutura coordenada por Filinto Müller, homem de confiança de Vargas e chefe de Polícia do Distrito Federal de 1933 a 1942, nos tempos de Getúlio Vargas do Estado Novo (1937 a 1946).

A Delegacia Especial de Segurança Política e Social (DESPS) foi criada em 10 de janeiro de 1933 pelo Decreto n° 22.332 com o objetivo de entrever e coibir comportamentos políticos divergentes, considerados capazes de comprometer “a ordem e a segurança pública”. Era diretamente subordinada à Chefia de Polícia do Distrito Federal e possuía uma tropa de elite, a Polícia Especial. Constavam de suas atribuições examinar publicações nacionais e estrangeiras e manter dossiês de todas as organizações políticas e indivíduos considerados suspeitos. (Fonte: CPDOC).

Qualquer semelhança com a estrutura do Serviço Nacional de Informações (SNI), e a idealizada e pretendida por Carlucho, o filho de Bolsonaro, em conluio com Alexandre Ramagem e o general Augusto Heleno – que também comentei no mesmo artigo -, não é mera coincidência. E tanto não era que hoje já assistimos às ações desta rede país a fora, sobre os que se colocam no caminho da “famíglia”.

Naquele dia, escrevi: “o próximo xerife da PF será Alexandre Ramagem, (o atual chefe da Abin), e este vem a ser o homem que juntamente com Carlucho minou a permanência do general Santos Cruz no cargo e, com total apoio do empijamado Augusto Heleno, estruturou o plano de criação de um gabinete de Inteligência dentro do Planalto. UM NOVO SNI. E Moro, certamente, não ignorava isto, ou fingiu não ver. O apoio de Augusto Heleno para a grande cartada de Bolsonaro tem uma razão maior de ser. O plano de juntar Gabinete de Segurança Institucional, mais a PF, transformando-a em um braço operacional do GSI fortalece a sua atuação”. 

Pelo andar da carruagem, e pelo que nos anuncia a “arauta da área de Segurança”, a deputada Carla Zambelli, o governador do Rio, Wilson Witzel (independente das implicações que venha a se comprovar sobre sua atuação nas compras do período de pandemia) nos evidenciam que, sim, está em curso a montagem do novo SNI, sob o patrocínio de Bolsonaro. Próximo passo, talvez seja baixar a censura nos meios de Comunicação, já expulsos pela agressividade de sua tropa, da porta do Alvorada. Local, aliás, impróprio e extra oficial para coletivas e entrevistas presidenciais.

Link para os que quiserem conferir o artigo anterior.

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