Queda de Moro salva Guedes
"A demissão do ministro da Justiça deu uma injeção de energia política no ministro da Economia. Jair Bolsonaro percebeu que, depois de Mandetta e Moro, a saída de mais um chutando o balde poderia apressar seu próprio fim"
(Foto: Agência Brasil)
Há três dias, ninguém dava nada pela permanência de Paulo Guedes no governo. Pressionado, sendo obrigado a executar uma política econômica na contramão de sua agenda liberal por causa da pandemia e, finalmente, atropelado pelo Plano Pró-Brasil do general Braga Netto – que, descobre-se agora, seria uma espécie de laranja do colega Rogério Marinho, do Desenvolvimento – Guedes já tinha sua queda precificada até pelo mercado. A demissão do ministro da Justiça, porém, deu uma injeção de energia política no ministro da Economia. Jair Bolsonaro percebeu que, depois de Mandetta e Moro, a saída de mais um chutando o balde poderia apressar seu próprio fim.
Daí a decisão do presidente de amanhecer o dia recebendo o ministro da Economia no Alvorada, fazendo-lhe agrados e dando entrevista para dizer que quem manda da economia é mesmo seu velho e bom Posto Ipiranga. Não ficou muito claro, na fala de presidente e ministro lado a lado, o que será feito de fato para a retomada da economia. Mas Guedes teve todo o espaço para dizer que a política econômica continuará a mesma no pós-pandemia – ou seja, a sua.
Se será mesmo assim, não se sabe. É muito provável que, seguindo a maré da enorme crise que assola o país, os desenvolvimentistas voltem com propostas de investimento público em obras e outros gastos – o que vai contra a cartilha de Guedes. Na prática, dificilmente essa cartilha será retomada em 2021, ano que ainda será atravessado pela recessão provocada pela pandemia. E todo mundo sabe que Bolsonaro, do fundo do coração, tende a ser mais simpático aos planos de Marinho e Braga Netto do que à austeridade de Guedes no período pré-eleitoral.
Tudo isso vale, é claro, dentro de condições que permitam a Bolsonaro permanecer no cargo. É um arranjo frágil, mas que por ora manterá as aparências no Posto Ipiranga, ainda que lhe falte combustível.
Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
Corrupção passiva privilegiada, um possível crime de Moro
"Este crime tem uma semelhança com o de prevaricação, mas é diferente. Parte do pressuposto de que o sujeito deixou de denunciar um ato ilegal de autoridade superior para auferir de sua proteção. Ou para agradar e garantir posição"
Weverton defende saída de Bolsonaro como único caminho para normalidade
O PDT e outros partidos entraram com um pedido de impeachment do presidente
Maia diz que prioridade da Câmara é votar medidas emergenciais
Para o presidente da Câmara, momento não é de polêmicas
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook