Nada como um dia depois do outro, embora, muitas vezes, vive-se uma vida inteira sem que o mal seja reconhecido como mal. As imensas injustiças, causadas pela desequilibrada e feroz opinião pública, baseada muitas vezes em teorias, Fake News, hipóteses, falsidades, se repetem dia a dia, neste Brasil que criminaliza e mata reputações, como se elas não valessem nada. Os exemplos são imensos. Se poderia escrever várias enciclopédias, para contar ao menos parte dos casos de personagens que tiveram suas vidas extirpadas, pelo terror da maledicência da plebe rude. Um destes exemplos, com cor local, envolveu o ex-senador Valdir Raupp, mas atingiu também sua esposa, a então deputada Marinha Raupp, sua família, seus amigos e seus admiradores. Num momento em que as denúncias contra políticos proliferavam, Raupp foi atingido em cheio por ter pretensamente, como presidente nacional do MDB, utilizado dinheiro de propina e não de doações de campanha. O valor chegava a cerca de 500 mil reais. O então senador e comandante nacional do maior partido político do país, sempre negou qualquer ilegalidade, reafirmando, claramente, que todos os valores recebidos e distribuídos, o foram de forma absolutamente dentro da legalidade e tiveram origem clara e legal. O conselho superior, mas ignaro da opinião pública, contudo, traduziu a questão sob seu prisma com viés doentio. Raupp foi então transformado num personagem que teria avançado sobre o dinheiro público. Sua defesa sempre foi ignorada.

Um homem público que decidiu grande parte da sua vida para ser porta-voz do seu Estado e da sua gente, no Congresso Nacional, foi sendo esmagado pela força de alguns poucos adversários. As redes sociais foram usadas para ataques duríssimos e covardes, espalhando à população sobre crimes que não existiam. Parte da mídia, ávida por destruir autoridades sob suspeita, sejam elas culpadas ou inocentes, também foram minando a biografia de Raupp, até praticamente destruí-la. A tal ponto que o senador, dono de quase 482 mil votos em 2010, quando foi eleito junto com Ivo Cassol, já em 2018, no auge dos ataques de que era vítima, quando concorreu novamente, teve pífios 82 mil votos, seis vezes menos do que há quatro anos atrás. Toda uma vida pública, todas as imensas ações feitas em defesa da sua terra; toda a sua história como Governador e depois como Senador, tudo isso foi jogado fora, graças ao pré-julgamento a a condenação a ele imputadas. Agora, tantos anos depois, o STF inocentou Valdir Raupp de todas as acusações. Finalmente, a verdadeira Justiça foi feita. Mas adianta? Ele conseguirá recuperar tudo o que perdeu? Receberá um pedido de perdão daqueles que espalharam todas as acusações mentirosas contra ele? A resposta para estas e outras perguntas neste sentido é, claramente, um sonoro não. A absolvição serve apenas para aliviar o espírito de um homem público, que teve sua reputação destruída pela irresponsabilidade. Não foi o primeiro e nem será o último, infelizmente!