O futebol brasileiro da década de 1990 foi repleta de figuras inesquecíveis, daquelas que ficarão marcadas para sempre na história do esporte. Edmundo, sem sombra de dúvidas, é um desses caras - um jogador que chamava atenção tanto dentro quanto fora de campo. Pensando nisso, iremos relembrar aqui a carreira deste atleta que ficou conhecido como o bad-boy do futebol. 

Edmundo: dá base à profissionalização 

Nascido em 2 de abril de 1971, na cidade de Niterói no Rio de Janeiro, Edmundo começou a sua história com o futebol nas categorias de base do Vasco. Por lá, atuou no sub-13 e sub-15. No entanto, logo após isso, foi transferido para o Botafogo, onde fez tanto o sub-17 quanto o sub-20. 

Antes de se profissionalizar, no entanto, Edmundo retornou para o seu primeiro clube e terminou as categorias de base no Vasco. Foi o Gigante da Colina, inclusive, que deu a ele a primeira chance enquanto jogador profissional. Em 1992, então, o jogador fez a sua primeira temporada no time principal - e que temporada, diga-se de passagem.

Com 21 anos de idade, Edmundo teve uma temporada de estreia invejável com a camisa do Vasco. São pouquíssimos os jogadores que conseguem fazer essa transição da base para o profissional de maneira tão fluida e eficaz, a ponto de chegar em seu primeiro ano no time principal como postulante à titularidade.

O fato de já ter mais de 20 anos de idade na época talvez tenha pesado a favor de Edmundo. Isso porque, em 1992, o jogador terminou o ano com nada mais nada menos do que 59 jogos com a camisa do Vasco e 19 gols marcados - uma média excelente para alguém que havia acabado de se profissionalizar.

A sorte (ou competência) foi tanta, que Edmundo chegou a levantar uma taça em seu primeiro ano como profissional. Em 1992, o jogador foi campeão do Campeonato Carioca com o Vasco - o primeiro título de sua carreira.

A primeira passagem de Edmundo pelo Palmeiras 

Um ano depois de ter feito uma excelente temporada pelo Vasco, o jovem Edmundo acabou sendo comprado pelo Palmeiras. Na época, o Verdão começava a viver uma de suas melhores, senão a melhor, fase de toda a sua história, a qual seria relembrada com muito carinho pelos torcedores até os dias de hoje.

Foi nos anos 1990 que o Palmeiras, para além do patrocínio crucial da Parmalat, revelou e contratou muitos bons e jovens jogadores. Isso fez com que o clube constantemente tivesse recursos para ir atrás de grandes potenciais no mercado da bola. Edmundo foi um desses - o qual contribuiu e muito para o sucesso.

Em sua primeira temporada pelo Palmeiras, em 1993, Edmundo fez nada mais nada menos do que 27 gols em 62 jogos disputados. Terminou o ano como campeão Brasileiro, do Campeonato Paulista e do Torneio Rio-São Paulo com a camisa do Verdão - uma excelente temporada de estreia.

No ano seguinte, o jogador fez menos partidas - mas ainda assim manteve uma ótima média com o Verdão. Foram 37 jogos na temporada de 1994 e 17 gols anotados, números que pouquíssimos jogadores conseguem sustentar nos dias de hoje. Resultado?  Mais um Campeonato Brasileiro e mais um Campeonato Paulista pra conta.

Em 1995, Edmundo jogou apenas metade da temporada pelo Palmeiras. No meio do ano, depois de 18 jogos e 15 gols (a melhor média do atleta até então) ele acabou sendo negociado com o Flamengo, que na época completava 100 anos de história e estava em busca de um elenco fenomenal. Isso teve - só não teve resultados.

A volta de Edmundo ao Rio de Janeiro 

Edmundo foi uma das principais contratações do Flamengo no ano de 1995. O clube, na época, buscava montar um elenco para fazer história, visto que estava em seu centenário e não gostaria de desperdiçar a chance. O bad-boy foi um dos nomes escolhidos pela diretoria - mas que não rendeu tanto quanto esperado.

