Quem tem apenas o ensino fundamental aceita menos tomar vacina do que as pessoas com ensino superior

Levantamento do SoU-Ciência e do Instituto Ideia mostra diferenças significativas nas taxas de imunização e nas percepções dos dois grupos sobre a vacinação contra a Covid-19 e outras enfermidades

Assessoria/Foto: Danilo Verpa/Folhapress
Publicada em 13 de setembro de 2023 às 11:30
Quem tem apenas o ensino fundamental aceita menos tomar vacina do que as pessoas com ensino superior

O nível de escolaridade está diretamente relacionado com o reconhecimento da importância de vacinas para combater a Covid-19 e outras enfermidades. Segundo levantamento do Centro de Estudos Sou_Ciência, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e do Instituto Ideia, 8,2% da população com mais de 18 anos, que completou o ensino fundamental, afirmou não ter tomado nenhuma dose do imunizante contra o coronavírus; o índice desce para 2,2% entre os que completaram o ensino superior. Em contraposição, 24,1% dos de nível superior tomaram a quinta dose (bivalente); entre os com o ensino fundamental, foram 13,4%.

O estudo “Pesquisa de Opinião Covid-19, Vacina e Justiça” ouviu 1.295 entrevistados, via telefone celular, de todas as regiões do país, com idade igual ou superior a 16 anos. As entrevistas foram feitas entre os dias 5 e 10 de julho, com intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 3%.

“As pessoas com menor tempo de escola são menos esclarecidas sobre aspectos da saúde, mais suscetíveis às fake news e, portanto, mais expostas a doenças”, analisa o professor da Unifesp Pedro Arantes, um dos coordenadores do trabalho. “Os dados desta pesquisa reforçam a necessidade de campanhas públicas mais vigorosas de incentivo à vacinação e, naturalmente, que se amplie o número de brasileiros que cheguem ao ensino superior”.

As diferenças nos níveis de escolaridade aparecem também nas motivações por terem tomado imunizantes contra a Covid. Na ordem de ensino fundamental e ensino superior, as respostas foram: sempre tomaram vacinas 41,7% e 56,3%; confiança na ciência e na tecnologia das vacinas 34,2% e 52,7%; confiança no SUS e na Anvisa 32,5% e 47%; acatar recomendação da Organização Mundial da Saúde 9,5% e 37,8%.

No campo de adesões às campanhas nacionais de vacinação como um todo, houve resposta afirmativa de 56,5% dos respondentes com ensino fundamental e 80,6% dos com ensino superior. E durante e após a pandemia aumentou o número de respondentes com ensino fundamental que desistiram de tomar vacinas: 14,6%. Esse índice é de 3% entre os com ensino superior. Isso se explica pela afirmação “as vacinas são experimentais e sem eficácia comprovada”, reprovada por 27,4% dos respondentes com ensino fundamental e 47,5% com o superior.

Críticas e sugestões ao governo federal - Os médicos receitaram o “kit covid” mais para respondentes com o ensino fundamental (65,6%) e menos para os com ensino superior (46,2%). Mesmo assim, os respondentes com ensino superior foram mais críticos à atuação do governo federal em relação às vítimas da Covid. Elas foram prejudicadas por falta de vacina ou atraso na vacinação (24% ensino fundamental; 40,8% ensino superior); má conduta do governo Bolsonaro (11,8% e 34,9%); falta de oxigênio e equipamentos necessários (14,1% e 27,8%); divulgação de informações enganosas (12,7% e 27,7%).

Providências do governo para prevenir ou reduzir a mortalidade numa próxima pandemia recebem apoio com ênfases diferentes entre os participantes na pesquisa com ensino fundamental e com ensino superior. Ampliar campanhas educativas: 21,6% (fundamental) e 45,4% (superior); combater fake news sobre vacina e tratamentos: 20,2% e 40,9%; melhorar a formação de profissionais de saúde: 24,6% e 42,2%; ampliar investimentos em ciência e pesquisa: 28,5% e 58,8%.

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