Naquele ano, Edmundo formou um trio de muita habilidade no Flamengo ao lado de Romário e Sávio. O Baixinho, inclusive, ainda viria a ser por diversas vezes uma figura marcante na vida do Bad-Boy, em função de uma rixa que foi criada e alimentada pelos atletas ao longo dos anos.

Sendo assim, em 1995 Edmundo disputou 23 jogos pelo Flamengo e marcou 9 gols. Terminou o ano sem nenhum título e, na temporada seguinte, acabou sendo negociado com o Corinthians - uma das passagens menos lembradas do jogador, ainda que, nela, ele tenha marcado 23 gols em 33 partidas.

Já em 1996, Edmundo acabou retornando para o time que o revelou ao mundo. Depois de quatro anos e três clubes diferentes, o jogador voltou a vestir a camisa do Vasco. Por lá, viveu alguns de seus anos mais marcantes enquanto jogador profissional. Na temporada de retorno, foram 21 jogos e 11 gols.

Já em 1997, foram nada mais nada menos do que incríveis 42 gols em 51 partidas disputadas - a temporada mais artilheira de toda a carreira de Edmundo. Como resultado, o jogador foi campeão do Campeonato Brasileiro pela terceira vez - isso ainda relativamente jovem para o mundo do futebol.

As duas passagens de Edmundo pela Europa 

Em toda a sua carreira, Edmundo teve duas passagens pelo futebol europeu. A primeira foi logo após o título do Brasileirão com o Vasco. Em 1997, o jogador havia não apenas vencido o Campeonato Brasileiro como também a Copa América com a Seleção. Sendo assim, acabou chamando a atenção da Fiorentina, da Itália.

Edmundo foi contratado pela Fiorentina e jogou por cerca de um ano e meio. Na primeira temporada, fez 10 jogos e 4 gols pelo clube italiano. Na segunda, foram 38 partidas e 12 gols anotados. Ele estava bem por lá, mas acabou sendo contratado pelo Vasco em 1999, que desejava ter o jogador de volta. 

Edmundo então retornou para o Vasco, venceu o Torneio Rio-São Paulo e ficou mais um ano e meio no clube carioca. Em 2000, acabou sendo emprestado para o Santos, onde também teve uma boa passagem em números de gols: 13 em 20 jogos disputados. Logo, no entanto, retornaria para a Europa.

A segunda e última passagem de Edmundo pelo futebol europeu foi em 2001, quando o jogador foi emprestado pelo Santos ao Napoli, também da Itália. Foi uma breve “passeada” pelo país italiano, visto que o jogador atuou em apenas 17 jogos e, depois retornou ao Brasil para vestir a camisa do Cruzeiro.

Depois de alguns jogos com o Cruzeiro, Edmundo ainda iria se aventurar no futebol do Japão. Em 2001 e 2002, o jogador atuou pelo Tokyo Verdy e, em 2003, por um breve período de tempo, jogou no Urawa Reds. 

Edmundo volta ao futebol brasileiro para ficar 

Em 2003, Edmundo retornou ao futebol brasileiro - dessa vez para ficar. Jogou mais uma vez no Vasco, ano em que conquistou o seu último título pelo clube: o Campeonato Carioca. Depois disso, o bad-boy ainda passaria por mais diversos times antes de se aposentar oficialmente. 

Edmundo jogou no Fluminense, Nova Iguaçu, Figueirense, Palmeiras e, em 2008, retornou para o Vasco para se aposentar. Engana-se quem pensa que, como muitos jogadores, foi um “peso-morto” no ano de sua aposentadoria. Pelo contrário, marcou simplesmente 24 gols em 44 jogos pelo clube naquela que seria a sua última temporada como profissional.